José Antonio Kast vence eleição presidencial de lavada e confirma guinada à direita no Chile







José Antonio Kast vence eleição presidencial de lavada e confirma guinada à direita no Chile







José Antonio Kast, líder da direita chilena frequentemente apelidado de “Bolsonaro chileno”, foi eleito neste domingo (14) presidente do Chile, confirmando o favoritismo apontado pelas pesquisas. Com 95% dos votos apurados, Kast obteve cerca de 58% dos votos, derrotando a candidata comunista Jeannette Jara, que alcançou 41%. A eleição marcou a primeira vez em que o voto foi obrigatório no país, ampliando significativamente o número de eleitores nas urnas.

Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho do governo de Gabriel Boric e representante de uma ampla coalizão da esquerda e do centro-esquerda, reconheceu a derrota ainda na noite da apuração. Em mensagem publicada nas redes sociais, afirmou que “a democracia falou alto e claro” e desejou sucesso ao presidente eleito “para o bem do Chile”.

A vitória de Kast foi impulsionada, em grande medida, pela transferência de votos de candidatos de direita derrotados no primeiro turno. Ele contou com o apoio explícito do libertário Johannes Kaiser e de Evelyn Matthei, nome tradicional da direita chilena. Outro fator decisivo foi o comportamento dos mais de cinco milhões de eleitores obrigados a votar pela primeira vez, um contingente que gerava incerteza e acabou favorecendo o discurso de segurança e ordem defendido pelo vencedor.

Concorrendo pela terceira vez à presidência, Kast apresentou uma plataforma centrada no combate duro ao crime, no controle da imigração ilegal e na redução dos gastos públicos. Advogado de formação e fundador do Partido Republicano, ele se consolidou como principal expoente da direita chilena e simboliza uma guinada política após quatro anos de governo de esquerda sob Gabriel Boric. O próprio Boric reconheceu a vitória do adversário em telefonema protocolar, afirmando que Kast obteve uma vitória clara.

Kast tomará posse em 11 de março de 2026. Nascido há 59 anos em Paine, na região metropolitana de Santiago, ele é o caçula de dez filhos de um casal de imigrantes alemães que chegou ao Chile após a Segunda Guerra Mundial. O passado de seu pai, Michael Kast, gerou controvérsias ao longo da carreira política do presidente eleito, após investigações jornalísticas apontarem possível vínculo com o partido nazista, fato que Kast sempre relativizou ou negou.

Casado com a advogada María Pía Adriasola e pai de nove filhos, Kast é próximo de movimentos católicos conservadores e rejeita o rótulo de “extrema-direita”. Ainda assim, suas declarações em defesa do regime militar de Augusto Pinochet e sua crítica às políticas de direitos humanos continuam sendo pontos sensíveis e alvo de forte oposição.

A eleição expôs o profundo antagonismo entre projetos de país e sinaliza um novo capítulo na política chilena, com expectativas e tensões sobre os rumos que o governo Kast imprimirá ao país nos próximos anos.


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