Em 2022, a centro-esquerda potiguar se dividiu na eleição para o Senado e para deputado federal. O resultado foi o PL, principal partido de oposição a Lula, elegendo 1 senador e 4 federais.
Em 2024, a centro-esquerda natalense repete os erros de sempre, priorizando a política pequena (recheada de intrigas e rancores) em detrimento da unidade que a tornaria competitiva). O resultado disso poderá ser o mesmo de 2022.
Veja 3 momentos que provam que falta aos líderes da centro-esquerda natalense a maturidade que a direita vem mostrando.
Abandono a Carlos Eduardo
O primeiro passo da tragédia anunciada da centro-esquerda natalense em 2024 foi dado já nas últimas eleições.
Com a reeleição bem encaminhada, Fátima Bezerra decidiu dar o xeque-mate antes mesmo da abertura das urnas. Trouxe Carlos Eduardo para sua chapa como candidato ao Senado.
Escanteou Jean Paul, que segunda as pesquisas internas venceria a eleição com o apoio de Lula.
Não buscou em momento algum o apoio de Rafael Motta para Carlos Eduardo. Julgou que Rafael estava blefando e o ignorou.
Na campanha, mesmo sem adversário, Fátima preferiu o caminho mais fácil para a reeleição no 1º turno: ignorou seu candidato a senador, Carlos Eduardo, e fez campanha com os prefeitos que apoiaram Rogério Marinho. O resultado foi previsível: Fátima reeleita no 1º turno e Rogério eleito senador.
Logo após a eleição, o PT abandona Carlos, lança Natália para a prefeitura de Natal e força o então aliado a buscar outros caminhos.
A imaturidade de Natália
2023 começou marcado pelo rompimento público entre o prefeito de Natal, Álvaro Dias, e o senador eleito Rogério Marinho. O partido de Álvaro, Republicanos, faz parte da base do governo Lula. E Álvaro buscou aproximação com o PT para viabilizar as obras que deseja concluir em sua gestão.
Diante da sinalização pública de Álvaro de que poderia apoiar um candidato do PT para a sua sucessão, a resposta veio de forma infantil pela voz de Natália Bonavides e de seu vereador, Daniel Valença. Um deselegante “tranca” em Álvaro.
As declarações de Natália irritaram até mesmo alguns dos mais importantes dirigentes do petismo no RN. E afastou de vez as chances de unir a base do governo Lula em 2024, na capital.
As picuinhas entre os vereadores petistas e Rafael Motta
No último dia 5, o ex-deputado federal Rafael Motta deu entrevista ao Estadão. “Apesar da Natália ter uma intenção de voto maior, ela meio que chegou em um teto. E o problema é que ela tem muita rejeição. Em um provável segundo turno, é arriscado haver uma derrota, dependendo do adversário”, disse Rafael.
A declaração se deu no momento em que ele encerrou sua passagem relâmpago pela gestão de Álvaro Dias e se lançou pré-candidato à Prefeitura de Natal. Foi a quarta pré-candidatura na base aliada de Lula: Natália Bonavides (PT), Carlos Eduardo (PSD), Joana Guerra (REP) e o próprio Rafael.
As suposições eram de que a declaração sobre a rejeição de Natália e a saída da gestão de Álvaro fariam parte de um movimento de unir dois partidos da base de Lula em Natal, o PSB e o PSD de Carlos Eduardo e Zenaide.
Mas este blog confirmou com segurança junto a interlocutores do PSD que não houve qualquer diálogo nesse sentido. Tudo parece ter sido mais um movimento típico da centro-esquerda potiguar.
Para alegria dos blogueiros, o caso não ficou por isso.
Na tarde de ontem, em suas redes sociais, a vereadora petista Brisa Bracchi deu o troco em Rafael. “Quem chega diminuindo a adversária com críticas rasas é porque ainda está procurando seu lugar”, disse Brisa, que complementou: “É conveniente que Rafael Motta tenha saído da péssima gestão de Álvaro Dias e diga que Natália tem rejeição”.
O vereador de Natália, Daniel Valença, também deu sua resposta: “A companheira Natália Bonavides estará no segundo turno das eleições deste ano. E isso não depende do desejo de Rafael Motta”.
Resultado: portas fechadas para o o diálogo entre PT, PSB e Republicanos.
Resumo da novela
Enquanto a centro-direita avança na unidade em torno de Paulinho Freire (UB – também este da base de Lula), a centro-esquerda se esfarela, atolada em projetos pessoais, vaidades e rancores.
Falta um líder, falta um adulto na mesa.