“Me mandaram procurar Irapoã”: o depoimento que expõe a coação política dentro da Prefeitura de Natal

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Ex-funcionário terceirizado detalha como perdeu o emprego após se recusar a apoiar candidatos do grupo de Álvaro Dias

No conjunto de provas reunidas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias, um depoimento chama atenção pela clareza e pelo nível de detalhamento: o relato de R.A.S., ex-funcionário terceirizado da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), contratado por meio da empresa Zelo Recursos Humanos Ltda.

Segundo R.A.S., a decisão de sua demissão não partiu da empresa, mas de lideranças políticas ligadas ao ex-prefeito.

Demissão “de cima”

Após ser dispensado de suas funções, R.A.S. procurou Gilmar Sales, responsável pela gestão de pessoal na Zelo, para entender os motivos da demissão. A resposta que ouviu foi direta:

“A ordem veio de cima. Vá procurar Irapoã.”

A orientação para buscar esclarecimentos com Irapoã Nóbrega, então secretário municipal e candidato a vereador apoiado por Álvaro Dias, soou absurda para o servidor: “Nunca tive contato com ele, nem motivo para procurar um secretário para saber porque fui demitido de uma empresa terceirizada.”

R.A.S. relatou ainda que não foi o único a sofrer pressões: outros colegas também viveram situações semelhantes, mas evitaram denunciar por medo de represálias.

Pressão por apoio político

Segundo o depoimento, era comum que servidores terceirizados fossem convocados para reuniões individuais, nas quais eram questionados sobre seu posicionamento político. O objetivo era claro: identificar quem estava com o grupo do prefeito e quem poderia ser demitido.

Durante o período eleitoral, atos de campanha eram realizados dentro das dependências da Prefeitura. Os terceirizados recebiam camisetas, material de campanha e eram instruídos a participar de caminhadas e eventos políticos.

Além disso, havia a exigência velada para que postassem apoio nas redes sociais, com registros públicos de engajamento.

Perseguição interna: o caso da CIPA

O episódio mais simbólico da tentativa de cerceamento político veio quando R.A.S. decidiu disputar uma vaga na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), um processo eleitoral interno, previsto em lei.

R.A.S. afirma que, ao saber de sua candidatura, Irapoã Nóbrega teria feito ameaças veladas a outros servidores, advertindo que “quem votasse nele, perderia o emprego”.

“Eu saí candidato à CIPA. E o Irapoã falou que quem votasse em mim, cabeças iam rolar. Ele disse exatamente assim: cabeças iam rolar.”

Segundo o ex-funcionário, a campanha contra sua candidatura foi articulada entre a Semsur e a gestão da Zelo.

Um exemplo entre muitos

O depoimento de R.A.S. integra um conjunto maior de provas reunidas pelo MPE, que incluem:

  • Áudios com ameaças e orientações políticas
  • Documentos internos da Prefeitura e da Zelo
  • Planilhas com indicação dos “padrinhos políticos” de cada servidor
  • Mensagens em aplicativos com determinações de participação em atos de campanha
  • Relatos de outros trabalhadores terceirizados

O Ministério Público Eleitoral considera que o caso de R.A.S. ilustra o padrão de coação sistemática que marcou a gestão de Álvaro Dias durante o período eleitoral.



“Me mandaram procurar Irapoã”: o depoimento que expõe a coação política dentro da Prefeitura de Natal

Ex-funcionário terceirizado detalha como perdeu o emprego após se recusar a apoiar candidatos do grupo de Álvaro Dias

No conjunto de provas reunidas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias, um depoimento chama atenção pela clareza e pelo nível de detalhamento: o relato de R.A.S., ex-funcionário terceirizado da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), contratado por meio da empresa Zelo Recursos Humanos Ltda.

Segundo R.A.S., a decisão de sua demissão não partiu da empresa, mas de lideranças políticas ligadas ao ex-prefeito.

Demissão “de cima”

Após ser dispensado de suas funções, R.A.S. procurou Gilmar Sales, responsável pela gestão de pessoal na Zelo, para entender os motivos da demissão. A resposta que ouviu foi direta:

“A ordem veio de cima. Vá procurar Irapoã.”

A orientação para buscar esclarecimentos com Irapoã Nóbrega, então secretário municipal e candidato a vereador apoiado por Álvaro Dias, soou absurda para o servidor: “Nunca tive contato com ele, nem motivo para procurar um secretário para saber porque fui demitido de uma empresa terceirizada.”

R.A.S. relatou ainda que não foi o único a sofrer pressões: outros colegas também viveram situações semelhantes, mas evitaram denunciar por medo de represálias.

Pressão por apoio político

Segundo o depoimento, era comum que servidores terceirizados fossem convocados para reuniões individuais, nas quais eram questionados sobre seu posicionamento político. O objetivo era claro: identificar quem estava com o grupo do prefeito e quem poderia ser demitido.

Durante o período eleitoral, atos de campanha eram realizados dentro das dependências da Prefeitura. Os terceirizados recebiam camisetas, material de campanha e eram instruídos a participar de caminhadas e eventos políticos.

Além disso, havia a exigência velada para que postassem apoio nas redes sociais, com registros públicos de engajamento.

Perseguição interna: o caso da CIPA

O episódio mais simbólico da tentativa de cerceamento político veio quando R.A.S. decidiu disputar uma vaga na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), um processo eleitoral interno, previsto em lei.

R.A.S. afirma que, ao saber de sua candidatura, Irapoã Nóbrega teria feito ameaças veladas a outros servidores, advertindo que “quem votasse nele, perderia o emprego”.

“Eu saí candidato à CIPA. E o Irapoã falou que quem votasse em mim, cabeças iam rolar. Ele disse exatamente assim: cabeças iam rolar.”

Segundo o ex-funcionário, a campanha contra sua candidatura foi articulada entre a Semsur e a gestão da Zelo.

Um exemplo entre muitos

O depoimento de R.A.S. integra um conjunto maior de provas reunidas pelo MPE, que incluem:

  • Áudios com ameaças e orientações políticas
  • Documentos internos da Prefeitura e da Zelo
  • Planilhas com indicação dos “padrinhos políticos” de cada servidor
  • Mensagens em aplicativos com determinações de participação em atos de campanha
  • Relatos de outros trabalhadores terceirizados

O Ministério Público Eleitoral considera que o caso de R.A.S. ilustra o padrão de coação sistemática que marcou a gestão de Álvaro Dias durante o período eleitoral.


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