O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, situado no conjunto Parque dos Coqueiros, zona Norte de Natal, está com problemas na cobertura das escalas médicas da sua unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica. A dificuldade principal, segundo a Secretaria de Saúde Pública do RN (Sesap), decorre da saída de vários profissionais da escala da empresa terceirizada responsável pelos plantões.
A Sesap informou que está programando reuniões nos próximos dias para elaborar estratégias que assegurem o pleno funcionamento da UTI pediátrica, fundamental para atender a demanda mensal de aproximadamente 25 internações de crianças e adolescentes. A unidade, que dispõe de dez leitos, conta majoritariamente com profissionais terceirizados via cooperativa, à exceção da coordenadora da seção, que é servidora efetiva.
Para o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte (Sopern), Reginaldo Holanda, a localização do hospital é um dos principais fatores que contribuem para a escassez de pediatras interessados nos plantões. Além disso, Holanda aponta que os pagamentos aos médicos não são feitos de maneira regular, o que desestimula a continuidade dos serviços.
“Se fecharmos dez leitos de UTI pediátrica por falta de acordo ou ajustes, isso resultará em um aumento da mortalidade entre crianças e adolescentes, especialmente nesta época do ano, quando há uma demanda intensa devido aos problemas respiratórios”, alerta Holanda.
Diante da gravidade da situação, o Sindicato dos Médicos do Estado do RN (Sinmed RN) tem acompanhado de perto o cenário das UTIs pediátricas e neonatais do Maria Alice Fernandes, um ponto de referência crucial para emergências pediátricas na região. O presidente do Sinmed/RN, Geraldo Ferreira, destaca que as ameaças de fechamento das UTIs são recorrentes, devido à falta de concursos públicos e aos problemas relacionados ao pagamento dos profissionais cooperados.
Ferreira ressalta a necessidade urgente de medidas por parte do estado para evitar o colapso dos serviços de saúde infantil: “O Estado deve agir de forma decisiva para evitar o fechamento dessa unidade, pois seria uma negligência com a saúde das crianças e adolescentes do Rio Grande do Norte”.
Segundo ele, o Sinmed/RN propõe buscar associados para atender de forma emergencial, mas, ainda assim, é difícil. “Nós atuaremos de todas as formas, junto às promotorias e aos canais competentes do Legislativo para, se for necessário, abrir exceção para concurso, valorização salarial, permitir a terceirização com pagamento diferenciado”, completou.