Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o voto do ministro Luiz Fux no julgamento da trama golpista expõe seus colegas a novas sanções internacionais e ataques políticos. De acordo com relatos de ministros da Corte, o posicionamento de Fux – que absolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro enquanto condenou Mauro Cid – surpreendeu ao contradizer manifestações anteriores do próprio ministro em casos envolvendo os acusados pelos atos de 8 de janeiro.
Colegas da Primeira Turma relataram incredulidade com a decisão de Fux de condenar o tenente-coronel Mauro Cid por abolição do Estado Democrático de Direito, mas absolver Bolsonaro, a quem o delator obedecia. Embora fosse esperada alguma divergência no julgamento, a dimensão das discordâncias em relação ao ex-presidente causou surpresa entre os ministros.
Na avaliação de um integrante da Corte, Fux não apenas votou pela absolvição, mas também minimizou as articulações do plano golpista, caracterizando-as como “bravatas”, o que poderia enfraquecer a unidade do STF na resposta aos ataques às instituições democráticas. Enquanto apoiadores de Bolsonaro celebraram o voto nas redes sociais, um colega de Fux questionou se a posição estaria relacionada à manutenção de vistos para os Estados Unidos, evitando possíveis sanções do governo Trump.
Outro magistrado destacou que a divergência de Fux, embora controversa, afasta alegações de que o julgamento seria “de cartas marcadas”. Um integrante da Corte ressaltou à CNN que discordâncias fazem parte do funcionamento de qualquer colegiado e que todos os ministros têm direito de mudar de posição ao longo do exercício do cargo. O julgamento continua com os votos dos ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
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