Mais de 300 crianças e adolescentes de Parnamirim estão em uma fila de espera aguardando atendimento especializado no CAPS I, o Centro de Atenção Psicossocial voltado para o público com idade abaixo de 18 anos. Esses jovens sofrem de transtornos mentais graves e estão desassistidos por causa da falta de estrutura da rede municipal .
Sem o acompanhamento necessário, os jovens têm ficado cada vez mais vulneráveis ao agravamento do quadro de saúde mental. Há casos notificados de crianças e adolescentes com quadros de ansiedade, depressão, automutilação e até tentativa de suicídio. Com o sofrimento psíquico, muitos pacientes acabam indo para prontos-socorros, como a UPA de Nova Esperança.
A situação ocorre em meio ao Setembro Amarelo , campanha nacional que alerta para a prevenção do suicídio e a importância do cuidado com a saúde mental, especialmente de grupos mais vulneráveis como crianças e adolescentes.
A fila de espera está aumentando porque o CAPS I de Parnamirim está com apenas um psiquiatra para atender toda a demanda . O médico trabalha uma vez por semana, quando atende 20 pacientes de uma só vez. As fichas são distribuídas entre pacientes já acompanhados e atendimentos de primeira vez.
Boa parte da demanda também é oriunda do Centro Especializado em Reabilitação (CER), que está sem profissionais como psiquiatras e neuropediatras . Pacientes que deveriam ser atendidos no local procuram o CAPS I, sobrecarregando ainda mais o serviço.
Com isso, a lista de espera iniciou esta semana com 302 pacientes – isso considerando apenas o público infanto-juvenil.
Além disso, os próprios pacientes que já são cadastrados não têm recebido o atendimento adequado. Por falta de profissionais, o CAPS i não realiza as necessárias reuniões periódicas de grupos terapêuticos nem faz estudos de caso . Na prática, os pacientes têm tido apenas renovação de receitas de medicamentos de controle especial.
Estrutura física
O CAPS I Parnamirim funciona em um prédio na Cohabinal. O local tem infraestrutura precária, incompatível com um serviço de assistência a pessoas com transtorno mental , principalmente crianças e adolescentes.
O local tem paredes mofadas , falta de acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, escadas sem proteção, entre outros problemas.
Além disso, pacientes têm reclamado da alimentação servida . Existia uma cozinha no local que preparava as refeições, mas a Secretaria Municipal de Saúde decidiu trocar o serviço pela compra de marmitas em uma empresa privada – que tem entregado comida de má qualidade. Já houve até relatos de alimentação estragada .