A rede de saúde mental de Natal vive uma situação crítica. Faltam profissionais, leitos e estrutura para atender a crescente demanda da população. O alerta foi feito nesta segunda-feira (5) pela Comissão de Saúde da Câmara Municipal, que cobrou medidas urgentes da Prefeitura e do Governo do Estado diante do risco iminente de colapso no atendimento.
Segundo dados apresentados pelos parlamentares, há um déficit de 285 profissionais na rede municipal de saúde mental, o que compromete o funcionamento de unidades como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e sobrecarrega os serviços de emergência. O levantamento mostra que o Distrito Leste é o mais afetado, com 179 vagas não preenchidas. No Distrito Norte, faltam 53 profissionais, e no Oeste, 39.
A vereadora Camila Araújo (União Brasil) destacou que o CAPS Oeste chegou a suspender o atendimento psiquiátrico por falta de equipe.
“Dois psiquiatras estão tentando cobrir 40 horas semanais, mas é impossível atender uma demanda tão alta. Faltam enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos. Temos apenas dois odontólogos para toda a cidade”, denunciou.
Além da falta de pessoal, o sistema sofre com superlotação nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e no Hospital João Machado, que atende apenas pacientes regulados. Segundo os vereadores, muitos casos psiquiátricos estão sendo encaminhados para emergências hospitalares por falta de vagas nos CAPS — um sinal de que a rede especializada está travada.
Para o vereador Luciano Nascimento (PSD), o quadro exige respostas imediatas.
“É visível o crescimento de transtornos como ansiedade, depressão e síndrome do pânico em todas as idades. Precisamos de mais CAPS, mais casas terapêuticas e ações reais. A saúde mental precisa sair da invisibilidade”, afirmou.
Durante a reunião, os vereadores também prestaram homenagem ao ex-vereador Bertone Marinho, que faleceu no mês passado vítima de depressão. O caso, lembrado com comoção, reforçou o apelo por políticas públicas eficazes.
“Quantas pessoas estão sofrendo em silêncio? Quantas já morreram por falta de tratamento?”, questionou Luciano.
Embora o Governo Federal tenha aprovado a construção de um novo CAPS Transtorno na Zona Norte através do PAC, os parlamentares alertam que isso não resolve o problema de curto prazo e cobram prazos concretos para a obra.
A Comissão de Saúde da Câmara prometeu acompanhar a reabertura do CAPS Oeste e fiscalizar a contratação emergencial dos 285 profissionais faltantes.
*Com informações do Agora RN