A ex-presidente argentina Cristina Kirchner teve seu recurso rejeitado pela Suprema Corte de Justiça nesta terça-feira (10), mantendo sua condenação a seis anos de prisão por irregularidades em licitações públicas. A decisão judicial determina que a líder peronista tem cinco dias para se apresentar às autoridades, tornando-se inelegível permanentemente. Por ter mais de 70 anos, ela pode solicitar prisão domiciliar.
Em discurso inflamado na sede do Partido Justicialista, em Buenos Aires, Kirchner classificou a sentença como “perseguição política” e acusou os magistrados de serem “fantoches” manipulados por interesses superiores. “Esta Argentina nunca deixa de nos surpreender”, declarou à multidão de apoiadores, enquanto criticava as políticas econômicas do presidente Javier Milei.
A condenação refere-se a um esquema de corrupção durante seus governos (2007-2015) e na gestão de seu falecido marido, Néstor Kirchner (2003-2007). Investigações apontaram superfaturamento em obras públicas na província de Santa Cruz, com prejuízos estimados em US$ 1 bilhão. A ex-mandatária nega as acusações e alega motivação política, citando supostas pressões judiciais desde 2016.
Repercussão e Próximos Passos
A confirmação da pena encerra uma batalha legal de nove anos e inviabiliza seus planos de concorrer às eleições legislativas em setembro. Enquanto simpatizantes bloqueavam rodovias em protesto, o governo Milei celebrou a decisão como “vitória da justiça”. Analistas avaliam que o episódio acirra a polarização no país, já afetado por crises econômicas e protestos contra ajustes fiscais.
Cristina Kirchner é a primeira presidente eleita na América Latina a ser presa por corrupção após deixar o cargo. Seu caso ecoa processos similares na região, como os de Lula no Brasil e Pedro Pablo Kuczynski no Peru.
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