Druk: Mais uma rodada – Uma análise sobre vício, moderação e hipocrisia

Perder alguém para o alcoolismo é uma experiência dolorosa que levanta muitas perguntas. O dependente enfrenta uma doença complexa, chamada adicção, que afeta não apenas o indivíduo, mas todos ao seu redor. “Druk”, um aclamado longa dinamarquês, nos leva a refletir sobre os limites da felicidade e os perigos do vício.


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Quem já perdeu alguém para o alcoolismo sabe o quanto isso afeta nosso emocional, pois ficamos imaginando o que poderíamos ter feito de diferente para salvar àquela pessoa querida e ela permanecesse entre nós. Isso é algo muito complexo, uma vez que chegamos até a nos questionar se temos ou não alguma culpa por não ter alertado a pessoa ou algo do tipo. Porém, temos que levar em conta que o dependente de álcool ou outras drogas, sejam lícitas ou ilícitas, é portador de uma doença, hoje tratada pelo nome de adicção, que tem difícil diagnóstico e tratamento, e quando alguém perto da gente está com ela, acaba envolvendo todos ao entorno e nos adoecendo junto.

E, sim, esse degustador de filmes, séries e tudo que o audiovisual produz, já perdeu pessoas amadas para o vício em álcool. Pessoas que foram embora do meu convívio de forma tão precoce e estúpida, por não saberem a hora de parar de beber e, o que em primeiro momento era uma diversão, tornou-se o motivo principal que lhes ceifou a vida, bem mais precioso que temos.

Não é meu objetivo aqui ditar regras, ser contra ou a favor do consumo de quaisquer substâncias, quero apenas que ao fim da resenha possamos refletir um pouco sobre determinadas coisas que podem levar alguém ao precipício. Tenho plena consciência que não existe, ou tenha existido, sociedade humana sem uso de entorpecentes, para os mais variados fins, mas o que devemos nos perguntar é quando o uso passa a ser um perigo para nossa saúde e quando no lugar de sermos usuários estamos na verdade sendo usados pela substância, ou seja, somos por ela manipulados e viramos escravos.

Parafraseando Raul Seixa: “Faz o que tu queres, pois é tudo da lei, mas com um pouco de cuidado, não é nada demais para ti e os teus”.

O filme que quero apresentar hoje é “Druk”, aclamado longa metragem dinamarquês, que nos convida a uma profunda reflexão sobre os limites da felicidade e os perigos do vício. Através de uma trama envolvente e personagens complexos, o longa explora a ideia de que um pouco de álcool pode turbinar a criatividade e a vida social, mas que a linha entre a moderação e a dependência é tênue. O enredo acontece com um grupo de professores que decidem testar uma teoria sobre o consumo moderado de álcool, como forma de aumentar a felicidade e a produtividade. Inicialmente, os resultados parecem promissores, mas logo a situação escapa do controle e as consequências do vício começam a se manifestar.

“Druk” não romantiza o consumo de álcool, mas também não o demoniza. O filme apresenta uma visão realista e complexa sobre o tema, mostrando como o vício pode afetar diferentes aspectos da vida de uma pessoa, desde as relações pessoais até a carreira profissional. Um dos pontos mais interessantes de “Druk” é a forma como aborda a questão da hipocrisia. Os personagens, que inicialmente se veem como liberais e modernos, acabam se revelando tão vulneráveis ao vício quanto qualquer outra pessoa. O filme nos convida a questionar nossos próprios comportamentos e a reconhecer que todos somos suscetíveis a cair em tentações.

A direção de Thomas Vinterberg é impecável, com cenas memoráveis e uma fotografia que intensifica a atmosfera de tensão e euforia. As atuações são geniais, com destaque para Mads Mikkelsen, que interpreta o protagonista com uma intensidade que nos prende do início ao fim.

Em suma, Druk é um filme essencial para quem busca uma reflexão sobre os desafios da vida moderna e a importância de encontrar um equilíbrio entre prazer e responsabilidade, nos convidando a questionar nossos próprios limites e a buscar uma vida mais autêntica e significativa, tendo como pontos fortes o roteiro inteligente e bem construído, a direção impecável, atuações de alto nível, abordagem realista e complexa da temática, reflexão sobre a hipocrisia e a busca por felicidade. Os únicos pontos fracos que percebi foram alguns momentos previsíveis e o final um pouco abrupto.

Concluo dizendo que “Druk” é um filme que vai te fazer pensar e te emocionar. Se você busca um longa que vá além do entretenimento e provoque reflexão sobre a vida, não deixe de o assistir. Para quem gosta de filmes dramáticos com uma pitada de comédia e uma reflexão profunda sobre a condição humana, este é o filme que indico.





O Potengi

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Druk: Mais uma rodada – Uma análise sobre vício, moderação e hipocrisia

Quem já perdeu alguém para o alcoolismo sabe o quanto isso afeta nosso emocional, pois ficamos imaginando o que poderíamos ter feito de diferente para salvar àquela pessoa querida e ela permanecesse entre nós. Isso é algo muito complexo, uma vez que chegamos até a nos questionar se temos ou não alguma culpa por não ter alertado a pessoa ou algo do tipo. Porém, temos que levar em conta que o dependente de álcool ou outras drogas, sejam lícitas ou ilícitas, é portador de uma doença, hoje tratada pelo nome de adicção, que tem difícil diagnóstico e tratamento, e quando alguém perto da gente está com ela, acaba envolvendo todos ao entorno e nos adoecendo junto.

E, sim, esse degustador de filmes, séries e tudo que o audiovisual produz, já perdeu pessoas amadas para o vício em álcool. Pessoas que foram embora do meu convívio de forma tão precoce e estúpida, por não saberem a hora de parar de beber e, o que em primeiro momento era uma diversão, tornou-se o motivo principal que lhes ceifou a vida, bem mais precioso que temos.

Não é meu objetivo aqui ditar regras, ser contra ou a favor do consumo de quaisquer substâncias, quero apenas que ao fim da resenha possamos refletir um pouco sobre determinadas coisas que podem levar alguém ao precipício. Tenho plena consciência que não existe, ou tenha existido, sociedade humana sem uso de entorpecentes, para os mais variados fins, mas o que devemos nos perguntar é quando o uso passa a ser um perigo para nossa saúde e quando no lugar de sermos usuários estamos na verdade sendo usados pela substância, ou seja, somos por ela manipulados e viramos escravos.

Parafraseando Raul Seixa: “Faz o que tu queres, pois é tudo da lei, mas com um pouco de cuidado, não é nada demais para ti e os teus”.

O filme que quero apresentar hoje é “Druk”, aclamado longa metragem dinamarquês, que nos convida a uma profunda reflexão sobre os limites da felicidade e os perigos do vício. Através de uma trama envolvente e personagens complexos, o longa explora a ideia de que um pouco de álcool pode turbinar a criatividade e a vida social, mas que a linha entre a moderação e a dependência é tênue. O enredo acontece com um grupo de professores que decidem testar uma teoria sobre o consumo moderado de álcool, como forma de aumentar a felicidade e a produtividade. Inicialmente, os resultados parecem promissores, mas logo a situação escapa do controle e as consequências do vício começam a se manifestar.

“Druk” não romantiza o consumo de álcool, mas também não o demoniza. O filme apresenta uma visão realista e complexa sobre o tema, mostrando como o vício pode afetar diferentes aspectos da vida de uma pessoa, desde as relações pessoais até a carreira profissional. Um dos pontos mais interessantes de “Druk” é a forma como aborda a questão da hipocrisia. Os personagens, que inicialmente se veem como liberais e modernos, acabam se revelando tão vulneráveis ao vício quanto qualquer outra pessoa. O filme nos convida a questionar nossos próprios comportamentos e a reconhecer que todos somos suscetíveis a cair em tentações.

A direção de Thomas Vinterberg é impecável, com cenas memoráveis e uma fotografia que intensifica a atmosfera de tensão e euforia. As atuações são geniais, com destaque para Mads Mikkelsen, que interpreta o protagonista com uma intensidade que nos prende do início ao fim.

Em suma, Druk é um filme essencial para quem busca uma reflexão sobre os desafios da vida moderna e a importância de encontrar um equilíbrio entre prazer e responsabilidade, nos convidando a questionar nossos próprios limites e a buscar uma vida mais autêntica e significativa, tendo como pontos fortes o roteiro inteligente e bem construído, a direção impecável, atuações de alto nível, abordagem realista e complexa da temática, reflexão sobre a hipocrisia e a busca por felicidade. Os únicos pontos fracos que percebi foram alguns momentos previsíveis e o final um pouco abrupto.

Concluo dizendo que “Druk” é um filme que vai te fazer pensar e te emocionar. Se você busca um longa que vá além do entretenimento e provoque reflexão sobre a vida, não deixe de o assistir. Para quem gosta de filmes dramáticos com uma pitada de comédia e uma reflexão profunda sobre a condição humana, este é o filme que indico.



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