A insatisfação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com ataques de parlamentares bolsonaristas deve dificultar a tramitação de projetos de interesse do grupo, como a PEC da Blindagem e a proposta de anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. De acordo com interlocutores de Alcolumbre, sua paciência se esgotou após uma série de pressões e ataques públicos, e ele não pretende priorizar pautas de um grupo político específico.

Em reunião com líderes partidários, Alcolumbre destacou que, desde sua eleição para a presidência da Casa, defendeu a priorização de projetos com impacto direto na população, em vez de temas como impeachment de ministros do STF, anistia a condenados ou blindagem de parlamentares. Ele questionou se tais propostas realmente refletem as demandas dos eleitores e reafirmou seu compromisso com uma agenda voltada aos interesses gerais da sociedade, e não a grupos isolados.

Alcolumbre direcionou críticas específicas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem acusou de defender sanções internacionais contra o Brasil e o STF durante viagem aos Estados Unidos. O presidente do Senado também rechaçou ameaças do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que prometeu obstruir as votações caso a anistia não fosse pautada, lembrando que Costa Neto não é senador e não tem poder para interferir nos trabalhos legislativos da Casa.

Como sinal de sua postura, Alcolumbre já enviou a PEC da Blindagem para análise da Comissão de Constituição e Justiça, e não diretamente para o plenário, como desejavam aliados do ex-presidente Bolsonaro. Além disso, reiterou sua convicção de que um projeto de anistia ampla não tem apoio para ser aprovado no Senado, embora esteja disposto a negociar uma proposta alternativa de redução de penas para os condenados pelos eventos de 8 de janeiro.