Crônica: A Pose e o Povo – Por Wesley de Lima Caetano

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Gestor público, produtor cultural e empresário. Militante da Rede Sustentabilidade, ex-chefe de gabinete da SEMIDH e conselheiro da Lei Câmara Cascudo.

Na escadaria da Câmara Municipal de Natal, uma imagem: de um lado, o povo; do outro, a pose.

O microfone passou de mão em mão no protesto do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas — vozes gastas de tanto pedir o mínimo. No alto da escadaria, o vereador Matheus Faustino parecia em outro plano: de terno engomado e tênis de grife, sorria para as câmeras de seus assessores como quem ensaia uma cena de campanha — não um debate democrático.

O povo gritava. Ele sorria. O povo denunciava. Ele ameaçava. O povo expunha sua dor. Ele expunha o próprio ego.

A cena foi didática. Mostrou como a política, muitas vezes, veste a fantasia do diálogo, mas só quer o roteiro da autopromoção.

Ao ser confrontado, o vereador se vitimizou. Disse ter sido ameaçado. Mas o que houve ali foi uma fala popular, um grito simbólico de revolta, algo como: “se vier aqui de novo pedir voto, vou jogar na sua cara o que a gente tem de sobra e vocês não querem ver”. Urina. Desespero. Indignação.

Mas o que fez o vereador? Filmou. Postou. E, como um gato escaldado que não tem medo de água fria, tentou transformar a fúria legítima do povo em palco para sua narrativa.

Só que o povo já aprendeu. E, se ele, Faustino, se finge de valente para encarar multidões com promessas e ameaças, o povo não tem mais medo. Nem da truculência, nem da encenação. Porque gato escaldado aprende. O povo também.

E agora, quem teme a verdade não é quem grita no protesto. É quem se esconde atrás da própria pose.



Crônica: A Pose e o Povo – Por Wesley de Lima Caetano

Gestor público, produtor cultural e empresário. Militante da Rede Sustentabilidade, ex-chefe de gabinete da SEMIDH e conselheiro da Lei Câmara Cascudo.

Na escadaria da Câmara Municipal de Natal, uma imagem: de um lado, o povo; do outro, a pose.

O microfone passou de mão em mão no protesto do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas — vozes gastas de tanto pedir o mínimo. No alto da escadaria, o vereador Matheus Faustino parecia em outro plano: de terno engomado e tênis de grife, sorria para as câmeras de seus assessores como quem ensaia uma cena de campanha — não um debate democrático.

O povo gritava. Ele sorria. O povo denunciava. Ele ameaçava. O povo expunha sua dor. Ele expunha o próprio ego.

A cena foi didática. Mostrou como a política, muitas vezes, veste a fantasia do diálogo, mas só quer o roteiro da autopromoção.

Ao ser confrontado, o vereador se vitimizou. Disse ter sido ameaçado. Mas o que houve ali foi uma fala popular, um grito simbólico de revolta, algo como: “se vier aqui de novo pedir voto, vou jogar na sua cara o que a gente tem de sobra e vocês não querem ver”. Urina. Desespero. Indignação.

Mas o que fez o vereador? Filmou. Postou. E, como um gato escaldado que não tem medo de água fria, tentou transformar a fúria legítima do povo em palco para sua narrativa.

Só que o povo já aprendeu. E, se ele, Faustino, se finge de valente para encarar multidões com promessas e ameaças, o povo não tem mais medo. Nem da truculência, nem da encenação. Porque gato escaldado aprende. O povo também.

E agora, quem teme a verdade não é quem grita no protesto. É quem se esconde atrás da própria pose.


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