Em um depoimento marcado por justificativas e momentos de tensão, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que sempre agiu “dentro das quatro linhas” da Constituição. A audiência desta terça-feira (10) analisou as declarações do ex-mandatário durante a polêmica reunião ministerial de julho de 2022, considerada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como parte de uma suposta tentativa de golpe de Estado.
No início do interrogatório, Bolsonaro classificou suas críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e às urnas eletrônicas como um “desabafo” diante de decisões judiciais que considerava adversas. O ex-presidente argumentou que sua retórica sobre o sistema eleitoral era consistente com posicionamentos anteriores, inclusive de outras autoridades, citando como exemplo declarações do ministro Flávio Dino (STF) e do ex-ministro Carlos Lupi.
O confronto mais direto ocorreu quando Moraes questionou as acusações feitas por Bolsonaro naquela reunião contra membros do Judiciário, incluindo a insinuação de que ministros receberiam milhões durante o pleito eleitoral. “Não havia indícios, senhor ministro. Foi um desabafo em uma reunião que nem deveria ter sido gravada”, respondeu o ex-presidente, pedindo desculpas formalmente.
Esta foi a primeira interação presencial entre Bolsonaro e Moraes no processo. O ex-presidente é o sexto réu a depor na investigação, seguindo depoimentos de aliados como o tenente-coronel Mauro Cid – que colaborou com a investigação –, o ex-ministro Anderson Torres e o general Augusto Heleno.
O julgamento continua sob expectativa, com a Corte analisando se as falas do ex-presidente configuraram efetivamente um ataque às instituições democráticas ou se foram, como ele defende, meras expressões de insatisfação política. A decisão pode definir novos rumos para processos que envolvem a crise institucional pós-eleitoral de 2022.
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