Uma comissão de senadores brasileiros embarcou nesta sexta-feira (25) para os Estados Unidos em uma tentativa emergencial de abrir canais de diálogo sobre o “tarifaço” anunciado por Donald Trump, que pode entrar em vigor já em 1º de agosto. O grupo, liderado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), enfrenta um cenário de tensão diplomática, resistência política e desarticulação interna, inclusive com boicotes de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O objetivo da missão é tentar ao menos adiar a adoção das novas tarifas comerciais impostas ao Brasil e buscar reabrir negociações que estão paralisadas. No entanto, segundo interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que estão em Nova York, Donald Trump, ainda não autorizou nenhum contato formal de sua equipe com representantes do Brasil.
A declaração do presidente Lula, feita nesta quinta-feira (24), reforça o clima de incerteza: “Trump não quer negociar”. O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, que também está nos EUA em agenda na ONU, compartilhou a mesma percepção com pessoas próximas, dizendo ter ouvido que “tudo está centralizado em Trump e ninguém tem coragem de desafiá-lo”.
Apesar disso, o vice-presidente Geraldo Alckmin revelou que manteve uma conversa telefônica com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no último sábado (19), com duração de cerca de 50 minutos. O teor da conversa não foi divulgado. Segundo Alckmin, as tratativas continuam em nível técnico, mas há um bloqueio político evidente vindo da Casa Branca.
Mesmo diante do impasse, o senador Nelsinho Trad defende a mobilização presencial. “Queremos esclarecer o que o governo americano exatamente quer negociar. Como eles não retomaram oficialmente as negociações, ninguém sabe os limites de Trump, se é algo político, ligado a Bolsonaro, ou à nova moeda dos Brics, ou ao Irã”, afirmou.
Boicote interno e lobby contra o Brasil
O ambiente de tensão não se restringe ao campo diplomático. A comitiva brasileira ainda enfrenta uma ofensiva liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo blogueiro Paulo Figueiredo, aliados de Trump e do bolsonarismo nos EUA. Ambos estariam atuando para sabotar os encontros da delegação brasileira, tentando inclusive impedir reuniões no Capitólio ou com integrantes da equipe de transição do governo norte-americano.
Apesar disso, a agenda da comissão segue mantida. No domingo (27), os senadores iniciam os primeiros compromissos oficiais. Na segunda-feira (28), serão recebidos na embaixada do Brasil em Washington e terão uma reunião com empresários da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil). Já na terça-feira (29), o grupo segue para o Capitólio, onde tentará reuniões com parlamentares dos EUA.
*Com informações do Blog do Valdo Cruz/g1
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