Foi nos corredores da Escola Municipal Professor Manoel Assis, no centro de Mossoró, bairro Doze Anos, que a Lume da Fogueira nasceu. Uma das mais importantes quadrilhas juninas do estado e do Nordeste surgiu na categoria escolar, no ano de 1998, como quadrilha tradicional.
Rabo de Palha, foi com esse nome que a Lume nasceu. A professora Liana Duarte, uma das fundadoras da quadrilha, foi uma figura de grande importância para o crescimento da Lume. O ambiente escolar fez com que a agremiação envolvesse a Escola Manoel Assis para levar adiante o projeto que engatinhava seus primeiros passos.
Associação Cultural e Esportiva Lume (ACEL), é a denominação oficial do institucional da Lume da Fogueira.
No seu alvorecer, a então denominada Rabo de Palha, tinha como objetivo fazer com que os alunos tivessem contato com as tradições juninas, Joseneide Oliveira, uma das fundadoras da Lume, fala dessa intenção, “o que se queria era que os alunos respeitassem as tradições e os valores do São João, com o senso de pertencimento, orgulho e espírito de equipe.”
O ano de 2002 marca a mudança de estilo da Lume, momento no qual a agremiação passa a ser estilizada. Sua 1ª competição na categoria estilizado adulto no Mossoró Cidade Junina ocorre em 2006, oportunidade na qual a companhia se transforma em quadrilha de bairro.
Ao longo de seus 25 anos, o grupo não venceu em Mossoró somente em duas ocasiões, 2007, e 2012, quando não houve concurso. De categoria tradicional escolar, passando para estilizada escolar, até chegar ao patamar de estilizada de bairro, a Lume foi um verdadeiro rolo compressor no cenário junino mossoroense.
Sagrou-se campeã em disputas nos municípios de Pau dos Ferros, Cruzeta, Patu, Apodi, Currais Novos, Macau, Assú e Monte Alegre.
A Lume é a atual campeã do Festival de Quadrilhas Juninas da Inter TV Cabugi, a maior vencedora do certame, com 5 títulos. É a atual campeã do Festival Interestadual de Quadrilhas Juninas e do Festival de Quadrilhas Juninas de Natal.
Márcia Léo, que desde o início está na agremiação, fala da influência da quadrilha para o São João mossoroense, “a Lume trouxe para Mossoró um impacto positivo por todo o seu trabalho cultural, pois a cada degrau que subíamos no mundo junino, ela conquistava o seu lugar, por mérito de cada um que por lá passava, sendo hoje uma das maiores referências juninas do Brasil.”
Centro de um cenário junino já efervescente, Mossoró passa por um contexto delicado. As principais quadrilhas que marcaram a cena junina da cidade foram extintas. A Lume se mantém viva como ACEL, no entanto, não disputará nenhum concurso este ano.
Márcia fala da escassez de quadrilhas, “é uma triste realidade para a cultura junina da cidade. Na maioria dos casos, a falta de incentivo público e privado impulsiona a desistência de tantos grupos juninos. Captar recursos para manter uma quadrilha não é tarefa fácil para quem está à frente de um grupo.”
A história de uma quadrilha se faz pelas mãos, e pés, de diversas pessoas. Joseneide fala de quem marcou e ajudou a alavancar a Lume, “sempre tivemos rainha belíssimas, e Leninha Leal é um ícone no meio junino. Nielson e Luana marcaram como casal de noivos, como os donos da festa. Hoje na Lume temos o Abraão Morais como representante legal e coreógrafo, e a equipe se divide nas comissões de adereços. A torcida da Lume, um show à parte, é comandada por Lunardo Miguel. Não podemos deixar de falar de dois componentes que foram fundamentais, Thiago e Márcia, que estão na equipe desde a fundação até os dias de hoje.”
A Lume teve alguns anos de pausa em certames juninos, mas continuou desenvolvendo suas atividades em outros segmentos culturais como a Associação Cultural que é.
A companhia já marcou presença nos grandes espetáculos de Mossoró, Auto da Liberdade, Oratório de Santa Luzia e Chuva de Bala no País de Mossoró, além de ministrar cursos em escolas.
Sobre a escassez de quadrilhas na maior competição do São João de Mossoró, a categoria estilizado adulto, Joseneide vai no mesmo sentido da fala de Márcia, “a falta de quadrilhas estilizadas se dá pelo baixo incentivo do poder público, e das empresas privadas, que poderiam contribuir com a melhoria da cultura local. E infelizmente a cultura junina é a mais descriminalizada de todas.”
Sobre a possível volta da Lume no São João do próximo ano, Joseneide deixa uma possível brecha, “2025 é logo ali.”
Certamente a volta de uma das maiores companhias juninas do Rio Grande do Norte seria uma contribuição ímpar para a cultura artístico-junina do Nordeste.