O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais é celebrado em 28 de julho e, por isso, durante todo o mês é realizada a campanha Julho Amarelo, em busca de conscientizar sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites virais.
Assim, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio do Programa Estadual de IST/Aids e Hepatites Virais, recomenda que os municípios intensifiquem as ações de enfrentamento às hepatites, ao longo deste mês, com destaque para a oferta de testes rápidos (Hepatites B e C), a vacinação contra a hepatite A (para as faixas etárias preconizadas pelo Ministério da Saúde), a imunização contra a hepatite B (para todas as faixas etárias) e a orientação ao uso de preservativos.
Em alusão ao Julho Amarelo, o Hospital Giselda Trigueiro (HGT), em Natal, e o Rafael Fernandes, em Mossoró, irão reforçar as ações educativas junto à população, com o objetivo de combater a doença no Rio Grande do Norte. Ambas as unidades compõem os serviços de referência para o tratamento das hepatites virais no RN, juntamente com o Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal.
O HGT, na manhã desta segunda-feira (07), realizará uma exposição dialogada na sala de espera do Instituto de Medicina Tropical (IMT), com entrega de panfletos trazendo orientações sobre o tema. Já no próximo dia 17, haverá uma roda de conversa sobre hepatites virais com os trabalhadores da unidade, tendo como facilitador o médico infectologista do HGT, Igor Thiago Queiroz, no auditório do 2º andar do hospital. Em 21 de julho, será intensificada a testagem para hepatites B e C junto ao público, na sala de coleta de exames e, por fim, em 28 de julho será realizado o Dia “D” no HGT/ IMT, com acolhimento dos pacientes e trabalhadores, seguido de exposição dialogada na sala de espera.
O infectologista Igor Thiago Queiroz ressalta a importância da prevenção às hepatites virais: “Nem sempre a doença apresenta sintomas, como olho amarelado, náusea e vômitos, que levam à procura por atendimento médico. Em alguns momentos, as hepatites são silenciosas, em sua forma crônica, e só são descobertas por meio de exames sorológicos e testes rápidos disponíveis nas unidades de saúde do estado e municípios. É importante fazer o teste e, em caso positivo, iniciar o tratamento. Para hepatites virais, o diagnóstico é a melhor prevenção”, destacou.
Sintomas, diagnóstico e tratamento
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada principalmente por vírus, pelo uso de alguns medicamentos, excesso de álcool e outras drogas. Na maioria das vezes, as hepatites não apresentam sintomas, mas, quando presentes, podem incluir dor de cabeça, mal-estar, náuseas, vômitos, icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), urina escura e fezes claras. As hepatites virais mais frequentes são causadas pelos vírus A, B, C, D e E, sendo as mais comuns no Brasil as causadas pelos vírus A, B e C.
Para prevenir as hepatites A, B e C, é fundamental adotar algumas medidas de proteção. A vacinação é a principal forma de prevenção contra as hepatites A e B, sendo as vacinas disponíveis gratuitamente nas unidades básicas de saúde. Para evitar a hepatite A, recomenda-se também lavar as mãos frequentemente, especialmente antes de refeições e após usar o banheiro, além de consumir alimentos e água de fontes seguras. No caso das hepatites B e C, é importante não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e escovas de dentes, e utilizar preservativos em todas as relações sexuais. Além disso, são recomendados cuidados ao realizar procedimentos que envolvam sangue, como usar serviços de manicure (a pessoa deve preferencialmente levar seu próprio alicate), fazer tatuagens e piercings, garantindo a esterilização adequada dos equipamentos.
O Sistema Único de Saúde oferece tratamento para todos os tipos de hepatites virais. Testes para detectar a infecção pelos vírus B ou C estão disponíveis para toda a população. É recomendado que todas as pessoas sejam testadas pelo menos uma vez na vida, e que populações mais vulneráveis sejam testadas periodicamente. O diagnóstico das hepatites A, D e E é feito por meio de coleta de sangue, enquanto as hepatites B e C podem ser diagnosticadas por testes rápidos, realizados nas unidades de saúde. Já o tratamento ocorre nos serviços de atendimento especializado (SAE) e nos três serviços de referência no estado: hospitais Giselda Trigueiro e o Universitário Onofre Lopes, em Natal, e Rafael Fernandes, em Mossoró. Casos de hepatite A são acompanhados na Atenção Primária à Saúde.
Cenário Epidemiológico
De acordo com o último Boletim Epidemiológico divulgado pela Sesap, por meio do Programa Estadual de IST, AIDS e Hepatites Virais, o Rio Grande do Norte, entre 2014 e 2024, apresentou 2.150 casos confirmados de hepatites virais, sendo 194 (9%) de hepatite A, 668 (31,1%) de hepatite B, 1.270 (59,1%) de hepatite C e 18 (0,8%) casos com mais de uma etiologia. Nesse período, houve uma redução de 66,6% na identificação de casos de hepatite A, mas verificou-se um crescimento de 16,5% nos casos de hepatite B e de 43,6% no registro de casos de hepatite C.
Em 2024, foram notificados 260 casos de hepatites virais. Quando comparado ao ano anterior, observa-se um aumento de 31,4% no registro de casos confirmados. Já entre janeiro e abril de 2025, foram identificados 69 casos, mostrando uma redução de 24,1% em comparação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 91 casos da doença.
De acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), entre 2014 e 2024, foram identificados, no estado, 180 óbitos por causas básicas e associadas às hepatites virais. A maioria dos óbitos (54,4%) foram associados à hepatite C.
Em 2024, foram registrados 13 óbitos relacionados às hepatites virais, mostrando um aumento de 30% em comparação ao ano de 2023. Já entre os meses de janeiro a abril de 2025, ocorreram três óbitos por hepatites virais, quantitativo semelhante ao identificado no mesmo período de 2024.
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