A candidata à Presidência de Honduras, Rixi Moncada, do partido de esquerda Liberdade e Refundação (Libre), denunciou nesta quinta-feira um suposto “plano golpista da direita” para alterar os resultados das eleições marcadas para 30 de novembro. Segundo Moncada, a trama teria sido orquestrada pela “elite sanguinária e corrupta do sistema bipartidário” — em alusão aos partidos Partido Nacional (HN) e Partido Liberal (HN) — em associação com membros do órgão eleitoral e das Forças Armadas.
Em publicação na rede social X, Moncada afirmou que apresentou áudios que confirmam como políticos, militares e empresários conspiram para alterar a vontade do povo. O anúncio foi feito durante um evento em Barrio Cabañas, em San Pedro Sula, local que a candidata qualificou como “berço da resistência popular da classe trabalhadora”.
Segundo o comunicado, as forças econômicas de Honduras estariam tentando impedir sua campanha. “A liderança do Partido Liberal, os banqueiros hondurenhos e o poder econômico do país querem me impedir porque eu represento o povo”, afirmou. Moncada reafirmou seu compromisso com a “refundação da nação” e declarou: “Declaramo-nos prontos para lutar em todo o país para derrotar a corrupção no Consejo Nacional Electoral de Honduras”.
A presidente hondurenha Xiomara Castro também se pronunciou contra o que chamou de “conspiração criminosa que visa a um golpe eleitoral”. Castro relacionou os autores do plano a atores envolvidos no golpe de Estado de 2009 e nas fraudes de 2013 e 2017, argumentando que “pretendem, mais uma vez, suplantar a vontade do povo, gerar caos e sequestrar a soberania popular”.
O caso já está sob investigação do Ministério Público. O procurador-geral Johel Zelaya declarou que recebeu 24 gravações de áudio fornecidas por um representante do Libre no CNE, e que as evidências apontam para associação ilícita entre um membro do CNE, um congressista e um militar da ativa. Zelaya classificou a tentativa de manipular os resultados como “um ataque direto à democracia, um crime de traição à pátria”, sujeito a pena de prisão de 15 a 20 anos.
Em reação, o ex-presidente Manuel Zelaya convocou para esta sexta-feira (31/10) uma reunião urgente da Coordenação Nacional do Libre para definir próximos passos diante da situação. Segundo o comunicado do partido, “diante da ameaça de destruição das eleições e de perturbação da paz, orquestrada pelo próprio CNE em associação com figuras políticas e militares corruptas do sistema bipartidário”, a mobilização interna tornou-se imperativa.
Com 6.522.577 eleitores cadastrados, as eleições de 30 de novembro definirão o presidente e três vice-presidentes, os 128 integrantes do Congresso Nacional e autoridades municipais em 298 municípios de Honduras. O cenário colocado por Moncada e pela investigação do MP coloca o país em alerta para o risco de instabilidade democrática em plena campanha eleitoral.






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