Escola Estadual Dulce Wanderley: do sonho do ar-condicionado ao pesadelo da sauna



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O portal O Potengi trouxe na capa de sua primeira edição impressa, em 22 de abril de 2024, uma pergunta: porque a educação do RN se tornou a pior do Brasil? Após o lançamento, alunos, pais e professores de diversas escolas do estado buscaram nossa redação para fazer denúncias sobre a situação de abandono de instituições.

Nossa redação percorreu a capital para conhecer algumas escolas estaduais de perto. A escola que vamos apresentar hoje é a Estadual Professora Dulce Wanderley, localizada no bairro da Redinha, que tem enfrentado sérios problemas relacionados ao calor extremo nas salas de aula e não conta com um local adequado para a prática de esportes.

Chegamos na Dulce por volta das 11 horas da manhã, em mais um dos tórridos dias da capital potiguar. Podemos ver e sentir de perto a situação que os professores e alunos enfrentam todos os dias. Na entrada da escola, um lindo ambiente bem conservado, arborizado, com plantas e pintura em dia. 

Nas salas de aula, que contam com 35 a 40 alunos nos ensinos fundamental e médio, a história é outra. Entramos em salas de aula e de um lado, janelas de madeira fechadas devido ao forte. Do outro, a porta de entrada como única fonte de circulação de ar e em algumas, um ventilador que funciona.

Professores e alunos têm relatado condições insalubres devido à falta de ventilação adequada e à ausência de ar-condicionado. Os ventiladores disponíveis são insuficientes, muitos sendo antigos e desgastados, resultando em um ambiente escolar muito quente, com temperaturas que podem chegar a uma sensação térmica de 40°C. “Uma sauna!”, grita um aluno a nossa reportagem.

Esse problema foi agravado por uma reforma na escola que fechou com cimento os cobogós que serviam de circulação de ar para a instalação de ar-condicionado, que nunca foi concluída devido à inadequação da rede elétrica para suportar os aparelhos. 

Temperatura recorde em Natal

Todo morador de Natal sentiu os efeitos das altas temperaturas nos últimos anos, mas em 2024, o calor bateu recorde. De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Natal teve temperaturas acima da média. Só para se ter uma ideia, em março deste ano, a temperatura máxima média foi de 31,4°C, ficando 0,7°C acima da climatologia da estação convencional. A maior temperatura do mês de março foi de 32,9°C. 

Quadra?

Já a quadra da escola é na verdade um quadrado de cimento no meio do pátio. Ao fundo está a estrutura metálica que foi retirada devido à corrosão. Retirada e deixada no pátio da escola.

Com a falta de uma quadra coberta e um refeitório pequeno, os alunos ficam sem um espaço de convivência e com poucas alternativas além das salas de aula que mais parecem saunas.

O novo já nasce velho

Após a situação da escola ser alvo de diversos veículos de imprensa, uma equipe do governo do estado foi até a escola com soluções para o problema.  Soluções no mínimo questionáveis… Para a instalação dos aparelhos de ar-condicionado é necessária a instalação de uma subestação.

Para a quadra de esportes, o novo projeto já nasce velho: de acordo com informações recebida por servidores da escola, a estrutura metálica será do mesmo tipo de material que sofreu com a corrosão e foi deixado no chão do pátio. Além do óbvio desperdício do dinheiro do contribuinte do RN, o novo projeto, vai deixar novamente os alunos sem um local adequado para a prática de esportes ou convivência.

De acordo com Mariana Leite, coordenadora pedagógica, não há previsão para a reforma começar e não se sabe ao certo quanto tempo ela vai durar ou quando a subestação será implantada.

Mariana relata ainda uma situação lamentável sobre a educação especial do Dulce Wanderley: os 30 alunos que deveriam ter um segundo professor,  dividiriam a mesma professora, o que já seria um absurdo. No entanto, como ela trabalha em apenas um turno, 27 crianças com diversos transtornos que requerem acompanhamento, não tem o segundo professor.

Um alento em meio ao caos

Assim como em outras instituições de ensino, o capital humano da escola é uma luz em meio a tanto abandono e descaso. O Dulce conta com professores com excelente formação, alguns com mestrado e doutorado e os alunos, de acordo com a coordenadora, são melhores. “Nossos alunos são os grandes heróis da escola. Eles são dedicados, se esforçam para aprender e suportam todo esse calor. Temos diversas aprovações no IFRN… Todos nós temos muito orgulho de nossos alunos.”

Nossa redação entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação em busca de respostas para esta situação, mas até a conclusão desta matéria, não obtivemos retorno.




O Potengi

Portal de Notícias e Conteúdos do Rio Grande do Norte



Escola Estadual Dulce Wanderley: do sonho do ar-condicionado ao pesadelo da sauna







O portal O Potengi trouxe na capa de sua primeira edição impressa, em 22 de abril de 2024, uma pergunta: porque a educação do RN se tornou a pior do Brasil? Após o lançamento, alunos, pais e professores de diversas escolas do estado buscaram nossa redação para fazer denúncias sobre a situação de abandono de instituições.

Nossa redação percorreu a capital para conhecer algumas escolas estaduais de perto. A escola que vamos apresentar hoje é a Estadual Professora Dulce Wanderley, localizada no bairro da Redinha, que tem enfrentado sérios problemas relacionados ao calor extremo nas salas de aula e não conta com um local adequado para a prática de esportes.

Chegamos na Dulce por volta das 11 horas da manhã, em mais um dos tórridos dias da capital potiguar. Podemos ver e sentir de perto a situação que os professores e alunos enfrentam todos os dias. Na entrada da escola, um lindo ambiente bem conservado, arborizado, com plantas e pintura em dia. 

Nas salas de aula, que contam com 35 a 40 alunos nos ensinos fundamental e médio, a história é outra. Entramos em salas de aula e de um lado, janelas de madeira fechadas devido ao forte. Do outro, a porta de entrada como única fonte de circulação de ar e em algumas, um ventilador que funciona.

Professores e alunos têm relatado condições insalubres devido à falta de ventilação adequada e à ausência de ar-condicionado. Os ventiladores disponíveis são insuficientes, muitos sendo antigos e desgastados, resultando em um ambiente escolar muito quente, com temperaturas que podem chegar a uma sensação térmica de 40°C. “Uma sauna!”, grita um aluno a nossa reportagem.

Esse problema foi agravado por uma reforma na escola que fechou com cimento os cobogós que serviam de circulação de ar para a instalação de ar-condicionado, que nunca foi concluída devido à inadequação da rede elétrica para suportar os aparelhos. 

Temperatura recorde em Natal

Todo morador de Natal sentiu os efeitos das altas temperaturas nos últimos anos, mas em 2024, o calor bateu recorde. De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Natal teve temperaturas acima da média. Só para se ter uma ideia, em março deste ano, a temperatura máxima média foi de 31,4°C, ficando 0,7°C acima da climatologia da estação convencional. A maior temperatura do mês de março foi de 32,9°C. 

Quadra?

Já a quadra da escola é na verdade um quadrado de cimento no meio do pátio. Ao fundo está a estrutura metálica que foi retirada devido à corrosão. Retirada e deixada no pátio da escola.

Com a falta de uma quadra coberta e um refeitório pequeno, os alunos ficam sem um espaço de convivência e com poucas alternativas além das salas de aula que mais parecem saunas.

O novo já nasce velho

Após a situação da escola ser alvo de diversos veículos de imprensa, uma equipe do governo do estado foi até a escola com soluções para o problema.  Soluções no mínimo questionáveis… Para a instalação dos aparelhos de ar-condicionado é necessária a instalação de uma subestação.

Para a quadra de esportes, o novo projeto já nasce velho: de acordo com informações recebida por servidores da escola, a estrutura metálica será do mesmo tipo de material que sofreu com a corrosão e foi deixado no chão do pátio. Além do óbvio desperdício do dinheiro do contribuinte do RN, o novo projeto, vai deixar novamente os alunos sem um local adequado para a prática de esportes ou convivência.

De acordo com Mariana Leite, coordenadora pedagógica, não há previsão para a reforma começar e não se sabe ao certo quanto tempo ela vai durar ou quando a subestação será implantada.

Mariana relata ainda uma situação lamentável sobre a educação especial do Dulce Wanderley: os 30 alunos que deveriam ter um segundo professor,  dividiriam a mesma professora, o que já seria um absurdo. No entanto, como ela trabalha em apenas um turno, 27 crianças com diversos transtornos que requerem acompanhamento, não tem o segundo professor.

Um alento em meio ao caos

Assim como em outras instituições de ensino, o capital humano da escola é uma luz em meio a tanto abandono e descaso. O Dulce conta com professores com excelente formação, alguns com mestrado e doutorado e os alunos, de acordo com a coordenadora, são melhores. “Nossos alunos são os grandes heróis da escola. Eles são dedicados, se esforçam para aprender e suportam todo esse calor. Temos diversas aprovações no IFRN… Todos nós temos muito orgulho de nossos alunos.”

Nossa redação entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação em busca de respostas para esta situação, mas até a conclusão desta matéria, não obtivemos retorno.


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