Em julho de 2021! Foi quando a governadora Fátima Bezerra (PT) anunciou com pompa, em suas redes sociais, a criação de 12 unidades do Instituto Educacional do Rio Grande do Norte (IERNs). Na postagem, Fátima prometeu entregar as escolas até o fim de 2022, ano em que viria a concorrer pela reeleição, saindo vitoriosa já no 1º turno.
O anúncio dizia que seriam investidos R$ 400 milhões no novo projeto – parte do R$ 1 bilhão que Fátima disse na campanha de 2022 ter nos cofres do Estado para investimentos.
Contudo, 2022 passou e, um ano e quatro meses depois, nenhum dos IERNs foi entregue.
Os 12 campi do IERN seriam construídos em Natal, Touros, São José de Mipibu, Tangará, Santana do Matos, Jardim de Piranhas, Campo Grande, Umarizal, Alexandria, São Miguel, Mossoró e Areia Branca.
O projeto dos IERNs fazia parte do Programa Nova Escola Potiguar (PNEP) , mais um dos grandes anúncio feitos pelo governo e deixados de lado. Além das 12 novas escolas, estavam previstas as reformas de tantas outras. Leia na página 14 a atual situação de uma dessas escolas.
Eram 12, agora são 9
No anúncio em suas redes sociais, Fátima Bezerra prometeu que os 12 campi dos IERNs seriam “construídos e mantidos pelo governo do Rio Grande do Norte”. E que eles teriam o mesmo padrão do IFRN.
O tempo passou e, no último dia 12 de março (após não entregar sequer uma unidade dos IERNs), Fátima anunciou – novamente como uma grande conquista – que repassaria três das 12 unidades do IERN para o governo federal.
Não ocasião, o governo fez circular a notícia de que os três campi, que agora pertenceriam ao IFRN, teriam “gestão compartilhada” entre os governos federal e estadual. Mas o fato foi logo desmentido pelo próprio reitor do IFRN, professor José Arnóbio, que declarou a O Potengi que “para que possamos atuar nessas sedes, é preciso a transferência total da nominalidade dos terrenos e estruturas para nossa instituição”.
Dos 12 IERNs prometidos, Fátima não entregou sequer um. E já se desfez de três deles antes mesmo de concluir.
E o prometido “padrão federal”?
Quanto à promessa de abrir escolas no “padrão IFRN”, mais uma vez a propaganda do governo foi enganosa. O fato foi evidenciado também por ocasião da transferência das unidades para o governo federal.
Na entrevista que nos concedeu, o reitor do IFRN se disse “orgulhoso e otimista com a possibilidade de expandir a atual rede do IFRN”, que já conta com 22 campi em todas as regiões do RN. Contudo, salientou que há diversos problemas em relação ao projeto do governo do estado.
Um primeiro aspecto a ser sanado, diz Arnóbio, refere-se às estruturas físicas dos prédios projetados pelo governo do RN para os IERNs. “Por exemplo, em uma avaliação preliminar, vimos que o projeto atual só comporta 3 laboratórios. Necessitamos de 4 laboratórios apenas para o ensino propedêutico”, disse o reitor. (O ensino propedêutico é aquele que engloba as disciplinas da formação regular, excluídas as disciplinas técnicas e profissionalizantes.)
“Não teremos duas classes distintas de escola e de alunos. Isso não é admissível por nós. A comunidade de professores e profissionais do IFRN tem um compromisso inegociável com a oferta de uma educação de excelência para todos os seus alunos. Jamais aceitaremos dividir nossos alunos entre os que têm e os que não têm acesso ao ensino que nos propomos a ofertar”, complementou o professor Arnóbio.
Eram fake, os IERNs?