Após demissão de jornalista, chargista Rodrigo Brum relembra saída da Tribuna do Norte depois de crítica à Rogério Marinho

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O chargista Rodrigo Brum, conhecido por sua atuação crítica e bem-humorada no cenário político, usou as redes sociais nesta semana para relembrar o episódio de sua demissão da Tribuna do Norte, jornal no qual trabalhou por uma década. O motivo, segundo ele, teria sido uma charge envolvendo o então ex-ministro e atual senador Rogério Marinho (PL-RN), em 2022.

“Nunca esqueço a frase que ouvi no dia da minha demissão depois de 10 anos de Tribuna: ‘Poxa, Brum, mas você tinha que fazer uma charge do Rogério Marinho?’ – isso, logo após essa nova direção assumir”, escreveu o artista, no perfil @rabiscosdobrum.

Contexto da crítica: Rogério Marinho fala sobre a fome no Brasil

De acordo com Brum, sua demissão ocorreu logo após uma reunião com os novos diretores do jornal, marcada por promessas de liberdade editorial e profissionalismo. “Prometeram que não haveria interferência no conteúdo produzido pelos profissionais e chegaram a dizer que antes é que havia um posicionamento político”, lembra. “Durante esse período, sempre fiz charges com total liberdade e autonomia”, contesta.

Sua demissão, segundo ele, teria sido a publicação de uma charge que criticava diretamente Rogério Marinho, na época pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte. Embora a maior parte da produção do artista tenha abrangência nacional, das últimas 50 charges publicadas, apenas uma citava diretamente um candidato potiguar.

Na charge em questão, Brum satirizava declarações de Rogério Marinho feitas durante uma live no canal de Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), em 2022. Na ocasião, o então candidato ao Senado negou o agravamento da fome no Brasil e afirmou que o tema era uma invenção da esquerda.

“Há uma fake news sendo repetida pela esquerda de que existem 30 milhões de miseráveis no Brasil, quando na verdade nós estamos diminuindo a extrema pobreza”, disse Marinho, na transmissão ao lado de Eduardo Bolsonaro e João Roma (PL-BA).

A declaração foi alvo de duras críticas de especialistas e organizações sociais, já que o país havia acabado de retornar ao Mapa da Fome, com cerca de 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave, segundo dados de 2022.

“Esses militantes de esquerda estão se utilizando de um factoide de um estudo feito por pessoas que não têm a condição científica de produzir esse estudo”, afirmou Marinho na ocasião.

Heitor Gregório também foi demitido por fazer críticas

Recentemente, outro profissional do Tribuna do Norte foi afastado após fazer críticas a uma figura política. O jornalista Heitor Gregório, que mantinha um blog no portal do jornal há mais de dez anos, foi publicamente expulso pelo empresário Flávio Azevedo — dono do veículo e suplente do senador Rogério Marinho (PL) — após uma postagem criticando o prefeito de Natal, Paulinho Freire (União Brasil).

Em um comentário feito no Instagram, Azevedo alegou que Freire é seu amigo pessoal e que as críticas lhe causavam “constrangimento”, pedindo que o jornalista encontrasse “outra forma de veicular suas opiniões”. Para Heitor, a mensagem foi clara: “Ele deixou um recado muito claro a toda a Tribuna do Norte de que ninguém pode criticar o prefeito”.

A crítica que motivou a reação do empresário havia sido feita dias antes e se limitava a cobrar a ausência do prefeito durante um período de fortes chuvas na cidade. O episódio escancarou um ambiente de pressão editorial dentro do jornal, levantando novos questionamentos sobre a liberdade de expressão e o espaço para o contraditório na imprensa potiguar.

Confira o relato completo de Rodrigo Brum na época

Há poucos dias tivemos uma reunião super bacana na redação, cheia de otimismo, falando da nova direção. Saí de lá comentando com um dos jornalistas que achava ótimo esse posicionamento prometido na reunião: de não deixar a política influenciar nas decisões, mesmo tendo no seu quadro de chefia o suplente de um ex-ministro do atual governo, candidato ao senado. Pois bem, uma das primeiras atitudes dessa nova administração foi algo realmente sem qualquer conotação política: DEMITIR O CHARGISTA, que faz charges contra esse governo a favor da liberdade (kkkk).

Engraçado, que segundo a tal reunião, antes é que havia um posicionamento político, mas durante esse período, sempre fiz charges com total liberdade e autonomia. É isso, a partir de hoje não faço mais parte da Tribuna do Norte. Falar que não fiquei preocupado, estaria mentindo, é uma grana que vai fazer falta. Falar que não foi chato, outra mentira, fiz muitos amigos nesses 10 anos de Tribuna, gente que vai fazer falta. Mas saio com a cabeça mais erguida do que quando entrei. Bem melhor me demitirem do que tentarem me moldar. Pelo menos isso. Sinal que as charges funcionaram, alguém se doeu muito. A demissão? Uma consequência que infelizmente nós chargistas estamos sujeitos ao fazer nosso trabalho nesse período de “liberdade” (outra piada).

Agradeço muito por essa década de aprendizado. Pelo prazer de trabalhar com o gigante do jornalismo potiguar, Julião. De ter tido professores como Carlos Peixoto, Cledivânia Pereira e o grande Woden. Gente, eu trabalhei com Woden Madruga, parceiro do Henfil quando o mesmo morou por aqui. Aliás, o mesmo Henfil que um dia já fez charges lá no jornal… olha a honra, ocupamos o mesmo espaço. Então saio agradecendo por tudo isso. Espero ter feito alguma diferença durante esse tempo. Aprendi, errei, tive pequenas censuras, fui premiado, cresci. Por isso mesmo repito: Saio de cabeça erguida. E muito feliz, porque se o novo caminho for esse, de demitir quem vai contra o governo, é melhor tá de longe. Tem coisas que dinheiro nenhum compra. Mas como disse no título, vai o jornal mas fica o lápis. Continuarei com minhas charges, agora com muito mais liberdade. Quem sabe em breve consigo um outro veículo pra publicar, mas enquanto isso não acontece, não será isso que vai fazer eu ficar calado.



Após demissão de jornalista, chargista Rodrigo Brum relembra saída da Tribuna do Norte depois de crítica à Rogério Marinho

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O chargista Rodrigo Brum, conhecido por sua atuação crítica e bem-humorada no cenário político, usou as redes sociais nesta semana para relembrar o episódio de sua demissão da Tribuna do Norte, jornal no qual trabalhou por uma década. O motivo, segundo ele, teria sido uma charge envolvendo o então ex-ministro e atual senador Rogério Marinho (PL-RN), em 2022.

“Nunca esqueço a frase que ouvi no dia da minha demissão depois de 10 anos de Tribuna: ‘Poxa, Brum, mas você tinha que fazer uma charge do Rogério Marinho?’ – isso, logo após essa nova direção assumir”, escreveu o artista, no perfil @rabiscosdobrum.

Contexto da crítica: Rogério Marinho fala sobre a fome no Brasil

De acordo com Brum, sua demissão ocorreu logo após uma reunião com os novos diretores do jornal, marcada por promessas de liberdade editorial e profissionalismo. “Prometeram que não haveria interferência no conteúdo produzido pelos profissionais e chegaram a dizer que antes é que havia um posicionamento político”, lembra. “Durante esse período, sempre fiz charges com total liberdade e autonomia”, contesta.

Sua demissão, segundo ele, teria sido a publicação de uma charge que criticava diretamente Rogério Marinho, na época pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte. Embora a maior parte da produção do artista tenha abrangência nacional, das últimas 50 charges publicadas, apenas uma citava diretamente um candidato potiguar.

Na charge em questão, Brum satirizava declarações de Rogério Marinho feitas durante uma live no canal de Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), em 2022. Na ocasião, o então candidato ao Senado negou o agravamento da fome no Brasil e afirmou que o tema era uma invenção da esquerda.

“Há uma fake news sendo repetida pela esquerda de que existem 30 milhões de miseráveis no Brasil, quando na verdade nós estamos diminuindo a extrema pobreza”, disse Marinho, na transmissão ao lado de Eduardo Bolsonaro e João Roma (PL-BA).

A declaração foi alvo de duras críticas de especialistas e organizações sociais, já que o país havia acabado de retornar ao Mapa da Fome, com cerca de 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave, segundo dados de 2022.

“Esses militantes de esquerda estão se utilizando de um factoide de um estudo feito por pessoas que não têm a condição científica de produzir esse estudo”, afirmou Marinho na ocasião.

Heitor Gregório também foi demitido por fazer críticas

Recentemente, outro profissional do Tribuna do Norte foi afastado após fazer críticas a uma figura política. O jornalista Heitor Gregório, que mantinha um blog no portal do jornal há mais de dez anos, foi publicamente expulso pelo empresário Flávio Azevedo — dono do veículo e suplente do senador Rogério Marinho (PL) — após uma postagem criticando o prefeito de Natal, Paulinho Freire (União Brasil).

Em um comentário feito no Instagram, Azevedo alegou que Freire é seu amigo pessoal e que as críticas lhe causavam “constrangimento”, pedindo que o jornalista encontrasse “outra forma de veicular suas opiniões”. Para Heitor, a mensagem foi clara: “Ele deixou um recado muito claro a toda a Tribuna do Norte de que ninguém pode criticar o prefeito”.

A crítica que motivou a reação do empresário havia sido feita dias antes e se limitava a cobrar a ausência do prefeito durante um período de fortes chuvas na cidade. O episódio escancarou um ambiente de pressão editorial dentro do jornal, levantando novos questionamentos sobre a liberdade de expressão e o espaço para o contraditório na imprensa potiguar.

Confira o relato completo de Rodrigo Brum na época

Há poucos dias tivemos uma reunião super bacana na redação, cheia de otimismo, falando da nova direção. Saí de lá comentando com um dos jornalistas que achava ótimo esse posicionamento prometido na reunião: de não deixar a política influenciar nas decisões, mesmo tendo no seu quadro de chefia o suplente de um ex-ministro do atual governo, candidato ao senado. Pois bem, uma das primeiras atitudes dessa nova administração foi algo realmente sem qualquer conotação política: DEMITIR O CHARGISTA, que faz charges contra esse governo a favor da liberdade (kkkk).

Engraçado, que segundo a tal reunião, antes é que havia um posicionamento político, mas durante esse período, sempre fiz charges com total liberdade e autonomia. É isso, a partir de hoje não faço mais parte da Tribuna do Norte. Falar que não fiquei preocupado, estaria mentindo, é uma grana que vai fazer falta. Falar que não foi chato, outra mentira, fiz muitos amigos nesses 10 anos de Tribuna, gente que vai fazer falta. Mas saio com a cabeça mais erguida do que quando entrei. Bem melhor me demitirem do que tentarem me moldar. Pelo menos isso. Sinal que as charges funcionaram, alguém se doeu muito. A demissão? Uma consequência que infelizmente nós chargistas estamos sujeitos ao fazer nosso trabalho nesse período de “liberdade” (outra piada).

Agradeço muito por essa década de aprendizado. Pelo prazer de trabalhar com o gigante do jornalismo potiguar, Julião. De ter tido professores como Carlos Peixoto, Cledivânia Pereira e o grande Woden. Gente, eu trabalhei com Woden Madruga, parceiro do Henfil quando o mesmo morou por aqui. Aliás, o mesmo Henfil que um dia já fez charges lá no jornal… olha a honra, ocupamos o mesmo espaço. Então saio agradecendo por tudo isso. Espero ter feito alguma diferença durante esse tempo. Aprendi, errei, tive pequenas censuras, fui premiado, cresci. Por isso mesmo repito: Saio de cabeça erguida. E muito feliz, porque se o novo caminho for esse, de demitir quem vai contra o governo, é melhor tá de longe. Tem coisas que dinheiro nenhum compra. Mas como disse no título, vai o jornal mas fica o lápis. Continuarei com minhas charges, agora com muito mais liberdade. Quem sabe em breve consigo um outro veículo pra publicar, mas enquanto isso não acontece, não será isso que vai fazer eu ficar calado.


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