Construção de moradias na Ribeira pode contribuir para revitalização do bairro



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Foto: Canindé Soares Foto: Canindé Soares

A construção de unidades habitacionais na Ribeira pode ser um importante vetor para a recuperação econômica, social e cultural do bairro histórico de Natal. A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da capital apresentou uma proposta à Prefeitura de Natal para incluir essa demanda no projeto de revitalização da Ribeira. A ideia é estimular a moradia no bairro para as pessoas que trabalham no Centro Histórico, contribuindo para o adensamento da região e evitando grandes deslocamentos para a população.

A proposta ainda está na fase inicial, foi apresentada ao prefeito Álvaro Dias (Republicanos) e, em breve, deverá ser discutida com associações comerciais e trabalhadores da Ribeira, Cidade Alta e Alecrim, ressalta José Lucena, presidente da CDL Natal. “Muitos colaboradores nossos foram morar até fora de Natal e acontece que esse trabalhador gasta duas horas para vir e duas horas para voltar, então a qualidade de vida que essa pessoa está tendo é nenhuma. Pretendemos discutir o assunto com todos”, afirma Lucena.

Além de discutir, Lucena diz que o momento é de buscar parcerias para viabilizar o projeto. “Estamos querendo juntar Prefeitura, Caixa Econômica, construtoras e tudo mais para fazer alguma coisa nesse sentido para colocar o comerciário morando na Ribeira. Faz 20 dias que conversamos com o prefeito e estamos buscando soluções, buscando terreno e o prefeito se mostrou interessado e eu acredito que a gente consiga fazer alguma coisa. Estamos confiantes”, acrescenta José Lucena.

Por se tratar de uma ideia recente, ainda não há estimativas de custos ou prazos. A CDL diz que vai conversar com os comerciantes para saber o interesse no projeto. Representantes do comércio da Cidade, do Alecrim e da Ribeira apoiam a ideia, mas ainda com desconfiança. “Acho uma boa, mas se isso for para frente é negócio de anos e anos”, diz Daniele Bezerra, que mora na Redinha, na zona Norte de Natal, e trabalha em um armarinho na Cidade Alta. “Seria bom porque gasto quase uma hora para chegar”, completa.

A ideia também tem aceitação positiva da Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim (AEBA). Matheus Feitosa, presidente da instituição, diz que a ideia já teve efeitos práticos no Alecrim. “O Alecrim é um exemplo bem sucedido de que quanto mais habitado for um bairro, melhor ele funciona. Boa parte das pessoas que trabalham nas empresas do comércio do Alecrim são moradores do bairro. Além dos colaboradores, temos também proprietários que residem no bairro, seja em cima da sua loja ou em outra rua próximo do comércio”, comenta.

O vendedor Isaac Daniel, que trabalha em uma loja de tintas na Ribeira, um dos poucos comércios que ainda se mantém no bairro, demonstra descrença no projeto de revitalização e construção de moradias na região, mas torce para que as propostas se concretizem. “Estou aqui há três anos e é triste nossa situação, sem infraestrutura, sem iluminação, sem segurança, aqui mesmo na loja nós chegamos a ser assaltados duas vezes em dois meses. Tem um prédio aqui na frente que em um ano mudou de dono umas quatro vezes porque não se sustenta”, relata.

Para a CDL, a demanda por casas na região vai ao encontro das obras do projeto de revitalização da Ribeira, que está em andamento e tem conclusão prevista para até o fim deste ano. “Não tem como revitalizar uma área se não tiver pessoas. Se não tiver fluxo, não vai haver mercearia, cabeleireiro. Por isso que a gente só quer fazer o projeto se juntar todo mundo para ter, por exemplo, creche, posto de saúde, enfim”, diz o presidente da CDL. A reportagem não conseguiu contato com representantes da Prefeitura.

Fecomércio vê urgência na revitalização

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio), Marcelo Queiroz, considera que a requalificação da Ribeira é “urgente e extremamente necessária”. Queiroz ressalta que retomar o protagonismo comercial da área, que teve um papel fundamental no desenvolvimento socioeconômico da capital, é desafiante. Contudo, ele avalia que é possível, pelo menos, aproximar-se do cenário de destaque do passado. “Esperamos que o pacote de obras que está em andamento, aliado a outras ações urbanísticas e de atração de novas empresas e investimentos, possa nos aproximar desta realidade, recuperando também o grande apelo turístico que a Ribeira, enquanto bairro histórico, deixa de aproveitar pela atual falta de estrutura”, pontua Queiroz.

Apegado à nostalgia e esperançoso com o futuro, o aposentado Márcio Gomes, que trabalhou por 35 anos no Porto de Natal e continua visitando o bairro, avalia que somente quando a Ribeira for estruturada como bairro é que a região será revitalizada. “Falta estrutura básica, rede de esgoto, saneamento, vias, esse tipo de coisa… Passei a minha vida toda aqui e tenho muito carinho e é triste perceber o que a Ribeira virou”, comenta.




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Construção de moradias na Ribeira pode contribuir para revitalização do bairro



Foto: Canindé Soares Foto: Canindé Soares




A construção de unidades habitacionais na Ribeira pode ser um importante vetor para a recuperação econômica, social e cultural do bairro histórico de Natal. A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da capital apresentou uma proposta à Prefeitura de Natal para incluir essa demanda no projeto de revitalização da Ribeira. A ideia é estimular a moradia no bairro para as pessoas que trabalham no Centro Histórico, contribuindo para o adensamento da região e evitando grandes deslocamentos para a população.

A proposta ainda está na fase inicial, foi apresentada ao prefeito Álvaro Dias (Republicanos) e, em breve, deverá ser discutida com associações comerciais e trabalhadores da Ribeira, Cidade Alta e Alecrim, ressalta José Lucena, presidente da CDL Natal. “Muitos colaboradores nossos foram morar até fora de Natal e acontece que esse trabalhador gasta duas horas para vir e duas horas para voltar, então a qualidade de vida que essa pessoa está tendo é nenhuma. Pretendemos discutir o assunto com todos”, afirma Lucena.

Além de discutir, Lucena diz que o momento é de buscar parcerias para viabilizar o projeto. “Estamos querendo juntar Prefeitura, Caixa Econômica, construtoras e tudo mais para fazer alguma coisa nesse sentido para colocar o comerciário morando na Ribeira. Faz 20 dias que conversamos com o prefeito e estamos buscando soluções, buscando terreno e o prefeito se mostrou interessado e eu acredito que a gente consiga fazer alguma coisa. Estamos confiantes”, acrescenta José Lucena.

Por se tratar de uma ideia recente, ainda não há estimativas de custos ou prazos. A CDL diz que vai conversar com os comerciantes para saber o interesse no projeto. Representantes do comércio da Cidade, do Alecrim e da Ribeira apoiam a ideia, mas ainda com desconfiança. “Acho uma boa, mas se isso for para frente é negócio de anos e anos”, diz Daniele Bezerra, que mora na Redinha, na zona Norte de Natal, e trabalha em um armarinho na Cidade Alta. “Seria bom porque gasto quase uma hora para chegar”, completa.

A ideia também tem aceitação positiva da Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim (AEBA). Matheus Feitosa, presidente da instituição, diz que a ideia já teve efeitos práticos no Alecrim. “O Alecrim é um exemplo bem sucedido de que quanto mais habitado for um bairro, melhor ele funciona. Boa parte das pessoas que trabalham nas empresas do comércio do Alecrim são moradores do bairro. Além dos colaboradores, temos também proprietários que residem no bairro, seja em cima da sua loja ou em outra rua próximo do comércio”, comenta.

O vendedor Isaac Daniel, que trabalha em uma loja de tintas na Ribeira, um dos poucos comércios que ainda se mantém no bairro, demonstra descrença no projeto de revitalização e construção de moradias na região, mas torce para que as propostas se concretizem. “Estou aqui há três anos e é triste nossa situação, sem infraestrutura, sem iluminação, sem segurança, aqui mesmo na loja nós chegamos a ser assaltados duas vezes em dois meses. Tem um prédio aqui na frente que em um ano mudou de dono umas quatro vezes porque não se sustenta”, relata.

Para a CDL, a demanda por casas na região vai ao encontro das obras do projeto de revitalização da Ribeira, que está em andamento e tem conclusão prevista para até o fim deste ano. “Não tem como revitalizar uma área se não tiver pessoas. Se não tiver fluxo, não vai haver mercearia, cabeleireiro. Por isso que a gente só quer fazer o projeto se juntar todo mundo para ter, por exemplo, creche, posto de saúde, enfim”, diz o presidente da CDL. A reportagem não conseguiu contato com representantes da Prefeitura.

Fecomércio vê urgência na revitalização

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio), Marcelo Queiroz, considera que a requalificação da Ribeira é “urgente e extremamente necessária”. Queiroz ressalta que retomar o protagonismo comercial da área, que teve um papel fundamental no desenvolvimento socioeconômico da capital, é desafiante. Contudo, ele avalia que é possível, pelo menos, aproximar-se do cenário de destaque do passado. “Esperamos que o pacote de obras que está em andamento, aliado a outras ações urbanísticas e de atração de novas empresas e investimentos, possa nos aproximar desta realidade, recuperando também o grande apelo turístico que a Ribeira, enquanto bairro histórico, deixa de aproveitar pela atual falta de estrutura”, pontua Queiroz.

Apegado à nostalgia e esperançoso com o futuro, o aposentado Márcio Gomes, que trabalhou por 35 anos no Porto de Natal e continua visitando o bairro, avalia que somente quando a Ribeira for estruturada como bairro é que a região será revitalizada. “Falta estrutura básica, rede de esgoto, saneamento, vias, esse tipo de coisa… Passei a minha vida toda aqui e tenho muito carinho e é triste perceber o que a Ribeira virou”, comenta.


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