Existe luz no fundo do poço.



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Olá, queridos! Como vão?

Como andam se sentindo? Estão se permitindo viver? Estão se observando a cada experiência que vivem? Trabalhando para conhecer e entender como funciona esse ser único que é cada um de vocês? Estão saboreando as alegrias da vida com toda intensidade que elas merecem? Estão aproveitando as dores para aprender e crescer ainda mais?

(Aproveitar dores?)

Sim. Aproveitar as dores, sim! Todos os sentimentos, ou estímulos, que temos são capazes de nos ensinar mais ainda sobre nós mesmos. Como reagimos ao que sentimos, como lidamos com isso, como externamos, as atitudes e decisões que partem de cada sentimento/estímulo desse. E a dor não deixa de ser uma excelente ferramenta de aprendizagem somente por ser algo que não gostamos de sentir.

(Estou me referindo a dor emocional. Já que tem, sim, muita gente que gosta de dor física. E como gosto não se discute, não entremos nesse debate agora.)

Por muitas vezes evitamos nos colocar disponíveis para viver certas experiências ao longo da vida, justamente com medo de sentir alguma dor que possa vir de um conflito, de uma decepção. Evitamos nos envolver com pessoas e em situações que, desconfiamos, podem nos machucar. E esse medo independe do tipo de relação que possa ser estabelecida. A decepção pode vir de variadas fontes.

Eu também já fiz isso muitas vezes. Aquele medo disfarçado de auto preservação. Tudo isso querendo evitar um lugar já conhecido. Quando a gente passa por uma decepção a gente vive, por um tempo, em um lugar de dor. Aqueles momentos iniciais em que o baque foi recente e que a dor grita tão alto que parece que você não consegue ouvir mais nada.

A gente vê as pessoas em volta, felizes, leves e parece que o peso da dor é tão grande que a gente não consegue mais imaginar sentir de novo essa leveza que se vê ao redor. Parece que o fundo do poço é tão longe, tão lá em baixo, e o caminho da subida tão trabalhoso que não conseguimos ver como subir tudo isso, de volta à superfície.

Por isso que quando amargamos uma decepção, amorosa ou não, dizemos que estamos na fossa, é porque é tão funda quanto o poço, só que a gente tá na merda.

Mas aí o tempo vai passando e a dor vai diminuindo. A ressaca moral vai nos deixando menos tontos, não temos mais tanta vontade de vomitar. A gente começa a pensar em voltar a sair de novo, ver o mundo lá fora, fazer as coisas que sempre fez, simplesmente viver. Às vezes ainda dói, às vezes ainda lembramos da decepção que vivemos. Mas já conseguindo sorrir e seguir.

A questão é que quando a gente lembra como é estar naquele lugar, os primeiros momentos após a decepção, só o que a gente consegue pensar, ao menos o só o que eu consigo pensar é “não quero, nunca mais, voltar para lá!”. E fazemos de tudo para nos proteger e evitar nos machucar desse jeito de novo.

Recentemente eu passei por uma situação assim. Na verdade foram algumas situações assim, uma seguida da outra. Não foi nada tão complicado quanto o fim de um namoro ou a perda de um emprego. Mas, ainda assim, fiquei numa “fossa” pesada, por conta da sequência de coisas que aconteceram. Lembro que fiquei muito apegada ao seguinte pensamento “Pronto, voltei para aquele lugar que eu tanto evito. Voltei para aquele sentimento de dor e de não saber quando essa dor vai passar”.

Até que eu comecei a lembrar de outros lugares, esses, que só existem graças ao lugar primeiros-instantes-de-dor-pós-decepção. Eu comecei a lembrar que cada nova decepção vivida, o tempo de recuperação passou a ser, no geral, mais curto. Lembrei que, dependendo do sentimento cultivado, durante esse período logo após a decepção, influencia, e muito, em quão rápido se consegue sair dele.

Das vezes em que senti uma tristeza profunda e me apeguei a ela, demorei muito para me recuperar. Das vezes em que fingi que estava tudo bem ou que alimentei a raiva, tive de esperar passar esse sentimento superficial e inicial, para então encarar o sentimento com o qual, de fato, deveria estar lidando.

Mas, das vezes em que me permiti sentir a decepção. Que me permiti esgotar aquele sentimento, sentindo-o até sua última gota sair de mim, dessas vezes eu percebi que a superação é muito mais concreta, mais solidificada, mais real.

E tudo isso eu só aprendi porque, após a decepção, eu vivi o momento de dor que a seguia. Outra coisa muito importante que aprendi, e que só aprendi por conta da decepção, foi que independentemente de como eu tenha vivido aquele momento de fundo do poço, eu sempre saí de lá mais forte.

E é uma força que me leva para frente e ao mesmo tempo mais para dentro de mim mesma. É como se a cada decepção eu descobrisse uma força nova, que se soma às outras forças que eu já tinha antes. Eu consigo observar o quanto vou crescendo e me fortalecendo.

Não quero aqui romantizar dor alguma. Se eu mesma pudesse escolher, escolheria viver sem dores, apenas com os aprendizados. Mas isso não é possível. Eu não posso escolher o que acontece comigo, apenas o que faço daquilo que me acontece.

As decepções vão acontecer e se eu não aproveitar para me observar e aprender com cada uma delas, tudo terá sido em vão. E eu vou ter que sofrer toda aquela dor de novo, e de novo, e de novo, até que aprenda a lição que deveria aprender através daquela situação.

Eu sei que, a depender do tamanho da dor, pode parecer impossível conseguir isso. Ainda mais quando estamos no olho do furacão. Mas criar força, criar resistência, é como testar nossos limites. Testar e superar. Quando a gente tenta fazer algo que não conseguia e na próxima vez já está fazendo um pouquinho a mais, e na próxima também. A gente sabe bem, no fundo a gente sabe, que por pior que seja aquela dor, em algum momento ela vai passar.

Nessas horas, é sempre muito importante ter ao nosso lado pessoas em quem confiamos, pois elas é que vão nos lembrar que essa dor vai embora, quando estivermos tão afundados nela a ponto de não conseguir mais enxergar a saída.

Eu já aprendi muito com minhas dores e sei que ainda há muito mais a aprender. Dessa última situação recente que vivi, dessa sequência de situações, percebi o quão fácil é se entregar a um estado macambúzio, percebi que quanto mais me entrego a esse estado, mais difícil fica de sair dele, e percebi também que por mais “confortável” que pareça, já que a força que temos de fazer para sair disso é bastante desconfortável, por mais fácil que pareça permanecer, esse é, definitivamente, um lugar onde eu não quero estar.

Sei que será impossível nunca mais voltar, sei que decepções e tristezas ocorrerão pelo resto da vida. Não existe essa opção de nunca mais voltar. Mas, com toda certeza, é um lugar onde eu não quero permanecer. É um lugar de onde vou sempre fazer o máximo para sair.

Agora, uma observação extremamente importante: se alguém está passando por um estado desse que não melhora, que não vai embora nunca, que nada dá jeito, por favor procure algum profissional e peça ajuda. Dificuldades psicológicas são sérias e devem ser tratadas assim.

Enfim, a mensagem que eu quis mesmo deixar com esse texto de hoje é a de que dor dá e passa. Que além de ser algo que vai nos fortalecer e nos ensinar mais ainda sobre nós mesmos, não pode ser algo que nos faça evitar viver. Aprendemos isso muito cedo, quando não deixávamos de correr e nos jogar no parquinho somente por medo de um joelho ralado.

Tem uma música linda, da Kell Smith, que diz que “o joelho ralado dói bem menos que o coração partido”. Será? Ou será que a gente só cresceu, e as dores que a gente suporta hoje é que são tão grandes quanto era para uma criança o joelho ralado? Eu acredito que é porque a gente cresce, não só por conta da dor, mas em torno dela. Somos muito maiores que qualquer dor que venha querer nos derrubar.

Que sejamos maiores e mais fortes que nossas dores e que nunca deixemos, por medo da dor, de viver e, quem sabe, experienciar alegrias que, essas sim, poderão ser muito maiores que nós.

Até a próxima!



Existe luz no fundo do poço.






Olá, queridos! Como vão?

Como andam se sentindo? Estão se permitindo viver? Estão se observando a cada experiência que vivem? Trabalhando para conhecer e entender como funciona esse ser único que é cada um de vocês? Estão saboreando as alegrias da vida com toda intensidade que elas merecem? Estão aproveitando as dores para aprender e crescer ainda mais?

(Aproveitar dores?)

Sim. Aproveitar as dores, sim! Todos os sentimentos, ou estímulos, que temos são capazes de nos ensinar mais ainda sobre nós mesmos. Como reagimos ao que sentimos, como lidamos com isso, como externamos, as atitudes e decisões que partem de cada sentimento/estímulo desse. E a dor não deixa de ser uma excelente ferramenta de aprendizagem somente por ser algo que não gostamos de sentir.

(Estou me referindo a dor emocional. Já que tem, sim, muita gente que gosta de dor física. E como gosto não se discute, não entremos nesse debate agora.)

Por muitas vezes evitamos nos colocar disponíveis para viver certas experiências ao longo da vida, justamente com medo de sentir alguma dor que possa vir de um conflito, de uma decepção. Evitamos nos envolver com pessoas e em situações que, desconfiamos, podem nos machucar. E esse medo independe do tipo de relação que possa ser estabelecida. A decepção pode vir de variadas fontes.

Eu também já fiz isso muitas vezes. Aquele medo disfarçado de auto preservação. Tudo isso querendo evitar um lugar já conhecido. Quando a gente passa por uma decepção a gente vive, por um tempo, em um lugar de dor. Aqueles momentos iniciais em que o baque foi recente e que a dor grita tão alto que parece que você não consegue ouvir mais nada.

A gente vê as pessoas em volta, felizes, leves e parece que o peso da dor é tão grande que a gente não consegue mais imaginar sentir de novo essa leveza que se vê ao redor. Parece que o fundo do poço é tão longe, tão lá em baixo, e o caminho da subida tão trabalhoso que não conseguimos ver como subir tudo isso, de volta à superfície.

Por isso que quando amargamos uma decepção, amorosa ou não, dizemos que estamos na fossa, é porque é tão funda quanto o poço, só que a gente tá na merda.

Mas aí o tempo vai passando e a dor vai diminuindo. A ressaca moral vai nos deixando menos tontos, não temos mais tanta vontade de vomitar. A gente começa a pensar em voltar a sair de novo, ver o mundo lá fora, fazer as coisas que sempre fez, simplesmente viver. Às vezes ainda dói, às vezes ainda lembramos da decepção que vivemos. Mas já conseguindo sorrir e seguir.

A questão é que quando a gente lembra como é estar naquele lugar, os primeiros momentos após a decepção, só o que a gente consegue pensar, ao menos o só o que eu consigo pensar é “não quero, nunca mais, voltar para lá!”. E fazemos de tudo para nos proteger e evitar nos machucar desse jeito de novo.

Recentemente eu passei por uma situação assim. Na verdade foram algumas situações assim, uma seguida da outra. Não foi nada tão complicado quanto o fim de um namoro ou a perda de um emprego. Mas, ainda assim, fiquei numa “fossa” pesada, por conta da sequência de coisas que aconteceram. Lembro que fiquei muito apegada ao seguinte pensamento “Pronto, voltei para aquele lugar que eu tanto evito. Voltei para aquele sentimento de dor e de não saber quando essa dor vai passar”.

Até que eu comecei a lembrar de outros lugares, esses, que só existem graças ao lugar primeiros-instantes-de-dor-pós-decepção. Eu comecei a lembrar que cada nova decepção vivida, o tempo de recuperação passou a ser, no geral, mais curto. Lembrei que, dependendo do sentimento cultivado, durante esse período logo após a decepção, influencia, e muito, em quão rápido se consegue sair dele.

Das vezes em que senti uma tristeza profunda e me apeguei a ela, demorei muito para me recuperar. Das vezes em que fingi que estava tudo bem ou que alimentei a raiva, tive de esperar passar esse sentimento superficial e inicial, para então encarar o sentimento com o qual, de fato, deveria estar lidando.

Mas, das vezes em que me permiti sentir a decepção. Que me permiti esgotar aquele sentimento, sentindo-o até sua última gota sair de mim, dessas vezes eu percebi que a superação é muito mais concreta, mais solidificada, mais real.

E tudo isso eu só aprendi porque, após a decepção, eu vivi o momento de dor que a seguia. Outra coisa muito importante que aprendi, e que só aprendi por conta da decepção, foi que independentemente de como eu tenha vivido aquele momento de fundo do poço, eu sempre saí de lá mais forte.

E é uma força que me leva para frente e ao mesmo tempo mais para dentro de mim mesma. É como se a cada decepção eu descobrisse uma força nova, que se soma às outras forças que eu já tinha antes. Eu consigo observar o quanto vou crescendo e me fortalecendo.

Não quero aqui romantizar dor alguma. Se eu mesma pudesse escolher, escolheria viver sem dores, apenas com os aprendizados. Mas isso não é possível. Eu não posso escolher o que acontece comigo, apenas o que faço daquilo que me acontece.

As decepções vão acontecer e se eu não aproveitar para me observar e aprender com cada uma delas, tudo terá sido em vão. E eu vou ter que sofrer toda aquela dor de novo, e de novo, e de novo, até que aprenda a lição que deveria aprender através daquela situação.

Eu sei que, a depender do tamanho da dor, pode parecer impossível conseguir isso. Ainda mais quando estamos no olho do furacão. Mas criar força, criar resistência, é como testar nossos limites. Testar e superar. Quando a gente tenta fazer algo que não conseguia e na próxima vez já está fazendo um pouquinho a mais, e na próxima também. A gente sabe bem, no fundo a gente sabe, que por pior que seja aquela dor, em algum momento ela vai passar.

Nessas horas, é sempre muito importante ter ao nosso lado pessoas em quem confiamos, pois elas é que vão nos lembrar que essa dor vai embora, quando estivermos tão afundados nela a ponto de não conseguir mais enxergar a saída.

Eu já aprendi muito com minhas dores e sei que ainda há muito mais a aprender. Dessa última situação recente que vivi, dessa sequência de situações, percebi o quão fácil é se entregar a um estado macambúzio, percebi que quanto mais me entrego a esse estado, mais difícil fica de sair dele, e percebi também que por mais “confortável” que pareça, já que a força que temos de fazer para sair disso é bastante desconfortável, por mais fácil que pareça permanecer, esse é, definitivamente, um lugar onde eu não quero estar.

Sei que será impossível nunca mais voltar, sei que decepções e tristezas ocorrerão pelo resto da vida. Não existe essa opção de nunca mais voltar. Mas, com toda certeza, é um lugar onde eu não quero permanecer. É um lugar de onde vou sempre fazer o máximo para sair.

Agora, uma observação extremamente importante: se alguém está passando por um estado desse que não melhora, que não vai embora nunca, que nada dá jeito, por favor procure algum profissional e peça ajuda. Dificuldades psicológicas são sérias e devem ser tratadas assim.

Enfim, a mensagem que eu quis mesmo deixar com esse texto de hoje é a de que dor dá e passa. Que além de ser algo que vai nos fortalecer e nos ensinar mais ainda sobre nós mesmos, não pode ser algo que nos faça evitar viver. Aprendemos isso muito cedo, quando não deixávamos de correr e nos jogar no parquinho somente por medo de um joelho ralado.

Tem uma música linda, da Kell Smith, que diz que “o joelho ralado dói bem menos que o coração partido”. Será? Ou será que a gente só cresceu, e as dores que a gente suporta hoje é que são tão grandes quanto era para uma criança o joelho ralado? Eu acredito que é porque a gente cresce, não só por conta da dor, mas em torno dela. Somos muito maiores que qualquer dor que venha querer nos derrubar.

Que sejamos maiores e mais fortes que nossas dores e que nunca deixemos, por medo da dor, de viver e, quem sabe, experienciar alegrias que, essas sim, poderão ser muito maiores que nós.

Até a próxima!


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