O Rio Grande do Norte, segundo maior produtor de camarão do Brasil, está perto de dar um passo decisivo para conquistar o exigente mercado chinês. De acordo com interlocutores do setor produtivo e do Governo do Estado, uma reunião prevista para ocorrer até meados de agosto, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), pode selar a autorização para que o camarão potiguar seja exportado ainda este ano para a China, país conhecido por rígidos protocolos fitossanitários e considerado o maior consumidor de camarão do mundo.
Atualmente, apenas o melão do RN e a uva de Pernambuco têm entrada liberada no país asiático. A inclusão do camarão na pauta de exportações é tratada como prioridade por produtores, técnicos e gestores potiguares.
“Estamos correndo atrás com o Governo Chinês e o Ministério da Agricultura para a liberação desses procedimentos das barreiras fitossanitárias. O objetivo é abrir esse mercado e criar uma cultura de exportação entre as empresas do RN”, explica Hugo Fonseca, secretário-adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec).
Além do camarão, o governo estadual também tenta incluir produtos da piscicultura, aquacultura e a melancia na pauta de exportação. O processo foi iniciado no início de 2024 e passa por diversas etapas, desde a adequação sanitária até a capacitação de produtores.
Segundo Fonseca, a expectativa é que as exportações se iniciem ainda em 2025. “Cada mercado tem suas exigências. Por isso, estamos articulando capacitações com entidades como a Apex Brasil e o Sebrae para preparar nossos produtores conforme as regras chinesas”, acrescenta.
Produção e desafios
Em 2023, o RN produziu 24,7 milhões de quilos de camarão, segundo dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) e do IBGE. O estado ficou atrás apenas do Ceará, líder nacional com 72 milhões de quilos.
Apesar do otimismo, o presidente da Associação Norteriograndense de Criadores de Camarão (ANCC), Orígenes Monte Neto, alerta para entraves técnicos e logísticos. “É sem dúvida positivo. Mas hoje, a China só autoriza o camarão de captura, e nós cultivamos o Penaeus vannamei em cativeiro. A última autorização do governo chinês foi equivocada, pois não existe essa espécie em captura no Brasil. Estamos buscando corrigir isso por meio do Ministério da Agricultura”, explica.
Monte Neto afirma que, superado o obstáculo legal, o potencial é imenso. “A China é o maior comprador de camarão do mundo. Se conseguirmos essa liberação, será uma oportunidade histórica de escoar nossa produção e ampliar a competitividade do setor.”
Na última sexta-feira (18), foi formalizada na Assembleia Legislativa a Frente Parlamentar de Cooperação Econômica RN–China, com participação de empresários, representantes do setor produtivo e autoridades públicas. A iniciativa marca uma nova fase na aproximação entre o estado e a maior economia da Ásia.
*Com informações da Tribuna do Norte
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