Ministro da Fazenda afirma que escândalo com aposentadorias prova autonomia dos órgãos de controle e que Lula manterá política externa multilateral
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta segunda-feira (12) a atuação independente dos órgãos de controle no escândalo de fraudes bilionárias no INSS e reafirmou que o governo Lula não irá se alinhar automaticamente aos Estados Unidos ou à China na nova guerra comercial iniciada por Donald Trump. As declarações foram dadas em entrevista ao Canal UOL.
Segundo Haddad, o envolvimento direto da Polícia Federal na investigação de descontos indevidos em benefícios do INSS mostra que o governo não interfere no trabalho das instituições. O esquema, revelado por apuração da Controladoria-Geral da União (CGU) e da PF, aponta um desvio de até R$ 6,3 bilhões em pensões e aposentadorias, cobrados por sindicatos e associações desde 2016.
“Quando a PF está envolvida, não se trata mais de governo. É o Estado brasileiro reprimindo o crime”, afirmou Haddad. “Graças a Deus que funciona assim. Se amanhã um amigo ou parente estiver fazendo algo errado, ele vai junto.”
O ministro garantiu que o presidente Lula determinou punição exemplar aos responsáveis e reparação às vítimas, além do bloqueio de recursos das entidades envolvidas. “A questão penal não esgota o assunto. Vamos ter um procedimento de checagem para saber exatamente quem não autorizou os descontos e garantir o ressarcimento.”
Neutralidade internacional
Na mesma entrevista, Haddad também comentou o cenário internacional. Questionado sobre a nova guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China, ele afirmou que o Brasil não irá escolher lados.
“A China é nosso maior parceiro comercial há anos. Os Estados Unidos têm a tecnologia de ponta. Como prescindir de um dos dois?”, questionou o ministro.
Para Haddad, Lula segue uma política externa baseada no multilateralismo e no diálogo aberto com diversas potências. “Talvez seja dos poucos governantes que tenham portas abertas em qualquer quadrante do mundo. Ele acredita no multilateralismo mesmo, não é tipo.”
O ministro lembrou que, enquanto Lula esteve reunido com líderes chineses, ele próprio mantinha agenda oficial em Washington. “Isso deveria significar algo para um observador isento”, destacou.
A postura do governo brasileiro reforça uma estratégia de equilíbrio nas relações exteriores e foco na autonomia nacional diante das disputas geopolíticas globais.
*Com informações do “Portal Uol”
Deixe um comentário