A falésia que desmoronou em Barra de Tabatinga, município de Nísia Floresta, corre risco de novos desmoronamentos, segundo avaliações de professores do Departamento de Geografia da UFRN. Para os pesquisadores, que visitaram a região nesta quarta-feira (27), é necessária uma intervenção do Poder Público para diminuir os riscos para a população, com ações como a reposição de sinalizações e até viabilização de meio-fios para evitar descida de água de chuvas para a falésia entre outras ações sistêmicas para evitar acidentes.
Segundo os pesquisadores, o desmoronamento de parte da falésia faz parte de um processo natural de erosão costeira, vivenciado de maneira mundial. A área que desabou é próxima a antiga casa de recepções Hellenus Falésias, que teve decisão judicial para demolição expedida em 2011. Pesquisadores da UFRN do Projeto Falésias apontaram que um deslizamento foi registrado em novembro, mas sem grandes proporções.
“Naquela área já existiu um empreendimento, que era o Hellenus. Inclusive, parte dos restos de construção que tem lá também caíram”, explica Rodrigo de Freitas, professor do departamento de Geografia da UFRN. “O desabamento faz parte do processo iniciado com a erosão na base da falésia. A onda vai batendo naquela base e o material vai se dissolvendo e sendo removido. O material fica em suspensão na falésia. Como estamos no período chuvoso, a água tanto aumento o peso do material, quanto também as fraturas na rocha da formação barreiras vai aumentando. E chega um momento que colapsa. Esse é o motivo do movimento. Chamou a atenção esse evento por causa da dimensão”, acrescenta.
O docente foi um dos quatro pesquisadores da UFRN que visitaram a área nesta quarta-feira (27) para perícias e avaliações, com o intuito de catalogar dados e sistematizar eventuais sugestões para a área. O grupo foi de maneira própria e chegou a subir um drone para ter um mapeamento Ao lado dele estavam Sílvio Braz, também docente do programa, e Heleriany Madeiros e Carlisson Oliveira, do doutorado e mestrado em Geografia na UFRN, respectivamente. Todos possuem pesquisas em áreas costeiras e de falésias no Rio Grande do Norte.
A falésia, que tem 28m de altura e rochas do tipo areníticas da formação barreiras, registrou uma área de cerca de 40m de desabamento e rochas pesadas, uma delas de 1 tonelada, a 15 metros de distância da área que desabou.
Os pesquisadores apontam para uma série de riscos para a área no entorno da falésia, como por exemplo, a RN-063 que fica nas proximidades da área, e uma estrada de terra que dá acesso a várias casas de praias e empreendimentos em Tabatinga. Parte dessa estrada chegou a ser afetada com o desabamento. Aliado a isso, há uma pequena residência que fica na beirada da falésia, num risco alto para os moradores.
“É necessário uma sistemática em nível de Governo Federal para se monitorar os riscos das falésias mensalmente, para se gerar dados e relatórios apontando naquelas áreas onde tem mais riscos de colapsos. Com os equipamentos conseguimos identificar fraturas e indicativos de onde tem mais risco de colapso”, acrescenta o professor Rodrigo de Freitas.
A área foi isolada. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Nísia Florsta, Bismarck Sátiro, placas de sinalização e barreiras foram posicionas próximas a falésia, a fim de alertar a população sobre o risco de desabamento da falésia.