A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) emitiu um alerta urgente sobre o risco iminente de paralisação total dos sistemas ferroviários que administra em quatro capitais do Nordeste: Natal (RN), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Maceió (AL). A situação crítica foi comunicada oficialmente ao Ministério das Cidades em um ofício datado de 28 de abril, revelado pelo Jornal do Commercio, e aponta que os primeiros sinais de colapso operacional podem surgir já em julho deste ano.
De acordo com o documento, assinado pelo diretor-presidente da CBTU, José Marques, a continuidade dos serviços está ameaçada por um corte severo no orçamento para 2025. Enquanto em 2024 a empresa operou com R$ 216 milhões para custeio, o valor previsto para o próximo ano caiu para R$ 165 milhões — montante considerado insuficiente até para manter o funcionamento mínimo dos sistemas. A CBTU estima que seriam necessários ao menos R$ 260 milhões para garantir as operações, evidenciando um déficit de R$ 95 milhões.
Impacto direto na mobilidade urbana
Em Natal, uma possível interrupção do serviço afetaria drasticamente a mobilidade na região metropolitana, prejudicando principalmente trabalhadores e estudantes que dependem do transporte ferroviário diariamente. Além disso, a paralisação dos trens traria consequências graves como aumento da insegurança nas estações e linhas, risco de depredação do patrimônio público e dificuldades técnicas para retomar as operações no futuro. Paradoxalmente, mesmo com os trens parados, despesas fixas como vigilância e monitoramento teriam que ser mantidas.
“A continuidade das atividades é insustentável diante do atual cenário orçamentário”, alerta o documento, que faz um apelo à sensibilidade do Ministério das Cidades, destacando a importância dos sistemas operados pela CBTU para a mobilidade e qualidade de vida de milhares de pessoas nas capitais atendidas.
Nos últimos anos, o transporte ferroviário vinha passando por melhorias. No Rio Grande do Norte, por exemplo, a chamada Fase 4 do projeto de expansão foi iniciada na gestão anterior, com a revitalização do trecho entre Parnamirim e Nísia Floresta. Esses avanços agora correm o risco de serem descontinuados, comprometendo os investimentos feitos e o futuro do sistema ferroviário urbano no estado.
Até o momento, o Ministério das Cidades não se pronunciou oficialmente sobre possíveis medidas para recompor o orçamento da CBTU e evitar o colapso anunciado.
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