O Ministério da Defesa divulgou que o primeiro ano do alistamento militar voluntário para mulheres nas Forças Armadas brasileiras teve 33.721 inscrições, marcando um passo histórico na ampliação da participação feminina no serviço militar. O estado do Rio de Janeiro liderou o número de interessadas, com 8.102 cadastros, o equivalente a cerca de 24% do total.
Até então, o ingresso de mulheres nas Forças Armadas ocorria exclusivamente por meio de concursos públicos para oficiais e suboficiais. A partir de agora, mulheres nascidas em 2007 também podem se alistar voluntariamente, ainda que o serviço militar obrigatório continue sendo exigido apenas para os homens ao completarem 18 anos.
Apesar de o número de vagas ser limitado — 1.465 em todo o Brasil —, o interesse surpreendeu logo na primeira semana de janeiro, quando mais de 15 mil jovens se inscreveram. A adesão foi dez vezes superior ao número de vagas disponíveis. Para este ciclo, as oportunidades estão distribuídas entre Brasília (DF) e outros 28 municípios de 13 estados.
As vagas foram divididas da seguinte forma:
- 1.010 para o Exército
- 300 para a Força Aérea
- 155 para a Marinha
As candidatas devem escolher uma das Forças no ato da inscrição, sendo a seleção feita de acordo com o perfil e a localidade da interessada. A incorporação está prevista para ocorrer em março ou agosto de 2026, e as aprovadas entrarão como soldado ou marinheiro-recruta, podendo desistir durante o processo inicial.
Etapas e critérios
Após o alistamento, as voluntárias passam por quatro etapas:
- Seleção geral
- Seleção complementar
- Designação/distribuição
- Incorporação
Para se inscrever, é necessário:
- Ter 18 anos completos em 2025
- Residir em município contemplado com vagas
- Apresentar certidão de nascimento ou naturalização
- Ter comprovante de residência e documento oficial com foto
Investimentos e estrutura
A adesão das mulheres também demanda adequações nas estruturas militares. Segundo o Ministério da Defesa, apenas quartéis com estrutura adequada poderão receber mulheres. Estão previstos R$ 2 milhões em investimentos em 2025 para reforçar a segurança dos alojamentos com câmeras e sistemas de reconhecimento facial, além da adaptação de mochilas e coletes ao biotipo feminino.
A capitã de mar e guerra Eliane Rocha, da Marinha, destacou que há um foco especial na prevenção ao assédio. “Estamos investindo ainda um pouco mais nos canais de ouvidoria e, especialmente, nos espaços de acolhimento, promovidos por profissionais de serviço social e psicologia”, afirmou.
Atualmente, o Brasil conta com cerca de 37 mil mulheres integrando as Forças Armadas — o que representa cerca de 10% do efetivo total. A maioria atua em áreas como saúde, ensino e logística, embora algumas também ocupem funções combatentes.
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