A algumas horas da eleição mais movimentada de Mossoró, a corrida à Câmara de vereadores, o quadro começa a ganhar sua pintura. A análise que O Potengi se deterá não trará aqui que muitos adoram ver em matérias deste tipo: cravar os nomes dos possíveis eleitos. Há nitidamente candidaturas que estão com cabeças à frente, contudo, há nominatas que têm uma disputa embolada entre seus postulantes.
Antes de se deter exatamente a fazer projeções sobre o quantitativo que cada chapa de vereadores pode fazer, chamamos atenção para alguns dados estatísticos que são importantes para ajudar a embasar o argumento desta matéria.
Veja abaixo uma tabela das abstenções das 3 últimas eleições à Câmara Municipal de Mossoró (CMM):
Eleição | Eleitorado | Comparecimento | % | Abstenção | % |
2012 | 164.975 | 143.852 | 87,20% | 21.123 | 12,80 |
2016 | 167.120 | 144.413 | 86,41 | 22.707 | 13,59 |
2020 | 175.932 | 145.751 | 82,85 | 30.181 | 17,15 |
As abstenções de 2012 e 2016 foram semelhantes, mas em 2020 houve um leve aumento, e o primeiro turno do pleito geral de 2022, quando está em votação cargos legislativos, corrobora para que possivelmente estejamos diante de uma nova tendência do absenteísmo eleitoral dos mossoroenses.
Eleição | Eleitorado | Comparecimento | % | Abstenção | % |
2022 | 183.285 | 150.013 | 81,85 | 33.272 | 18,15 |
Outro dado importante é o quantitativo de votos válidos para as disputas proporcionais nos últimos 3 pleitos à CMM. Confira:
Eleição | Votos válidos | % | Brancos | % | Nulos | % |
2012 | 137.463 | 95,56 | 3.213 | 2,23 | 3.177 | 2,21 |
2016 | 134.846 | 93,38 | 3.390 | 2,35 | 6.177 | 4,28 |
2020 | 135.345 | 92,86 | 2.918 | 2 | 4.854 | 3,33 |
Todos os dados foram colhidos diretamente do site Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e podem ser acessados clicando aqui.
As estatísticas eleitorais dos últimos pleitos a vereança confirmam o que vem sendo apontado por jornalistas e especialistas que acompanham o panorama político-eleitoral de Mossoró, que o quociente eleitoral, a quantidade de votos válidos divididos pelos assentos da CMM, 21, deve ficar em torno de 7 mil sufrágios.
Uma regra importante que começou a valer já na eleição passada de 2022, é a nova regra das sobras eleitorais. Segundo a Lei 14.211/2021, aprovada pelo Congresso Nacional e introduzida no Código Eleitoral, para poder participar da segunda etapa da distribuição das sobras eleitorais, os partidos/federações precisam atingir 80% dos votos do quociente eleitoral, e os candidatos para participarem da distribuição têm que atingir no mínimo 20% do quociente.
A nova regra das sobras, que nada mais é do que uma cláusula de desempenho, foi responsável por fazer com que em 2022 o ex-governador Garibaldi Filho (MDB), 5º mais votado à Câmara dos Deputados no estado, não conseguisse ser eleito porque o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) não atingiu o patamar mínimo do que foi instituído pela Lei 14.211/2021, enquanto Sargento Gonçalves (PL), apenas o 12º mais votado à Câmara, conseguisse ser eleito porque o Partido Liberal (PL) atingiu o patamar mínimo necessário para concorrer a segunda etapa das sobras eleitorais.
Com um quociente que deve rondar os 7 mil votos válidos, 80% do quociente eleitoral equivale há 5.600 votos, e 20% desse quociente corresponde a 1.400 votos. Os partidos/federações de Mossoró que não atingirem os 5.600 votos não estarão aptos a disputarem cadeiras via sobras eleitorais. E mesmo o partido atingindo os 5.600 sufrágios e nenhum candidato conseguindo amealhar 1.400 votos o partido/federação não conseguirá eleger nenhum nome.
A disputa das nominatas à CMM
5 legendas integram a base do prefeito Allyson Bezerra (UB), União Brasil (UB), Partido Social Democrático (PSD), Republicanos (REP), Solidariedade (SDD) e a federação REDE/PSOL, esta última a única que não está formalmente coligada a aliança governista.
No campo da oposição, 6 nominatas lançaram chapas: o Partido Liberal (PL), Avante (AVAN) e Progressistas (PP) pela coligação do ex-vereador Genivan Vale (PL); federação Brasil da Esperança (PT/PV/PCdoB), Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e federação PSDB/CID pela coligação do vereador Lawrence Amorim (PSDB).
As nominatas que não consigam se qualificar para a cláusula de desempenho tenderão a beneficiar chapas mais estruturadas, caso do UB e PSD, e em segundo plano chapas razoavelmente competitivas, como a do SDD. A tendência é que as nominatas governistas, melhor organizadas, tendam a competir melhor pelos assentos que forem ser disputados na segunda fase das sobras eleitorais.
Confira como está o quadro político-eleitoral da competição para as 21 vagas à Câmara Municipal de Mossoró:
- União Brasil – a chapa que amontoou os 14 vereadores governistas tinha perspectivas de fazer 9 assentos no início da campanha. Depois diminuiu para 7. Há uma briga embolada entre os edis e a nominata tende a conquistar 5 cadeiras, com chances de conseguir mais 1. O sonho das 7 vagas se tornou algo distante.
- Partido Social Democrático – chapa que fica devendo pouco ao UB, o PSD, do candidato a vice do prefeito Allyson, Marcos Medeiros, briga para fazer 4 assentos, com possibilidade real de fazer um quinto. É uma das nominatas que podem surpreender no fechamento das urnas. De olho.
- Solidariedade – nominata média razoavelmente competitiva, o SDD deve fazer 2 cadeiras e competir por mais 1. A Sigla tem um histórico eleitoral das urnas mossoroenses à seu favor, chapas com o perfil dos postulantes da agremiação historicamente costumam surpreender na hora da apuração. De olho no SDD.
- Federação REDE/PSOL – a chapa não correspondeu ao longo da corrida como se imaginava, e alguns apontam que pode não eleger ninguém. Os candidatos, todos filiados ao REDE, podem não dar votos suficientes para a federação lutar por uma segunda cadeira, mas ao menos uma vaga é muito provável amealhar.
- Republicanos – chapa que sempre aparece com um nome eleito, ali mesmo no automático, sem ninguém prestar muita atenção na nominata, o REP tem uma das listas à vereança menos competitivas deste pleito. Por ser do arco governista, se aponta que conseguirá eleger ao menos um nome. Com uma lista de candidatos de baixa competição eleitoral, o REP corre por fora e periga ficar sem eleger ninguém.
- Partido Liberal – uma agremiação oposicionista que conseguiu montar uma nominata viável em Mossoró ? Pois bem, o PL é esta nominata. A legenda que foi organizada graças a atuação direta do senador Rogério Marinho (PL), que deu garantias de fundo eleitoral para os candidatos, deve conseguir 2 cadeiras e está na pista para lutar por uma terceira.
- Federação Brasil da Esperança – chapa que pretendia eleger 3 nomes na pré-campanha, a federação capitaneada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) não fechou a lista com o número máximo de candidatos permitidos, 22 nomes, e tende a alcançar 2 cadeiras à Câmara. Nem por uma terceira vaga a federação tem engorda eleitoral para brigar para tanto.
- Movimento Democrático Brasileiro – a lista do MDB, que iniciou a campanha com chances quase nulas de eleger alguém, cresceu durante a reta final e está na briga por 1 assento. Há dúvidas sobre o quanto de votos alguns nomes desta nominata mediana pode entregar. É aguardar o quanto de curva ascendente a nominata vai conseguir manter até o domingo. Se superar as expectativas, pode brigar por uma segunda vaga.
- Federação PSDB/CID – com uma lista de nomes de baixa competição eleitoral, a federação corre por fora. Com a desistência de Lawrence de disputar à reeleição vindo consequentemente a romper com Allyson, a situação da federação ficou delicada.
- Avante – as chances de eleição de um nome são quase nulas. O partido conseguiu montar uma nominata, mas os ex-vereadores que eram apontados como possíveis puxadores de votos estão em visível declínio político, e a legenda não tem candidatos viáveis para entregar votos suficientes para atingir os 5.600 sufrágios para concorrer às sobras.
- Progressistas – a barbada da eleição pertence a sigla da ex-prefeita Rosalba Ciarlini, que não vai eleger ninguém. A ex-prefeita teve enormes dificuldades para arrumar nomes para compor a lista, só conseguindo 11 postulantes. Com baixíssima capilaridade eleitoral, a chapa de uma das principais agremiações da política nacional vai ficar a ver navios nas urnas de Mossoró.
É capaz, como em outras eleições, que emerjam surpresas das urnas não listadas aqui, contudo, o próprio alcance das surpresas se tornou algo limitado. A diminuição dos candidatos pela metade quando comparado ao pleito de 2020, que teve 400 candidaturas, com 200 agora, e o engessamento que a regra das sobras eleitorais trouxe, afastou possíveis postulantes e fez com que poucos partidos lançassem nominatas.
[…] Na última sexta-feira, 04, este Portal divulgou uma projeção do quantitativo de cadeiras que cada nominta poderia fazer para à Câmara Municipal de Mossoró (CMM). Leia a matéria aqui. […]