A atriz potiguar Alice Carvalho utilizou suas redes sociais para criticar o atual modelo trabalhista brasileiro, em especial a jornada 6x, que obriga o trabalhador a cumprir seis dias consecutivos de trabalho para apenas um de descanso. Em publicação no X (antigo Twitter), Alice fez um apelo por mudanças estruturais e políticas que priorizem a classe trabalhadora:
“Enquanto não taxarmos grandes fortunas e não acabarmos com a escala 6×1, vamos continuar sendo O PAÍS DO FUTURO que nunca chega. O trabalhador não aguenta mais essas dinâmicas trabalhistas escravocratas!”, escreveu.
A fala da artista ocorre em meio à estagnação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6×1, que tramita na Câmara dos Deputados. Protocolada há mais de dois meses pela deputada federal Erica Hilton (PSOL-SP), a PEC propõe o fim da escala 6×1 e defende jornadas mais humanas, com mais dias de descanso remunerado. No entanto, até agora, o texto não avançou. A presidência da Câmara ainda não encaminhou a matéria para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nem criou uma comissão especial para análise.
Apesar da pressão popular e do debate crescente nas redes sociais e nas ruas, a proposta continua fora da pauta legislativa. A líder do PSOL na Câmara, deputada Talíria Petrone (RJ), afirmou que a PEC será a próxima prioridade da bancada:
“A gente vai levar para o colégio de líderes a necessidade de abrir a comissão especial relativa a essa PEC. Tenho certeza de que vamos conseguir fazer pressão, inclusive junto com o governo, para que essa proposta avance na Câmara.”
A defesa por jornadas mais humanas vem ganhando apoio da população. De acordo com uma pesquisa da consultoria Nexus, 65% dos brasileiros são favoráveis à redução da jornada de trabalho, percentual que sobe para 76% entre jovens de 16 a 24 anos.
Projeto semelhante em Natal
A discussão sobre a jornada exaustiva também tem ganhado espaço no legislativo municipal de Natal. A vereadora Thabatta Pimenta apresentou um projeto de lei pioneiro que propõe substituir o regime 6×1 por uma jornada de até 32 horas semanais, distribuídas em quatro dias de trabalho, com três dias de descanso remunerado, incluindo sábado ou domingo.
Segundo Thabatta, a proposta visa garantir dignidade, saúde mental e mais qualidade de vida aos trabalhadores da capital potiguar, especialmente os terceirizados, que enfrentam jornadas extensas em setores como limpeza urbana, obras e segurança.
“Estamos falando de algo revolucionário, permitir que o trabalhador tenha tempo para viver, estar com a família, cuidar da saúde ou buscar qualificação. É sobre reconhecer que a vida é mais do que trabalho”, afirmou a vereadora.
O projeto também determina que todos os contratos da administração municipal deverão seguir a nova jornada, promovendo um padrão de trabalho mais justo em toda a cidade.
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