O período chuvoso em Natal, que se estende entre os meses de março e junho, mais uma vez evidencia os problemas estruturais da cidade diante das precipitações intensas. Alagamentos, congestionamentos e quedas de árvores tornam-se rotina para a população, que enfrenta dificuldades diante da falta de soluções definitivas. Desde gestões passadas, a cidade sofre com problemas estruturais durante o período chuvoso.
Em entrevista ao Potengi, Samuel Souto, Diretor do Departamento de Defesa Civil e Ações Preventivas, afirmou que Natal possui um Plano de Contingência para lidar com desastres naturais. Segundo ele, o documento prevê a “articulação de acionamento dos órgãos competentes diante das situações de desastres, incluindo recursos, locais de abrigo e equipes de campo”. No entanto, a prática tem demonstrado que o impacto das chuvas continua severo, especialmente em áreas de risco previamente mapeadas.
Falhas na prevenção e resposta tardia
Samuel apontou que as regiões mais críticas da cidade incluem Mãe Luíza e Comunidade do Jacó, sujeitas a deslizamentos de terra, além das comunidades no entorno das lagoas de captação, como Nossa Senhora da Apresentação, Potengi e Lagoa Azul, que enfrentam riscos recorrentes de alagamentos. A limpeza periódica dessas lagoas é uma das ações preventivas adotadas pela prefeitura, mas os moradores continuam enfrentando enchentes e prejuízos.
Na madrugada desta sexta-feira (14), Natal registrou 86,7 milímetros até as 8h, volume suficiente para causar transtornos. Na Zona Norte, a lagoa de captação do loteamento José Sarney transbordou,a água chegou a altura do joelho e chegou a entrar em algumas residências. Moradores passaram a noite tirando a água de suas casas e com medo de perder o pouco que tinha, outros moradores alegam não possuir mais nada em suas residências, devido a alagamentos anteriores.
Apesar da existência do plano de contingência, a previsibilidade e resposta às chuvas parecem insuficientes. O diretor Samuel Souto explicou que Natal possui pluviômetros distribuídos pela cidade, além de monitoramento de previsões climáticas via INMET e CEMADEN. Enquanto outros municípios do país já adotaram sistemas de SMS para avisar sobre riscos climáticos, Natal limita-se a informações via Instagram (@defesacivilrn), um perfil que dentro das últimas 24h realizou apenas uma postagem, em parceria com o Governo do Estado, emitindo alerta para chuvas intensas e as orientações que devem seguir.
Chuvas continuam
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, na manhã desta sexta-feira (14), um alerta de chuvas intensas para 51 municípios do Rio Grande do Norte, principalmente na faixa litorânea. A previsão indica precipitações que podem alcançar entre 60 mm por hora ou até 100 mm por dia. O aviso tem validade até as 10h deste sábado (15).
O alerta é classificado como laranja, indicando perigo, o segundo nível na escala de severidade do órgão, que também conta com os níveis amarelo (perigo potencial) e vermelho (grande perigo).
Além das chuvas volumosas, os municípios afetados poderão enfrentar ventos intensos, com velocidades variando entre 60 e 100 km/h. O Inmet alerta ainda para riscos de corte no fornecimento de energia elétrica, quedas de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas.
Samuel orientou que a população evite se abrigar embaixo de árvores; em situação de alagamento, evitar contato com a água, pois pode causar doenças; se perceber rachaduras, inclinação de postes ou qualquer outra característica que aparente que o morro está se movimentando e a casa vai desabar, deixe o imóvel imediatamente.
Veja a previsão de chuva para os municípios, clique aqui.