Cerca de 67 municípios do RN ainda dependem de carros-pipa para ter água

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Ícone de crédito Foto: Reprdução

Apesar das promessas de obras estruturantes e investimentos em abastecimento, 67 municípios do Rio Grande do Norte ainda dependem de carros-pipa para garantir o acesso à água potável. Segundo dados da Defesa Civil Estadual, mais de 79 mil potiguares são atendidos atualmente por 212 veículos contratados, em uma rotina que evidencia a persistente crise hídrica no estado.

O cenário é agravado pela baixa reserva dos principais mananciais. De acordo com o Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn), os reservatórios estaduais operam com apenas 48% da capacidade total. No Seridó, a situação é ainda mais crítica: a média de volume acumulado é de apenas 17%, a pior entre todas as regiões do RN.

A partir de agosto, o Rio Grande do Norte deve começar a receber três metros cúbicos por segundo das águas da transposição do Rio São Francisco. O repasse, gratuito pelos próximos três anos, será destinado à Barragem de Oiticica, que hoje acumula apenas 13,92% de sua capacidade, 103,3 milhões de metros cúbicos, de um total de 742,6 milhões.

Inaugurada em março, a Oiticica recebeu investimento total de R$ 893 milhões, sendo R$ 161 milhões viabilizados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A trilha do desenvolvimento passa pelo caminho das águas. As ações que tomamos agora são fundamentais para que a vida no interior continue fluindo de forma livre”, afirmou o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Paulo Varella.

Adutoras, barragens e promessas paradas

Apesar dos avanços pontuais, a lentidão na entrega de obras preocupa. Dos 1.289 km de adutoras projetadas entre 2019 e 2025, apenas 159,3 km foram entregues até agora. Outros 274 km estão em fase de licitação e 856 km seguem em execução. Enquanto isso, 11 reservatórios potiguares operam com menos de 10% da capacidade. Entre os casos mais graves estão Passagem das Traíras (0,03%), Itans (0,43%) e Mundo Novo (2,39%).

O governo estadual também vem executando um programa de recuperação de barragens, com R$ 18,2 milhões em investimentos. Das 68 estruturas sob responsabilidade do Estado, 28 já foram contratadas e 15 estão com obras em andamento, com previsão de entrega até o fim de julho. Os serviços incluem reparo em comportas, reforço estrutural e contenção de riscos de rompimento.

Obras estratégicas em curso

No Seridó, o Projeto Seridó Norte está em andamento com recursos do Novo PAC, totalizando R$ 300 milhões. A iniciativa prevê a captação de água da barragem Armando Ribeiro Gonçalves para abastecer municípios da região. A entrega está prevista entre o fim de 2025 e o início de 2026.

Outra obra de destaque é a Adutora do Agreste, que deve começar em agosto. O projeto, orçado em R$ 468 milhões nas duas primeiras etapas, tem previsão de beneficiar 38 municípios e mais de 500 mil pessoas até meados de 2026.

Perfuração de poços e dessalinização

O Estado também aposta na perfuração de poços para abastecimento emergencial. Até abril de 2026, a meta é perfurar 500 poços — 53 deles já foram concluídos. Em áreas com água subterrânea salinizada, estão sendo implantados sistemas de dessalinização.

“Nós temos duas metas principais: que não falte água para nenhuma pessoa e que possamos levar água também para o desenvolvimento e a produção. Manter o rebanho funcionando é essencial, ainda que a agricultura seja mais difícil em tempos de seca”, disse Varella.

Chuvas abaixo da média

O déficit de chuvas tem contribuído para a crise. Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), entre março e maio choveu em todas as regiões do estado, mas com volumes 42% abaixo da média histórica. Eram esperados 382 mm no trimestre, mas apenas 252 mm foram registrados — uma queda expressiva em relação aos 440 mm do mesmo período em 2024.

*Com informações da Tribuna do Norte



Cerca de 67 municípios do RN ainda dependem de carros-pipa para ter água

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Apesar das promessas de obras estruturantes e investimentos em abastecimento, 67 municípios do Rio Grande do Norte ainda dependem de carros-pipa para garantir o acesso à água potável. Segundo dados da Defesa Civil Estadual, mais de 79 mil potiguares são atendidos atualmente por 212 veículos contratados, em uma rotina que evidencia a persistente crise hídrica no estado.

O cenário é agravado pela baixa reserva dos principais mananciais. De acordo com o Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn), os reservatórios estaduais operam com apenas 48% da capacidade total. No Seridó, a situação é ainda mais crítica: a média de volume acumulado é de apenas 17%, a pior entre todas as regiões do RN.

A partir de agosto, o Rio Grande do Norte deve começar a receber três metros cúbicos por segundo das águas da transposição do Rio São Francisco. O repasse, gratuito pelos próximos três anos, será destinado à Barragem de Oiticica, que hoje acumula apenas 13,92% de sua capacidade, 103,3 milhões de metros cúbicos, de um total de 742,6 milhões.

Inaugurada em março, a Oiticica recebeu investimento total de R$ 893 milhões, sendo R$ 161 milhões viabilizados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A trilha do desenvolvimento passa pelo caminho das águas. As ações que tomamos agora são fundamentais para que a vida no interior continue fluindo de forma livre”, afirmou o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Paulo Varella.

Adutoras, barragens e promessas paradas

Apesar dos avanços pontuais, a lentidão na entrega de obras preocupa. Dos 1.289 km de adutoras projetadas entre 2019 e 2025, apenas 159,3 km foram entregues até agora. Outros 274 km estão em fase de licitação e 856 km seguem em execução. Enquanto isso, 11 reservatórios potiguares operam com menos de 10% da capacidade. Entre os casos mais graves estão Passagem das Traíras (0,03%), Itans (0,43%) e Mundo Novo (2,39%).

O governo estadual também vem executando um programa de recuperação de barragens, com R$ 18,2 milhões em investimentos. Das 68 estruturas sob responsabilidade do Estado, 28 já foram contratadas e 15 estão com obras em andamento, com previsão de entrega até o fim de julho. Os serviços incluem reparo em comportas, reforço estrutural e contenção de riscos de rompimento.

Obras estratégicas em curso

No Seridó, o Projeto Seridó Norte está em andamento com recursos do Novo PAC, totalizando R$ 300 milhões. A iniciativa prevê a captação de água da barragem Armando Ribeiro Gonçalves para abastecer municípios da região. A entrega está prevista entre o fim de 2025 e o início de 2026.

Outra obra de destaque é a Adutora do Agreste, que deve começar em agosto. O projeto, orçado em R$ 468 milhões nas duas primeiras etapas, tem previsão de beneficiar 38 municípios e mais de 500 mil pessoas até meados de 2026.

Perfuração de poços e dessalinização

O Estado também aposta na perfuração de poços para abastecimento emergencial. Até abril de 2026, a meta é perfurar 500 poços — 53 deles já foram concluídos. Em áreas com água subterrânea salinizada, estão sendo implantados sistemas de dessalinização.

“Nós temos duas metas principais: que não falte água para nenhuma pessoa e que possamos levar água também para o desenvolvimento e a produção. Manter o rebanho funcionando é essencial, ainda que a agricultura seja mais difícil em tempos de seca”, disse Varella.

Chuvas abaixo da média

O déficit de chuvas tem contribuído para a crise. Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), entre março e maio choveu em todas as regiões do estado, mas com volumes 42% abaixo da média histórica. Eram esperados 382 mm no trimestre, mas apenas 252 mm foram registrados — uma queda expressiva em relação aos 440 mm do mesmo período em 2024.

*Com informações da Tribuna do Norte

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