Começou nesta segunda-feira (2), no Fórum Miguel Seabra Fagundes, em Natal, o júri popular que julga o policial militar Pedro Inácio Araújo, acusado de estuprar e matar Zaira Dantas Silveira Cruz, de 22 anos. O crime ocorreu durante o Carnaval de 2019, no município de Caicó, no Seridó potiguar, e gerou forte comoção pública. Por tramitar em segredo de justiça, o julgamento ocorre com acesso restrito e medidas rigorosas de segurança e sigilo.
Zaira era estudante de Engenharia Química e estava próxima da formatura quando teve sua vida interrompida de forma brutal. O corpo da jovem foi encontrado no dia 2 de março de 2019, dentro de um carro.
Acesso restrito e segredo de justiça
A sessão do júri, presidida pela 2ª Vara Criminal de Natal, conta com um total de 22 depoimentos previstos ao longo da semana, incluindo o do réu, testemunhas de defesa e de acusação. O processo já soma mais de 7 mil páginas. Por medida de segurança e para resguardar a dignidade da vítima, apenas seis pessoas foram autorizadas a acompanhar o julgamento presencialmente: os pais, a irmã da vítima e uma psicóloga do Núcleo de Apoio às Vítimas de Violência Letal e Intencional do Ministério Público do RN (Nuavv), além da mãe do réu e um acompanhante.
A imprensa não tem acesso ao Salão do Júri, conforme estabelece a Portaria Conjunta nº 1/2025, publicada pela 2ª Vara Criminal em parceria com a Direção do Foro. A Secretaria de Comunicação do TJRN ficará responsável por divulgar boletins oficiais durante o julgamento.
Inicialmente, o processo tramitava na 3ª Vara de Caicó, mas foi transferido para Natal após pedido da defesa, que alegou falta de imparcialidade do júri na cidade devido à repercussão do caso na região. O pedido de desaforamento foi aceito pelo Tribunal de Justiça.
O Ministério Público do RN atua com três promotores no julgamento, mas não concederá entrevistas, em respeito ao sigilo processual.
Voz de uma mãe em busca de justiça
Em depoimento à imprensa no ano passado, Ozanete Dantas, mãe de Zaira, relatou a dor constante desde a perda da filha. “Eu estou atrás, eu corro, eu grito, eu falo, eu busco e não me canso. Eu quero fechar o caixão da minha filha. Eu quero poder encerrar esse ciclo e dizer assim: hoje eu posso deitar e sentir o coração um pouquinho mais leve, mais calmo”, desabafou.
O julgamento deve seguir até a próxima sexta-feira (6). A expectativa é que o tribunal popular traga uma resposta definitiva a um caso.
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