Ensaio sobre a cegueira seletiva

Olá, queridos! Como vão? O assunto que quero trazer para vocês hoje é algo com o qual eu me deparei a vida toda, mas apenas recentemente aprendi a enxergar. Digo enxergar no sentido mais complexo da palavra, aquele em que se vê não somente a superfície, mas também o que aquilo representa. Deixemos de introduções…


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Oi Fernanda ! Bem interessante, sobre defeito . Bem verdade temos muitos, bem difícil lidar e assumir … mas vou seguir sua dica e melhorar .
Bj

Excelente abordagem! Reconhecer os próprios erros é bem difícil, porém, de muita valia! E gostei da idéia..Vou tentar trabalhar alguns defeitos da forma que sugeriu!

Gostei bastante da relação entre luz e sombra, polaridades que precisam estar integradas para que possamos nos perceber de forma mais completa.

Um belo texto, reflexivo, leve, provocador…é daqueles que vale à pena guardar para ler de vez em quando.


Olá, queridos! Como vão?

O assunto que quero trazer para vocês hoje é algo com o qual eu me deparei a vida toda, mas apenas recentemente aprendi a enxergar. Digo enxergar no sentido mais complexo da palavra, aquele em que se vê não somente a superfície, mas também o que aquilo representa.

Deixemos de introduções e vamos direto ao ponto. Estou falando de defeitos. Os meus, os seus, os de todos nós. Defeitos dos quais nenhum ser humano pode fugir, por mais que finja conseguir. Estou falando daquele nosso lado que, por muitas vezes, tende a imitar o maravilhoso Paulinho da Viola quando pede silêncio para esquecer a dor do peito e não ouvir nada sobre seus defeitos.

Mas não adianta o silêncio que façamos, nem tampouco o barulho, nem muito menos o uso de artifícios químicos ou ferramentas psicológicas. Nada disso apaga ou esconde os defeitos que temos. Para nos livrarmos deles temos de lançar mão de um tipo especial de mágica que eu conto daqui a pouco.

Antes de tudo, é necessário saber quais são esses defeitos e assumir cada um deles. Tão fortemente quanto por exame de DNA. Já que é quase como se isso fosse, uma vez que nossos defeitos acabam tomando nossa cara e nos representando no mundo. Assim como nossas qualidades também, claro!

Se queremos levar a sério mesmo nossa jornada de autoconhecimento, temos de conhecer tudo que existe em nós. Tudo de belo e de grotesco também. Como já disse aqui nessa coluna, só amamos aquilo que conhecemos. E, assim como no outro, que aprendemos a amar cada pedacinho, nós, ao nos conhecermos e amarmos, precisamos nos tratar com a mesma generosidade.

Senão não seria amor e aí eu vou ter que pedir que voltemos 3 casas, para aprendermos juntos tudo de novo.

Pode ser que a gente não admita nossos defeitos por orgulho. Ou por medo de não gostarem de nós, ou por necessidade de adequação, talvez por excesso de grandeza do nosso ego que não admite errar. Seja qual for o motivo, não podemos nos prostrar cegos em frente ao óbvio, nem nos esconder daquilo que nos compõe.

Apontamos, com a maior facilidade, o errinho do outro. Mas, na hora de assumir nossa monumental falha tendemos a minimizar, dizer que não foi bem assim, que não era nossa intenção. O fato do qual não podemos escapar é que somos humanos e vamos errar muito, vamos ter muitos defeitos. E não há quem não se encaixe nisso. Mas como eu disse, isso é natural entre humanos. Se você que está lendo agora veio de alguma galáxia tão, tão distante, não tenho lugar de fala para discutir isso contigo. Fica mais um pouquinho, quem sabe na próxima coluna tem algo para você também.

Entre nós, humanos, a incidência de defeitos é certa e precisamos sair da nossa posição arrogante de fingir que não os temos e começar a admiti-los, um a um. Eu, de minha parte, tento ao máximo contribuir para isso. Dos defeitos que identifiquei, faço o que precisa ser feito com eles. E permaneço atenta sabendo que novos surgirão e que eu preciso ter meu protocolo de controle de defeitos bem afiado.

E o que envolve esse protocolo? Primeiro, auto observação sempre atenta. Para identificar os que já existem e os novos que aparecem. Segundo, humildade. Muita humildade para assumir para mim mesma que naquele ponto estou errada e fazer o que tem que ser feito, e o que for possível, para corrigir.

E terceiro, aquela mágica que mencionei no começo. Que não tem nada de mágica no processo. Aliás, é um processo até bem trabalhoso, ainda que possível. A mágica está na sensação de satisfação com o resultado. Uma mágica que se chama: se encarar de frente, sem medo do que pode enxergar.

Certa vez um amigo, ao me ver insatisfeita e aborrecida com uma falha minha, me disse que eu jamais conseguiria corrigir meus defeitos enquanto brigasse com eles. Que eu precisava abraçá-los, chamá-los para perto, conversar com eles e, só então, conseguiria mudar o que precisasse.

Eu entendi racionalmente do que ele falava, mas precisei somar ao que ouvi de uma amiga para conseguir colocar em prática esse processo de exorcismo às avessas, que não expulsa, mas sim aproxima. Essa amiga me disse que, após uma conversa com sua psicóloga, resolveu nomear um defeito muito forte dela, que ela chamava não de defeito, mas de sombra.

Ela nomeou essa sombra, começou a conversar com ela e fazer amizade, a se aproximar. Em pouco tempo, essa sombra foi se transformando e deixando de ser tão sombra, tão defeito assim. O que ela fez foi nada mais que levar Luz à sombra, que levar amor a ela própria, especificamente ao pedacinho do qual desgostava.

Eu passei a olhar para essas minhas sombras e achei ótima a ideia da minha amiga. Fiz uma lista com vários dos meus defeitos e dei nomes a eles. Criei personas às quais eu passei a ver como pequenas partes do todo que sou eu. Nomeei minha persona melancólica, minha persona vingativa, minha persona controladora.

Pode parecer estranho, eu sei, mas conversar com essas personas, como se pessoas reais fossem, me ensinou muito sobre elas e sobre mim mesma. Entendi que, por mais defeitos que eu tenha, eles são apenas parte do todo que sou eu, cheia de qualidades também. Assim como todos nós somos.

Conversar com elas também me ajudou a levar Luz a cada uma. E a entender que alguns defeitos vão demorar mais que outros para eu corrigir, que alguns eu jamais conseguirei, mas posso aprender a conviver com eles e minimizar seus efeitos na minha vida e na de quem me cerca.

Decidi não continuar em estado de cegueira seletiva que me fizesse fechar os olhos para os meus defeitos. Por isso hoje eu consigo mais facilmente trabalha-los e ficar mais atenta aos próximos que surgirão. Sim, não se enganem. Podemos nos livrar de alguns defeitos, de outros não, mas outros ainda virão. Afinal, eu disse que poderia te ensinar uma forma de como corrigir os defeitos que temos, nunca disse que ia ensinar alguém a ser perfeito.

E que fique bem claro que, como falamos de autoconhecimento, auto amor, auto observação, tudo que diz respeito a nós mesmos, defeitos só mudamos os nossos também, tá! Deixa o outro com os dele que a gente não sabe a batalha que cada um já está travando.

E como eu já deixei tarefinha de casa para vocês antes, a qual eu espero que tenham feito e tenham se divertido muito, quero deixar outra aqui: eleja um defeito seu que tem dificuldade de assumir, seja para si ou para o mundo, e dê um nome a ele, converse com ele. Veja onde essa conversa e essa interação podem chegar.

E veja bem, eu estou sugerindo apenas um. Não é tanto esforço assim, vai! Se quiser, pode dividir comigo essa sua escolha. Vou ficar muito honrada em saber. Pode ser o defeito, o nome que deu a ele, ou o que mais quiser.

Deixa nos comentários aqui na página, ou pode ir no meu perfil do Instagram ( @escritora.fernandaguareschi ). Lá eu deixei uma caixinha para responderem nos stories, garanto sigilo absoluto dos donos dos defeitos, ok. Mas corre, que é só pelas primeiras 24 horas da publicação da coluna.

Seja indo no meu perfil, seja escrevendo nos comentários aqui da página, ou respondendo apenas para seus próprios pensamentos, espero que consiga fazer esse exercício e, acima de tudo, que isso te ajude com mais alguns passos nessa jornada que começamos a traçar juntos aqui.

Até a próxima!





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Ensaio sobre a cegueira seletiva

Olá, queridos! Como vão?

O assunto que quero trazer para vocês hoje é algo com o qual eu me deparei a vida toda, mas apenas recentemente aprendi a enxergar. Digo enxergar no sentido mais complexo da palavra, aquele em que se vê não somente a superfície, mas também o que aquilo representa.

Deixemos de introduções e vamos direto ao ponto. Estou falando de defeitos. Os meus, os seus, os de todos nós. Defeitos dos quais nenhum ser humano pode fugir, por mais que finja conseguir. Estou falando daquele nosso lado que, por muitas vezes, tende a imitar o maravilhoso Paulinho da Viola quando pede silêncio para esquecer a dor do peito e não ouvir nada sobre seus defeitos.

Mas não adianta o silêncio que façamos, nem tampouco o barulho, nem muito menos o uso de artifícios químicos ou ferramentas psicológicas. Nada disso apaga ou esconde os defeitos que temos. Para nos livrarmos deles temos de lançar mão de um tipo especial de mágica que eu conto daqui a pouco.

Antes de tudo, é necessário saber quais são esses defeitos e assumir cada um deles. Tão fortemente quanto por exame de DNA. Já que é quase como se isso fosse, uma vez que nossos defeitos acabam tomando nossa cara e nos representando no mundo. Assim como nossas qualidades também, claro!

Se queremos levar a sério mesmo nossa jornada de autoconhecimento, temos de conhecer tudo que existe em nós. Tudo de belo e de grotesco também. Como já disse aqui nessa coluna, só amamos aquilo que conhecemos. E, assim como no outro, que aprendemos a amar cada pedacinho, nós, ao nos conhecermos e amarmos, precisamos nos tratar com a mesma generosidade.

Senão não seria amor e aí eu vou ter que pedir que voltemos 3 casas, para aprendermos juntos tudo de novo.

Pode ser que a gente não admita nossos defeitos por orgulho. Ou por medo de não gostarem de nós, ou por necessidade de adequação, talvez por excesso de grandeza do nosso ego que não admite errar. Seja qual for o motivo, não podemos nos prostrar cegos em frente ao óbvio, nem nos esconder daquilo que nos compõe.

Apontamos, com a maior facilidade, o errinho do outro. Mas, na hora de assumir nossa monumental falha tendemos a minimizar, dizer que não foi bem assim, que não era nossa intenção. O fato do qual não podemos escapar é que somos humanos e vamos errar muito, vamos ter muitos defeitos. E não há quem não se encaixe nisso. Mas como eu disse, isso é natural entre humanos. Se você que está lendo agora veio de alguma galáxia tão, tão distante, não tenho lugar de fala para discutir isso contigo. Fica mais um pouquinho, quem sabe na próxima coluna tem algo para você também.

Entre nós, humanos, a incidência de defeitos é certa e precisamos sair da nossa posição arrogante de fingir que não os temos e começar a admiti-los, um a um. Eu, de minha parte, tento ao máximo contribuir para isso. Dos defeitos que identifiquei, faço o que precisa ser feito com eles. E permaneço atenta sabendo que novos surgirão e que eu preciso ter meu protocolo de controle de defeitos bem afiado.

E o que envolve esse protocolo? Primeiro, auto observação sempre atenta. Para identificar os que já existem e os novos que aparecem. Segundo, humildade. Muita humildade para assumir para mim mesma que naquele ponto estou errada e fazer o que tem que ser feito, e o que for possível, para corrigir.

E terceiro, aquela mágica que mencionei no começo. Que não tem nada de mágica no processo. Aliás, é um processo até bem trabalhoso, ainda que possível. A mágica está na sensação de satisfação com o resultado. Uma mágica que se chama: se encarar de frente, sem medo do que pode enxergar.

Certa vez um amigo, ao me ver insatisfeita e aborrecida com uma falha minha, me disse que eu jamais conseguiria corrigir meus defeitos enquanto brigasse com eles. Que eu precisava abraçá-los, chamá-los para perto, conversar com eles e, só então, conseguiria mudar o que precisasse.

Eu entendi racionalmente do que ele falava, mas precisei somar ao que ouvi de uma amiga para conseguir colocar em prática esse processo de exorcismo às avessas, que não expulsa, mas sim aproxima. Essa amiga me disse que, após uma conversa com sua psicóloga, resolveu nomear um defeito muito forte dela, que ela chamava não de defeito, mas de sombra.

Ela nomeou essa sombra, começou a conversar com ela e fazer amizade, a se aproximar. Em pouco tempo, essa sombra foi se transformando e deixando de ser tão sombra, tão defeito assim. O que ela fez foi nada mais que levar Luz à sombra, que levar amor a ela própria, especificamente ao pedacinho do qual desgostava.

Eu passei a olhar para essas minhas sombras e achei ótima a ideia da minha amiga. Fiz uma lista com vários dos meus defeitos e dei nomes a eles. Criei personas às quais eu passei a ver como pequenas partes do todo que sou eu. Nomeei minha persona melancólica, minha persona vingativa, minha persona controladora.

Pode parecer estranho, eu sei, mas conversar com essas personas, como se pessoas reais fossem, me ensinou muito sobre elas e sobre mim mesma. Entendi que, por mais defeitos que eu tenha, eles são apenas parte do todo que sou eu, cheia de qualidades também. Assim como todos nós somos.

Conversar com elas também me ajudou a levar Luz a cada uma. E a entender que alguns defeitos vão demorar mais que outros para eu corrigir, que alguns eu jamais conseguirei, mas posso aprender a conviver com eles e minimizar seus efeitos na minha vida e na de quem me cerca.

Decidi não continuar em estado de cegueira seletiva que me fizesse fechar os olhos para os meus defeitos. Por isso hoje eu consigo mais facilmente trabalha-los e ficar mais atenta aos próximos que surgirão. Sim, não se enganem. Podemos nos livrar de alguns defeitos, de outros não, mas outros ainda virão. Afinal, eu disse que poderia te ensinar uma forma de como corrigir os defeitos que temos, nunca disse que ia ensinar alguém a ser perfeito.

E que fique bem claro que, como falamos de autoconhecimento, auto amor, auto observação, tudo que diz respeito a nós mesmos, defeitos só mudamos os nossos também, tá! Deixa o outro com os dele que a gente não sabe a batalha que cada um já está travando.

E como eu já deixei tarefinha de casa para vocês antes, a qual eu espero que tenham feito e tenham se divertido muito, quero deixar outra aqui: eleja um defeito seu que tem dificuldade de assumir, seja para si ou para o mundo, e dê um nome a ele, converse com ele. Veja onde essa conversa e essa interação podem chegar.

E veja bem, eu estou sugerindo apenas um. Não é tanto esforço assim, vai! Se quiser, pode dividir comigo essa sua escolha. Vou ficar muito honrada em saber. Pode ser o defeito, o nome que deu a ele, ou o que mais quiser.

Deixa nos comentários aqui na página, ou pode ir no meu perfil do Instagram ( @escritora.fernandaguareschi ). Lá eu deixei uma caixinha para responderem nos stories, garanto sigilo absoluto dos donos dos defeitos, ok. Mas corre, que é só pelas primeiras 24 horas da publicação da coluna.

Seja indo no meu perfil, seja escrevendo nos comentários aqui da página, ou respondendo apenas para seus próprios pensamentos, espero que consiga fazer esse exercício e, acima de tudo, que isso te ajude com mais alguns passos nessa jornada que começamos a traçar juntos aqui.

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Gostei bastante da relação entre luz e sombra, polaridades que precisam estar integradas para que possamos nos perceber de forma mais completa.

Um belo texto, reflexivo, leve, provocador…é daqueles que vale à pena guardar para ler de vez em quando.