Com receitas em alta, RN segue limitado para investir devido ao peso das despesas correntes

Ícone de crédito Foto: ALEX RÉGIS






Com receitas em alta, RN segue limitado para investir devido ao peso das despesas correntes





Ícone de crédito Foto: ALEX RÉGIS


A Receita Corrente Líquida (RCL) do Rio Grande do Norte cresceu 14% no quinto bimestre de 2025, alcançando R$ 19 bilhões entre os meses de setembro e outubro. O avanço expressivo da arrecadação, no entanto, não resultou em maior capacidade de investimento público, uma vez que as despesas correntes do Estado avançaram no mesmo ritmo, mantendo o orçamento pressionado. O cenário foi detalhado em reportagem da Tribuna do Norte, com base em dados oficiais da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

No mesmo período de 2024, a RCL potiguar havia somado R$ 16,7 bilhões. Em comparação com outros estados do Nordeste, o Rio Grande do Norte registrou o segundo maior crescimento no período, ficando atrás apenas de Sergipe, que apresentou alta de 16%. Apesar do desempenho positivo da receita, a despesa corrente também cresceu 14%, passando de R$ 15,4 bilhões no quinto bimestre do ano passado para R$ 17,5 bilhões neste ano.

Os dados constam do Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) em Foco, elaborado pela STN em parceria com o Ministério da Fazenda. O levantamento considera a receita líquida efetivamente disponível ao Estado, já descontados os repasses constitucionais e legais, ou seja, os recursos de livre uso pelo poder público.

Para o economista Thales Penha, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), os números ainda não refletem a correção inflacionária, o que significa que, em termos reais, tanto a receita quanto a despesa cresceriam menos. Ainda assim, ele destaca que o aumento da arrecadação está diretamente relacionado ao aquecimento da economia estadual, com melhora nos índices de emprego e maior atividade produtiva.

Segundo Penha, o relatório mostra que o crescimento da arrecadação tem sido impulsionado principalmente pelos tributos próprios, sobretudo o ICMS, responsável por cerca de 92% da arrecadação tributária do Estado. “O Rio Grande do Norte vem arrecadando mais por meio de receitas próprias do que recebendo transferências correntes da União, o que indica maior dinamismo da economia local”, avalia.

O economista Ricardo Valério, superintendente do Conselho Regional de Economia do RN (Corecon/RN), também reconhece o papel da arrecadação tributária, mas pondera que o período entre outubro e março é tradicionalmente mais favorável às receitas estaduais em todo o país. Ele acrescenta que repasses federais expressivos, a inflação e o bom desempenho do comércio varejista também contribuíram para o resultado positivo observado no quinto bimestre.

Apesar do crescimento da RCL, o resultado orçamentário do Estado apresentou retração. Até o quinto bimestre de 2025, o saldo entre receitas realizadas e despesas liquidadas foi de R$ 1 bilhão, equivalente a 6% da RCL. No mesmo período do ano passado, o resultado havia sido de R$ 1,05 bilhão, correspondendo a 8% da receita corrente. Para os especialistas, essa oscilação reflete a fragilidade estrutural das contas públicas estaduais.

De acordo com Thales Penha, o orçamento do Rio Grande do Norte segue fortemente pressionado pelos gastos com pessoal e pelos chamados gastos tributários, o que reduz a margem para investimentos e aumenta a dependência de transferências federais e de investimentos privados. Já Ricardo Valério chama atenção para a baixa diversificação da base econômica do Estado, excessivamente concentrada nos setores de comércio e serviços. Para ele, o fortalecimento de atividades estratégicas, como a geração de energia limpa e renovável, pode representar uma alternativa no médio e longo prazos.

O RREO aponta que as despesas com pessoal representam 73% das despesas liquidadas do Estado até o quinto bimestre deste ano. Os investimentos correspondem a apenas 3% do total, percentual superior apenas ao gasto com serviços da dívida, que soma 2%. As despesas de custeio, por sua vez, respondem por 17%. O baixo nível de investimentos é apontado como um dos principais entraves ao desenvolvimento econômico e social do Rio Grande do Norte.

A Secretaria de Administração do Estado (Sead/RN) atribui a pressão sobre a folha de pagamento a fatores como pisos constitucionais, reajustes do salário mínimo e o crescimento do número de servidores que migram da ativa para a inatividade, sem reposição equivalente. Segundo a pasta, a estrutura atual de pessoal é resultado de decisões tomadas em décadas passadas, especialmente até os anos 1980.

Atualmente, a folha bruta do Estado soma R$ 933 milhões, dos quais R$ 445 milhões são destinados a servidores ativos e R$ 487 milhões a aposentados e pensionistas. A Sead afirma que há expectativa de redução gradual do gasto previdenciário nos próximos anos e projeta que o comprometimento da despesa com pessoal em relação à RCL fique abaixo de 49% até 2030.

Além da folha, o déficit previdenciário agrava o cenário fiscal. Segundo a STN, o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) do RN apresentou déficit de 11% em relação à RCL no quinto bimestre de 2025, com resultado negativo de R$ 1,7 milhão, superior ao registrado no ano anterior. Para especialistas, o problema exige soluções estruturais e de longo prazo, incluindo uma nova reforma previdenciária.

Com informações da Tribuna do Norte.


Comentários

Uma resposta para “Com receitas em alta, RN segue limitado para investir devido ao peso das despesas correntes”

  1. Avatar de 777colorlogin

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