Antigos cenários de lazer hoje dão lugar à falta de investimentos e ao abandono
por Rosinaldo Lobo
Antigamente, quando passávamos pelas praças, ruas e becos de Natal, principalmente no bairro da Cidade Alta, era comum vermos crianças brincando, jogando bola, casais de namorados conversando nos bancos, pessoas fazendo suas caminhadas, famílias e amigos reunidos batendo aquele delicioso papo, bem como senhores da terceira idade reunidos, jogando dama e xadrez no antigo grande ponto, na rua Princesa Isabel com a João Pessoa. Eram costumes típicos de uma cidade do interior.
Os anos passaram e esses hábitos e costumes foram se moldando aos dias atuais. Apesar de alguns deles permanecerem por gerações, aos poucos foram deixando de existir. Aliás, a Cidade Alta estava deixando de ser como a havíamos conhecido.
Com o tempo, o movimento foi diminuindo e a economia da região também. Foram inúmeras as razões que levaram à evasão da região, e delas ficou como consequência o abandono do centro da cidade. E o que já vinha ficando ruim, piorou com a pandemia do Covid-19, fazendo com que mais comércios fechassem suas portas e a cidade fosse cada vez mais abandonada.
Do movimento ao abandono
O antigo e tradicional café Grande Ponto desapareceu; as praças que tanto remeteram ao cenário interiorano deram lugar à sujeira, ao fedor e à escuridão. Hoje, o bairro não é mais um lugar prazeroso para passar as horas e a insegurança tomou conta.
Diante de todos os problemas e temas que envolvem a Cidade Alta, as praças deste bairro chamam nossa atenção.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB), Natal possui cerca de 258 praças. Algumas passaram por melhorias, como é o caso da recém-revitalizada praça Cívica, em Petrópolis. Outras no entanto…
Vejamos o caso das praças André de Albuquerque e João Tibúrcio, ambas na Cidade Alta. Com bancos e pisos quebrados, fios arrancados e expostos ao tempo, os lugares, que um dia foram de brincadeiras e de se dividir risadas, hoje abrigam pessoas em situação de rua (que infelizmente parecem crescer em número e desespero por toda a cidade).
Recentemente, a praça André de Albuquerque passou por uma reforma, mas – mesmo assim – sua atual situação é de depredação. A falta de iluminação e de um ambiente limpo e acolhedor provoca insegurança nos habitantes da área, ao ponto de atividades físicas, como o simples ato de fazer uma caminhada, não serem possíveis.
Assim como essas duas praças do Centro Histórico de Natal, a praça da Cruz da Bica, no Baldo, também se encontra absurdamente esquecida pelo poder público. Para quem não recorda, ambas não só ficam localizadas próximas à prefeitura de Natal, como já foram cartões postais de nossa cidade.
A revitalização do Centro e da Ribeira estão nos planos e discursos dos gestores há décadas. Recentemente, até pudemos ver alguma concretude nas intenções e várias intervenções estão em curso. Contudo, sem maior criatividade e capacidade de inovação, as medidas novamente redundarão inócuas. É preciso reinventar nosso centro, e – para isso – faltam imaginação e coragem a nossos líderes políticos.
legendas
A praça André de Albuquerque Maranhão permanece linda, apesar do abandono e da insegurança. É mais um aparelho público que – bem cuidado – poderia trazer de volta a vida que já pulsou no Centro de Natal.