O seu degustador de filmes, séries e tudo mais que o audiovisual produz, traz mais uma de suas impressões sobre um filme lançado nos Estados Unidos em 2002, com o ator norte-americano Kevin Kline, que dá vida a William Hundert, um professor de História de uma renomada instituição de ensino especializada na formação de jovens da elite, o Colégio St. Benedict’s. É possível vermos a dedicação e paixão do professor em realizar o seu trabalho, ele acredita de fato que o ensino de História é uma ferramente poderosa para auxiliar na formação do caráter dos seus educandos.
A cada começo de ano letivo, no Colégio St. Benedict’s, o professor explica os objetivos das suas aulas e pede para um dos alunos lê uma plaqueta que está posicionada numa parede da sala. Nessa plaqueta estão os grandes feitos de “Shutruk-Nahunte”. Quando o aluno termina de ler os tais feitos, o professor explana que esses grandiosos feitos só podem ser encontrados naquela plaqueta, porque ao contrário dos bustos dos grandes imperadores que rodeiam a sala, os quais seus feitos foram notáveis, os de “Shutruk-Nahunte” não, uma vez que esse não passava de um egoísta, e que realizara as coisas apenas por objetivos pessoas, sem deixar nenhum legado que pudesse ser importante para História, o colocando no ostracismo.
A leitura da plaqueta sobre “Shutruk-Nahunte” tem muita importância no desenrolar do filme, ao fim do semestre no Colégio St. Benedict’s os três melhores alunos da disciplina de História participam de uma competição chamada “Júlio César”, organizada pelo professor de História. Nessa competição, eles vão, entre si, buscar responder sobre a história clássica greco-romana, objetivando testar quem domina o conteúdo de História. Aquele que ganhar a competição é coroador como imperador, passa a ter sua foto em lugar de destaque na instituição.
Com a chegado do aluno Sedgewick Bell (Emile Hirsch), filho de um senador da república, que desde sua entrada em sala de aula se mostra indisciplinado e sem nenhum interesse no estudo da história, vai colocar em xeque a forma de ensino do professor. O professor enxerga potencial no aluno, mas não sabe como fazê-lo entender a importância do estudo para sua vida.
Ajudado pelo professor William Hundert, que forja a nota de Sedgewick Bell, possibilitando a ele ser um dos três que irão competir, para ver quem sairá coroado como imperador. O professor faz isso acreditando que o aluno mudou e está estudando, porém, durante a competição o professor percebe que Bell está se saindo muito bem, inclusive fica para a pergunta final, porém, o professor consegue perceber o embuste do aluno que na verdade está trapaceando, usando o desprezível recurso da cola. Hundert avisa ao diretor da instituição que irá desclassificar o estudante por isso, mas nessa hora é advertido pela direção que o pai daquele aluno o senador e um dos principais mantenedores do St. Benedict’s, e que o professor deve fazer vista grossa e seguir com a disputa.
Anos irão se passar e o Sedgewick Bell irá propor uma revanche aos colegas sobre disputa do passado, para isso ele convida o velho professor para mediar a disputa ao reunir todos os colegas, Bell revela para eles que quer se candidatar a senador como seu pai, a competição começa e mais uma vez o professor descobre que o Bell esta trapaceando, só que agora usando um teleponto com ajuda de uma estudante universitário. O professor resolve então deixar de lado as perguntas que havia preparado e pergunta quem foi “Shutruk-Nahunte”? O ajudante de Bell não trapaça, não consegue responder, e ele é derrotado. O professor, em um outro momento, tem uma longa conversa com o ex-aluno para, mais uma vez, chamá-lo a razão sobre a importância de uma vida com retidão e ética.
Guardadas as proporções, quem assistiu o filme Sociedade dos Poetas Mortos, e depois for assistir O Clube do Imperador, certamente enxergará alguma semelhança entres os dois. Porém, já advirto, a proposta que os dois buscam passar não é tão parecida.
Minhas impressões sobre o filme é que ele tece uma trama envolvente que nos convida a refletir. O Clube do Imperador” nos apresenta um microcosmo de um colégio interno de elite, onde a disciplina e a honra são pilares da educação. Ética sobre a importância do ensino de história, a paixão pela profissão docente e a complexidade da formação moral dos jovens. O professor Hundert, com sua dedicação incansável, busca transmitir aos alunos a importância dos valores romanos, como a honra e a justiça. A comparação entre a importância do estudo da história e o amor pela profissão de professor é um dos pontos mais relevantes do filme. Hundert demonstra uma paixão genuína por ensinar e acredita que a história pode ser uma ferramenta poderosa para a formação do caráter preparando-os para os desafios da vida adulta. Ao estudar os erros e acertos dos grandes líderes do passado, os alunos podem aprender a tomar decisões éticas e a construir um futuro melhor.
No entanto, o filme também nos mostra que o conhecimento histórico por si só não é suficiente para garantir a formação de pessoas éticas. Sedgewick, apesar de inteligente e culto, demonstra uma profunda falta de caráter. Sua traição ao professor e aos colegas revela que a ética não é algo que se aprende apenas nos livros, mas que é fruto de um processo de formação mais complexa, que envolve a família, a sociedade e a própria personalidade do indivíduo.
A ausência de ética em Sedgewick levanta a questão de até que ponto um professor pode influenciar a formação moral de seus alunos. Hundert, apesar de todos os seus esforços, não consegue mudar a natureza de Sedgewick. Isso não significa que seu trabalho seja em vão, mas sim que a educação é um processo colaborativo, que envolve a família, a escola e a sociedade como um todo.
Em suma, “O Clube do Imperador” é um filme que nos convida a refletir sobre a importância da educação, da ética e da história, nos desafiando a pensar sobre o nosso papel na construção de um mundo mais justo e humano.
Parabéns Claudio
Ótimo texto.