Na manhã desta terça-feira (5), mães de crianças com necessidades especiais protestaram em Natal contra a suspensão do Programa de Acessibilidade Especial Porta a Porta (Prae), que oferece transporte para pacientes até os locais de tratamento na capital potiguar. A medida, anunciada de surpresa aos familiares na última segunda-feira (4), deixou dezenas de famílias em situação de incerteza e preocupação.
O Prae é essencial para o transporte de crianças que precisam de tratamentos intensivos e contínuos. Segundo as mães, os motoristas informaram que não poderiam mais realizar o atendimento, deixando muitas famílias sem alternativas para garantir o acesso dos filhos aos tratamentos. Maria do Carmo, de 49 anos, mãe de uma adolescente de 14 anos com hidrocefalia e outras condições de saúde, contou que a notícia foi um choque, já que sua filha depende do transporte para realizar as terapias diárias.
“Não tiveram nem a responsabilidade de avisar diretamente. Ficamos sabendo pelos motoristas, que ficaram com pena e nos contaram. Antes, eram 20 carros para o serviço; agora só restam três, que não atendem toda a demanda. Esse transporte é vital para a qualidade de vida da minha filha”, afirmou Maria.
Para famílias de baixa renda, como destacou Maria, a interrupção do serviço representa um impacto financeiro insustentável. “A gente vive com o BPC das crianças, e não temos condições de arcar com transporte particular. Além disso, enfrentamos preconceito, pois alguns motoristas de aplicativo recusam transportar pessoas com deficiência”, lamentou.
Adriana Carvalho, de 51 anos, outra mãe que participou do protesto, reclamou da falta de informação e da maneira abrupta como o serviço foi suspenso. “É mais uma luta. Como essas crianças vão para a terapia agora? Terapia para elas é vida, e para nós, mães, é saúde mental. Isso tira nosso sono, sofremos demais. Precisamos de acolhimento, sensibilidade, empatia. Ninguém suspende um serviço assim,” desabafou Adriana.
Até a última atualização da reportagem, a Secretaria de Saúde Pública de Natal não havia informado o motivo da suspensão do Prae.
Com informações do g1