Uma megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, classificada pelo governador Cláudio Castro (PL) como “a maior da história do estado”, mobilizou 2,5 mil agentes para cumprir cem mandados de prisão em uma área de 9 milhões de metros quadrados. A ação, parte da Operação Contenção — iniciativa permanente contra o Comando Vermelho —, resultou em dezenas de mortos, prisões e intensos confrontos nas zonas Norte e Metropolitana.
Pelo menos 64 pessoas morreram e 81 foram presas. Entre os mortos, contam-se quatro policiais. O Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF) apontou a operação como a mais letal desde 1990. O Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas se disse “horrorizado” com a cooperação, devido ao número de vítimas.
Segundo Castro, a ofensiva foi planejada durante mais de um ano e teve preparação operacional de 60 dias. Participaram policiais do Comando de Operações Especiais (COE), da CORE e de batalhões da capital e da Região Metropolitana. De acordo com o governo estadual, mais de 100 fuzis e grande quantidade de drogas foram apreendidos.
Os confrontos ocorreram principalmente em áreas de mata, mas criminosos tentaram bloquear vias como a Avenida Brasil, incendiar veículos e usar drones para atacar policiais. Em resposta, a Polícia Militar colocou todo o efetivo nas ruas e suspendeu atividades administrativas. Durante a madrugada desta quarta-feira (29), a Prefeitura informou que não havia mais obstruções nas vias.
Entre os presos estão Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, apontado como líder do tráfico, e Nicolas Fernandes Soares, suposto operador financeiro do Comando Vermelho.
A operação causou fortes impactos na rotina da cidade: escolas e universidades suspenderam aulas, o transporte público foi afetado e ruas ficaram desertas durante a noite.
A alta letalidade da ação levou o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) a pedirem explicações formais ao governador. Os órgãos cobram que o estado demonstre o cumprimento das determinações da ADPF 635, do Supremo Tribunal Federal, que estabelece medidas de controle da violência policial. Castro criticou a decisão, chamando-a de “maldita” e afirmando que ela “favorece criminosos”.






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