O que nos leva a vibrar com um Pablo Marçal lacrando no debate eleitoral, ainda que de uma cidade distante, é aquilo a que chamo de síndrome do palhaço. Após ser tratado por muito tempo como se fôssemos algo que não somos, costuma ocorrer de assumirmos trejeitos do personagem que nos impõem. E está claro que a regra das campanhas eleitorais conduzidas por marqueteiros sem convicções políticas é nos tratar como palhaços.
E é aí que entra o fenômeno Pablo Marçal – ao menos do ponto de vista deste cronista da política. As lacrações de Marçal (palhaçadas, por que não?) nos cativam porque vemos nelas nosso próprio desconforto diante do vazio de ideias e projetos que movem as campanhas eleitorais.
Não é que os candidatos não tenham realmente nenhuma diferença entre si, pois há aquelas raras exceções que representam realmente algo. Trata-se do fato de sermos nivelados todos por baixo a partir de pesquisas superficiais e analistas ainda mais superficiais.
Ao ver um dos nossos (um palhaço) participando do debate e avacalhando aquele circo de roteiro previsível, é tentador vibrarmos com as reviravoltas do Macunaíma de ocasião. Elegê-lo – ainda do ponto de vista limitado deste que escreve – já é algo mais “punk”. Não recomendaria que se chegue a tanto. Mas os eleitores paulistanos, 23% deles segundo o Datafolha, parecem discordar.