Brasileira recebeu R$ 22 mil para retornar ao brasil e ficará cinco anos sem poder ir ao Reino Unido



Foto: Reprodução Foto: Reprodução




Uma reportagem do jornal britânico The Guardian revelou que mais de 600 brasileiros foram deportados do Reino Unido entre agosto e setembro deste ano, incluindo 109 crianças. A maioria retornou ao Brasil pelo Programa de Retorno Voluntário (VRS, na sigla em inglês), que oferece passagens aéreas e um auxílio financeiro de até 3 mil libras (cerca de R$ 22 mil).

Entre os casos está o de Ana Claudia Morais, de São Simão (GO), que aceitou o retorno voluntário após trabalhar por três anos como faxineira em Londres. Grávida, ela optou pelo programa para voltar ao Brasil e contou ao g1 que, além do auxílio financeiro, foi informada de que estaria proibida de retornar ao Reino Unido por um período de cinco anos.

“Eles não chamam de deportação, até porque há um ‘prêmio’, mas não explicam qual a diferença entre o retorno voluntário e uma deportação comum”, relatou Ana. Segundo ela, o retorno foi feito em voo comercial, ao lado de apenas mais um brasileiro no mesmo programa.

Embora tenha recebido o auxílio financeiro do programa, Ana Claudia destacou que a experiência trouxe dúvidas e incertezas. “Eles deram esse dinheiro para ajudar a recomeçar aqui no Brasil, mas pediram para sacar o valor assim que chegássemos. O que parecia um apoio, muitas vezes, soa como um descarte rápido”, concluiu.

Voos secretos

De acordo com o The Guardian, além dos retornos voluntários, o governo britânico realizou três voos secretos para deportar brasileiros em um período de menos de dois meses. Essas viagens envolveram:

  • 9 de agosto: 205 pessoas, incluindo 43 crianças;
  • 23 de agosto: 206 pessoas, incluindo 30 crianças;
  • 27 de setembro: 218 pessoas, incluindo 36 crianças.

As crianças deportadas faziam parte de unidades familiares e muitas estavam matriculadas em escolas britânicas. A deportação gerou críticas de organizações de direitos humanos no Reino Unido, que destacaram barreiras enfrentadas por brasileiros para acessar informações e suporte jurídico, especialmente após o Brexit.

O governo britânico justificou as deportações como parte de uma política para reduzir a migração ilegal e os altos custos de acomodação, estimando economizar 4 bilhões de libras nos próximos dois anos.

Por outro lado, o Itamaraty confirmou a colaboração com o Reino Unido para os retornos voluntários, desde que realizados com consentimento dos brasileiros. Organizações como a Coalition of Latin Americans in the UK manifestaram preocupação com o aumento dos retornos, apontando que muitos imigrantes foram prejudicados pela desinformação sobre as mudanças nas regras migratórias.

Com a saída do Reino Unido da União Europeia, oficializada em 2021, brasileiros que migraram por países do bloco perderam automaticamente o direito à residência no território britânico. A nova política deixou muitas famílias vulneráveis às deportações ou obrigadas a optar pelo retorno voluntário.

O aumento nos retornos forçados e voluntários, que somaram mais de 8 mil pessoas entre julho e setembro de 2024, reflete o endurecimento das políticas migratórias do Reino Unido, especialmente contra imigrantes vindos de fora da União Europeia.


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Entre os casos está o de Ana Claudia Morais, de São Simão (GO), que aceitou o retorno voluntário após trabalhar por três anos como faxineira em Londres. Grávida, ela optou pelo programa para voltar ao Brasil e contou ao g1 que, além do auxílio financeiro, foi informada de que estaria proibida de retornar ao Reino Unido por um período de cinco anos.

“Eles não chamam de deportação, até porque há um ‘prêmio’, mas não explicam qual a diferença entre o retorno voluntário e uma deportação comum”, relatou Ana. Segundo ela, o retorno foi feito em voo comercial, ao lado de apenas mais um brasileiro no mesmo programa.

Embora tenha recebido o auxílio financeiro do programa, Ana Claudia destacou que a experiência trouxe dúvidas e incertezas. “Eles deram esse dinheiro para ajudar a recomeçar aqui no Brasil, mas pediram para sacar o valor assim que chegássemos. O que parecia um apoio, muitas vezes, soa como um descarte rápido”, concluiu.

Voos secretos

De acordo com o The Guardian, além dos retornos voluntários, o governo britânico realizou três voos secretos para deportar brasileiros em um período de menos de dois meses. Essas viagens envolveram:

  • 9 de agosto: 205 pessoas, incluindo 43 crianças;
  • 23 de agosto: 206 pessoas, incluindo 30 crianças;
  • 27 de setembro: 218 pessoas, incluindo 36 crianças.

As crianças deportadas faziam parte de unidades familiares e muitas estavam matriculadas em escolas britânicas. A deportação gerou críticas de organizações de direitos humanos no Reino Unido, que destacaram barreiras enfrentadas por brasileiros para acessar informações e suporte jurídico, especialmente após o Brexit.

O governo britânico justificou as deportações como parte de uma política para reduzir a migração ilegal e os altos custos de acomodação, estimando economizar 4 bilhões de libras nos próximos dois anos.

Por outro lado, o Itamaraty confirmou a colaboração com o Reino Unido para os retornos voluntários, desde que realizados com consentimento dos brasileiros. Organizações como a Coalition of Latin Americans in the UK manifestaram preocupação com o aumento dos retornos, apontando que muitos imigrantes foram prejudicados pela desinformação sobre as mudanças nas regras migratórias.

Com a saída do Reino Unido da União Europeia, oficializada em 2021, brasileiros que migraram por países do bloco perderam automaticamente o direito à residência no território britânico. A nova política deixou muitas famílias vulneráveis às deportações ou obrigadas a optar pelo retorno voluntário.

O aumento nos retornos forçados e voluntários, que somaram mais de 8 mil pessoas entre julho e setembro de 2024, reflete o endurecimento das políticas migratórias do Reino Unido, especialmente contra imigrantes vindos de fora da União Europeia.




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