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Olá, queridos! Como vão?
Essa semana aconteceu uma situação aqui em casa que, apesar de simples e rápida, me fez refletir sobre algo nem tão simples, nem tão rápido de assimilar e internalizar.
Escutei minha mãe de saída e falando algo sobre o brinco que caiu da orelha por conta da tarraxa folgada. Na mesma hora, fui ofertar uma solução. Comprei pela internet um saquinho com centenas (sim, centenas) daquelas tarraxas de silicone que deixam o brinco bem fixo na orelha.
Cheguei até ela já com o saquinho de tarraxas na mão, aberto para facilitar, e os ofereci. Acho que foi minha pressa em pegar logo para não a atrasar mais ainda, ou minha falta de atenção, sei que acabei derrubando o saquinho no chão.
Inúmeras peças muito pequeninas espalhadas. Eu só olhei para aquilo e respirei. Minha mãe se abaixou e pegou as duas que precisava, desculpando-se por não poder ajudar a recolher pois já estava atrasada. Eu me abaixei, comecei a juntar tudo e chamei pela funcionária da casa. Ela estava na cozinha, comendo. Eu disse que não viesse.
Olhei para todas aquelas tarraxas no chão, facilmente confundíveis com o piso, pequenas e leves. Mestras em se espalhar e se camuflar. Pensei em pegar uma vassoura, mas não queria toda aquela poeira que, com certeza, viria junto.
Lá estava eu de joelhos no chão e igual a quem cata feijão, só com o dedo indicador grudando em pecinha por pecinha para colocar de volta no saquinho de onde nunca deveriam ter caído. Fui começando pelos mais espalhados, depois me aproximando mais do centro.
Assim que caiu tudo no chão eu já me fiz uma pergunta: vai se aborrecer ou vai fazer algo sobre isso? Resolvi não me chatear nem praguejar pelo incidente que eu mesma tinha causado. Até porque, além do trabalho óbvio à frente, eu teria mais dois trabalhos: emputecer e desemputecer.
Deu trabalho? Deu! Mas não foi o fim do mundo. Tomou meu tempo? Sim! Mas teria tomado muito mais se eu tivesse ficado resmungando. Teria me trazido alívio soltar um palavrão bem cabeludo e deixar essa frustração sair? Talvez. Mas percebi que canalizar minha energia para outro viés foi muito mais produtivo.
Ali vi as várias lições que tirei daquela situação. A primeira: não é porque você ofereceu ajuda a alguém que esse alguém tem que te ajudar de volta. Eu ajudei minha mãe porque eu quis e ela sequer pediu. Seu foco era outro naquele momento: o horário apertado. Não é justo querer exigir que o outro ofereça o mesmo que nós. Cada um dá o que pode e o que tem. E pronto.
Isso vale para todos. Às vezes vamos estar em situações em que precisamos de alguém, mas ninguém virá. Não porque ninguém se importa, mas porque muitas vezes as pessoas já estão lidando com outras coisas que não podem deixar de ser feitas para nos atender. Por maior que seja nossa necessidade de ajuda, a gente nunca sabe com o que o outro está lidando quando não pode nos ajudar.
Outra: quando resolvi não deixar a frustração e o aborrecimento tomarem conta da mim, eu me permiti focar no que estava fazendo e me perguntar: “o que posso aprender com isso?”. E a resposta veio na hora. Pude reforçar que, quando me permito, consigo me enxergar de verdade em todas as situações.
Pude relembrar que, às vezes, o processo é chato, demorado, trabalhoso, tem retrocessos (quando eu já tinha recolhido alguns, deixei o saquinho cair de novo), mas que se eu começar ele termina, eventualmente. E que quando mantemos o foco nas coisas certas, podemos planejar e otimizar até mesmo as tarefas mais chatas e demoradas.
Pude confirmar que tudo na vida, por mais insignificante que pareça, pode ser uma oportunidade para olhar para mim, olhar ao meu redor, aprender com tudo que me cerca e agradecer a minha habilidade de pensar, agradecer a mim mesma por me permitir aprender sempre.
Não me entenda mal. Não sou uma pessoa zen e evoluída que não se aborrece. Adoraria! Tem coisas que me aborrecem até mais do que deviam e que, inclusive, eu já devia ter superado há muito tempo. Mas isso é conversa para outro dia.
O que quero dizer é que há momentos em que conseguimos escolher, sim, se vamos nos aborrecer ou não. Em que podemos escolher nossa reação, por mais que seja difícil nos controlar. E vamos aprendendo qual conseguimos e qual não.
Afinal, tudo é um processo. E autoconhecimento não é diferente. Sempre que possível, opto pelo modo “observadora de mim mesma”. Esses momentos são mágicos e caríssimos! Esse meu momento acabou rendendo reflexões e esse texto aqui. Para vocês, pode render até muito mais. Quem sabe aonde cada um de nós pode chegar em suas conclusões e auto descobertas se simplesmente se permitir?
Ter uma ideia nova? Perseguir um desejo adormecido? Descobrir um talento escondido? Deliciar-se se conhecendo mais um pouquinho? Seja onde for que se permitam chegar, que seja de forma consciente e que traga muita alegria e satisfação a todos vocês.
Até a próxima!






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