A partir desta segunda-feira (23), farmácias e drogarias em todo o Brasil estão obrigadas a reter a receita médica na venda das chamadas canetas emagrecedoras, como Ozempic, Saxenda e Wegovy. A medida, determinada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), visa conter o uso indiscriminado desses medicamentos, que são usados no tratamento de obesidade e diabetes.
Apesar de serem classificados como medicamentos de tarja vermelha, esses remédios podiam ser adquiridos anteriormente sem a apresentação da receita médica. Com a nova regra, os farmacêuticos ficarão com o documento no momento da compra, garantindo maior controle sobre a comercialização e uso dos produtos.
A decisão, publicada no Diário Oficial da União em abril, passou a valer oficialmente nesta segunda. Por unanimidade, a Anvisa entendeu que a retenção da receita é necessária para proteger a saúde pública e evitar o consumo irracional dessas substâncias.
A regra vale para todos os medicamentos que contêm semaglutida (como Ozempic e Wegovy) e liraglutida (Saxenda). Nos últimos anos, o uso dessas canetas injetáveis se popularizou, impulsionado por celebridades, influenciadores digitais e vídeos nas redes sociais que prometem perda de peso rápida, mesmo para pessoas sem diagnóstico de obesidade ou diabetes.
Especialistas alertam para os riscos do uso sem acompanhamento médico. Os medicamentos podem causar efeitos adversos como náuseas, vômitos, dor abdominal e até problemas graves, como pancreatite. A bula orienta que o uso deve ser feito apenas com prescrição e dentro de um plano de tratamento.
Além da retenção da receita, a Anvisa determinou que esses medicamentos passem a ser vendidos sob controle especial, com tarja preta ou vermelha, similar ao que já ocorre com antibióticos e outras substâncias que exigem fiscalização rigorosa.
Pesquisa do Instituto Datafolha realizada em fevereiro de 2025 com 812 pessoas mostrou que 45% dos usuários de remédios como Ozempic já compraram o medicamento sem receita médica. Desses, 73% não tiveram nenhuma orientação médica, enquanto apenas 25% foram acompanhados por algum profissional de saúde.
O estudo também revelou que 56% dos entrevistados utilizam esses medicamentos com o objetivo de perda de peso, sendo que 37% desse grupo possuem Índice de Massa Corporal (IMC) considerado normal — ou seja, não apresentam indicação clínica para uso desses remédios.
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