A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Natal realizou nesta quarta-feira (28) mais uma etapa de audiências para apurar invasões a estabelecimentos comerciais na capital potiguar. Representantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e da Associação dos Supermercados do RN foram ouvidos pelos vereadores que compõem o colegiado.

Supermercados alegam prejuízos de R$ 3 milhões

Eugênio Parcelli, em nome dos supermercadistas, afirmou que as ações do MLB causaram perdas de R$ 3 milhões ao setor, principalmente durante o período natalino. “Não houve violência física ou depredação, mas o impacto financeiro foi significativo”, disse. Ele negou ter recebido solicitações formais de doação de alimentos por parte de movimentos sociais.

MLB defende protestos como forma de denúncia

Bianca Soares, representante do MLB, rebateu as críticas ao justificar que as manifestações visam chamar atenção para a fome no país. “Enquanto 33 milhões de brasileiros passam fome, toneladas de alimentos em condições de consumo são descartadas por redes varejistas”, argumentou. Ela garantiu que os atos não prejudicam o funcionamento dos estabelecimentos.

Disputa política marca debates

O relator Matheus Faustino (União Brasil) apresentou dados da Fecomércio sobre prejuízos entre 2022 e 2024, além de acusar o governo estadual de financiar o movimento – alegação que promete aprofundar nas investigações. Já o vereador Daniel Valença (PT) classificou a CEI como “criminalização da luta social”, destacando a ausência de processos judiciais contra o MLB.

O presidente da comissão, Subtenente Eliabe (PL), considerou a sessão tensa porém produtiva, com contribuições relevantes para o relatório final. As investigações continuam com novas oitivas previstas nas próximas semanas.