Algumas palavras sobre as eleições municipais de 2024

O que preocupa é a insuficiência das análises e do conhecimento produzido sobre as relações existentes entre as eleições nacionais e estaduais e as eleições municipais, constituindo lacunas importantes sobre como esses diferentes processos eleitorais determinam a estruturação do sistema político brasileiro e suas tendências de desenvolvimento histórico.

Comentários

Uma resposta para “Algumas palavras sobre as eleições municipais de 2024”

  1. Avatar de Francisco Ilo

    Parabéns, pelo texto lúcido, professor João Evangelista.
    Civilização ou Barbarie, eis a questão):

    Em 06/10/2024 para Natal voltar a sorrir de novo, sem medo de ser feliz!

    Digito:
    13013 – Joao Oliveira – Vereador PT
    13 Natália -Prefeita PT

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Ícone de crédito Foto: Reprodução

Peço licença para dirigir-lhe algumas palavras sobre as eleições do próximo dia 06 de outubro de 2024.

O sistema político brasileiro estabelece que a cada dois anos os(as) brasileiros(as) expressem suas preferências político-eleitorais, separando as eleições nacionais (presidência da República, Senado, Câmara dos Deputados) e estaduais (Governos Estaduais e Assembleias Legislativas) e as eleições municipais (Prefeituras e Câmaras Municipais).

Os estudos e as pesquisas em Sociologia e Ciência Política no Brasil pós-redemocratização têm conferido mais atenção e, consequentemente, importância às eleições nacionais e estaduais. Há investigações sobre as eleições municipais, porém em números bem menores.

A meu juízo, todavia, o problema maior não está na evidente secundarização do conhecimento sobre as eleições municipais e a importância dos seus resultados sobre o sistema político nacional.

O que preocupa é a insuficiência das análises e do conhecimento produzido sobre as relações existentes entre as eleições nacionais e estaduais e as eleições municipais, constituindo lacunas importantes sobre como esses diferentes processos eleitorais determinam a estruturação do sistema político brasileiro e suas tendências de desenvolvimento histórico.

Isso se aplica, sobretudo, às preocupações acadêmicas e, curiosamente, à falta de entendimento das forças políticas mais democráticas, progressistas e dos partidos de esquerda sobre o caráter estratégico das eleições municipais para a configuração da correlação entre as forças políticas e a disputa de hegemonia entre as diversas visões de mundo no sistema político brasileiro.

Por outro lado, as forças políticas conservadoras e a extrema-direita demonstram, principalmente nas quatro últimas eleições, uma aguçada percepção da importância das eleições municipais na disputa nacional pela direção moral e intelectual de sua visão de mundo, que legitima o exercício do poder e do governo no Brasil.

Esse é o momento em que os(as) futuros(as) postulantes aos cargos de deputado estadual, deputado federal e senador mobilizam seus financiadores públicos e privados, muitas vezes à margem da lei, para dispor de muito dinheiro para prover as necessidades de financiamento das campanhas de prefeitos(as) e vereadores nas chamadas “bases” eleitorais. Também em política, em especial quando se trata de eleições no Brasil, “não se dá ponto sem nó”.

As eleições municipais são o palco para a constituição de redes de apoio político-eleitoral mútuo firmadas entre os(as) postulantes, em 2026, a deputado estadual, a deputado federal e a senador e os(as) prefeitos(as) e vereadores(as) eleitos ou, mesmo, aqueles candidatos que obtiveram significativa votação nos diversos municípios.

Não tenhamos ilusão. No Brasil, a democracia coexiste de forma subordinada ao poder do dinheiro. As práticas políticas dominantes caracterizam na verdade a existência de uma plutocracia. Os donos do dinheiro e da propriedade são os donos do poder.

Em linguagem direta, as lideranças políticas do campo conservador, de direita e de extrema-direita literalmente “compram” seus mandatos. Nas eleições municipais, acontece o pagamento da primeira “parcela” dessa relação mercantil de compra de mandatos. Em 2026, sobretudo nas eleições parlamentares para deputados estaduais e deputados federais, verificar-se-á o pagamento da segunda “parcela”, quando essa relação mercantil se completa.

A política é reduzida ao espaço da compra e venda de mandatos e votos. Não é preciso muito esforço intelectual para imaginar as consequências práticas disso tudo. A política se degrada e aparece como o espaço social do suborno, da corrupção e do enriquecimento ilícito de muitos políticos profissionais, de cima a baixo do nosso sistema político.

Não é por acaso que, hoje, há um sentimento amplamente disseminado de repulsa à política e aos políticos em geral. A crise e a deslegitimação das instituições políticas é o resultado mais visível disso. O paradoxo criado é que esse sentimento atinge em cheio a credibilidade das forças políticas que poderiam liderar um processo de transformação estrutural da sociedade brasileira e, pasmem, a direita e a extrema-direita podem aparecer ilusoriamente para muitos como portadores de propostas contra o “sistema”.

A disseminação da antipolítica é a antessala do fim da política e da democracia como esfera plural e republicana de organização e explicitação dos diferentes e contraditórios interesses sociais e projetos de país que são constitutivos da sociedade brasileira. A história nos ensina que estamos próximos da implantação da tirania e da barbárie.

Esse, em termos muito resumidos e esquemáticos, é o resultado dos estudos e das pesquisas realizados sobre os processos eleitorais, nos quais procuramos desvendar as conexões entre as eleições municipais e as eleições estaduais e nacionais que caracterizam o sistema político brasileiro.

Pelas razões acima expostas, precisamos mudar radicalmente o nosso entendimento e comportamento políticos e tratarmos as eleições municipais como estratégicas para a definição da correlação de forças entre os muitos partidos e facções que constituem o sistema político no Brasil. O futuro se decide hoje!

Em outras palavras, o nosso voto agora decide o futuro da democracia e dos contornos dos direitos e da cidadania que queremos construir na sociedade brasileira. A hegemonia de uma determinada visão de mundo define o projeto de país e de sociedade que teremos.

Por isso, voto e peço o seu voto para elegermos prefeitos(as) comprometidos(as) com a defesa e a ampliação da democracia e com a luta para derrotarmos o neofascismo que é uma ameaça em várias partes do mundo, especialmente no Brasil.

E, também muito importante, elegermos e ampliarmos as bancadas de vereadores(as) que adotam uma perspectiva democrática e popular e priorizam a luta, a organização e a representação das classes populares e dos movimentos sociais nas pautas das Câmaras Municipais.

É a partir da construção de um projeto de cidade, que rompa de vez com a reprodução das desigualdades estruturais entre ricos e pobres e que contemple as utopias de uma vida social boa e digna para todas as pessoas de todas as idades, gêneros, raças e classe social. Esse é o caminho para recuperarmos a capacidade de sonhar com um mundo que mereça ser humanamente vivido.

Precisamos, coletivamente, construir uma sociedade que possa favorecer a nossa realização como seres humanos singulares e plurais, capazes de exercer e usufruir da liberdade e da autonomia para tornar realidade uma vida social na qual todas as pessoas tenham os mesmos direitos à uma cidadania ampliada e em constante ampliação, baseada na multiplicidade de necessidades e desejos e na indispensável preservação da natureza numa relação de equilíbrio e respeito ao nosso meio-ambiente.

É para isso que voto e peço o seu voto para Natália 13 para prefeita e João Oliveira 13013 para vereador em Natal nessas eleições de 2024.



Algumas palavras sobre as eleições municipais de 2024

O que preocupa é a insuficiência das análises e do conhecimento produzido sobre as relações existentes entre as eleições nacionais e estaduais e as eleições municipais, constituindo lacunas importantes sobre como esses diferentes processos eleitorais determinam a estruturação do sistema político brasileiro e suas tendências de desenvolvimento histórico.

Ícone de crédito Foto: Reprodução

Peço licença para dirigir-lhe algumas palavras sobre as eleições do próximo dia 06 de outubro de 2024.

O sistema político brasileiro estabelece que a cada dois anos os(as) brasileiros(as) expressem suas preferências político-eleitorais, separando as eleições nacionais (presidência da República, Senado, Câmara dos Deputados) e estaduais (Governos Estaduais e Assembleias Legislativas) e as eleições municipais (Prefeituras e Câmaras Municipais).

Os estudos e as pesquisas em Sociologia e Ciência Política no Brasil pós-redemocratização têm conferido mais atenção e, consequentemente, importância às eleições nacionais e estaduais. Há investigações sobre as eleições municipais, porém em números bem menores.

A meu juízo, todavia, o problema maior não está na evidente secundarização do conhecimento sobre as eleições municipais e a importância dos seus resultados sobre o sistema político nacional.

O que preocupa é a insuficiência das análises e do conhecimento produzido sobre as relações existentes entre as eleições nacionais e estaduais e as eleições municipais, constituindo lacunas importantes sobre como esses diferentes processos eleitorais determinam a estruturação do sistema político brasileiro e suas tendências de desenvolvimento histórico.

Isso se aplica, sobretudo, às preocupações acadêmicas e, curiosamente, à falta de entendimento das forças políticas mais democráticas, progressistas e dos partidos de esquerda sobre o caráter estratégico das eleições municipais para a configuração da correlação entre as forças políticas e a disputa de hegemonia entre as diversas visões de mundo no sistema político brasileiro.

Por outro lado, as forças políticas conservadoras e a extrema-direita demonstram, principalmente nas quatro últimas eleições, uma aguçada percepção da importância das eleições municipais na disputa nacional pela direção moral e intelectual de sua visão de mundo, que legitima o exercício do poder e do governo no Brasil.

Esse é o momento em que os(as) futuros(as) postulantes aos cargos de deputado estadual, deputado federal e senador mobilizam seus financiadores públicos e privados, muitas vezes à margem da lei, para dispor de muito dinheiro para prover as necessidades de financiamento das campanhas de prefeitos(as) e vereadores nas chamadas “bases” eleitorais. Também em política, em especial quando se trata de eleições no Brasil, “não se dá ponto sem nó”.

As eleições municipais são o palco para a constituição de redes de apoio político-eleitoral mútuo firmadas entre os(as) postulantes, em 2026, a deputado estadual, a deputado federal e a senador e os(as) prefeitos(as) e vereadores(as) eleitos ou, mesmo, aqueles candidatos que obtiveram significativa votação nos diversos municípios.

Não tenhamos ilusão. No Brasil, a democracia coexiste de forma subordinada ao poder do dinheiro. As práticas políticas dominantes caracterizam na verdade a existência de uma plutocracia. Os donos do dinheiro e da propriedade são os donos do poder.

Em linguagem direta, as lideranças políticas do campo conservador, de direita e de extrema-direita literalmente “compram” seus mandatos. Nas eleições municipais, acontece o pagamento da primeira “parcela” dessa relação mercantil de compra de mandatos. Em 2026, sobretudo nas eleições parlamentares para deputados estaduais e deputados federais, verificar-se-á o pagamento da segunda “parcela”, quando essa relação mercantil se completa.

A política é reduzida ao espaço da compra e venda de mandatos e votos. Não é preciso muito esforço intelectual para imaginar as consequências práticas disso tudo. A política se degrada e aparece como o espaço social do suborno, da corrupção e do enriquecimento ilícito de muitos políticos profissionais, de cima a baixo do nosso sistema político.

Não é por acaso que, hoje, há um sentimento amplamente disseminado de repulsa à política e aos políticos em geral. A crise e a deslegitimação das instituições políticas é o resultado mais visível disso. O paradoxo criado é que esse sentimento atinge em cheio a credibilidade das forças políticas que poderiam liderar um processo de transformação estrutural da sociedade brasileira e, pasmem, a direita e a extrema-direita podem aparecer ilusoriamente para muitos como portadores de propostas contra o “sistema”.

A disseminação da antipolítica é a antessala do fim da política e da democracia como esfera plural e republicana de organização e explicitação dos diferentes e contraditórios interesses sociais e projetos de país que são constitutivos da sociedade brasileira. A história nos ensina que estamos próximos da implantação da tirania e da barbárie.

Esse, em termos muito resumidos e esquemáticos, é o resultado dos estudos e das pesquisas realizados sobre os processos eleitorais, nos quais procuramos desvendar as conexões entre as eleições municipais e as eleições estaduais e nacionais que caracterizam o sistema político brasileiro.

Pelas razões acima expostas, precisamos mudar radicalmente o nosso entendimento e comportamento políticos e tratarmos as eleições municipais como estratégicas para a definição da correlação de forças entre os muitos partidos e facções que constituem o sistema político no Brasil. O futuro se decide hoje!

Em outras palavras, o nosso voto agora decide o futuro da democracia e dos contornos dos direitos e da cidadania que queremos construir na sociedade brasileira. A hegemonia de uma determinada visão de mundo define o projeto de país e de sociedade que teremos.

Por isso, voto e peço o seu voto para elegermos prefeitos(as) comprometidos(as) com a defesa e a ampliação da democracia e com a luta para derrotarmos o neofascismo que é uma ameaça em várias partes do mundo, especialmente no Brasil.

E, também muito importante, elegermos e ampliarmos as bancadas de vereadores(as) que adotam uma perspectiva democrática e popular e priorizam a luta, a organização e a representação das classes populares e dos movimentos sociais nas pautas das Câmaras Municipais.

É a partir da construção de um projeto de cidade, que rompa de vez com a reprodução das desigualdades estruturais entre ricos e pobres e que contemple as utopias de uma vida social boa e digna para todas as pessoas de todas as idades, gêneros, raças e classe social. Esse é o caminho para recuperarmos a capacidade de sonhar com um mundo que mereça ser humanamente vivido.

Precisamos, coletivamente, construir uma sociedade que possa favorecer a nossa realização como seres humanos singulares e plurais, capazes de exercer e usufruir da liberdade e da autonomia para tornar realidade uma vida social na qual todas as pessoas tenham os mesmos direitos à uma cidadania ampliada e em constante ampliação, baseada na multiplicidade de necessidades e desejos e na indispensável preservação da natureza numa relação de equilíbrio e respeito ao nosso meio-ambiente.

É para isso que voto e peço o seu voto para Natália 13 para prefeita e João Oliveira 13013 para vereador em Natal nessas eleições de 2024.


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  1. Avatar de Francisco Ilo

    Parabéns, pelo texto lúcido, professor João Evangelista.
    Civilização ou Barbarie, eis a questão):

    Em 06/10/2024 para Natal voltar a sorrir de novo, sem medo de ser feliz!

    Digito:
    13013 – Joao Oliveira – Vereador PT
    13 Natália -Prefeita PT

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