A noite passou em claro e me vieram à cabeça as teorias do desejo. Desde algum tempo que raciocino sobre os quesitos saciedade e desejo. Acabei elaborando uma teoria baseada no afeto maternal, pois sempre achei esquisito aqueles bebês depositados no fundo das redes a chorar copiosamente sem serem atendidos. Imaginei que muito da subserviência e da passividade do nosso povo tivesse a ver com aquilo.
Pensei então que as campanhas de aleitamento e o dogma “chorou bota no peito” pudessem criar uma geração mais lutadora pelos seus direitos. Aí, aconteceu a surpresa, pois exageraram. Hoje, temos gente esbarrotada de direitos, porém insaciável de desejos, e, assim, frustrada e revoltada. Seria a falta do meio termo?
Então, comecei a ler um pouco sobre o assunto e suas teorias. Segundo Freud, o desejo por algo é a marca psíquica deixada pela vivência de uma satisfação anterior que acalmou uma necessidade, como a fome no bebê. Isso também pode se aplicar aos relacionamentos amorosos. Aquilo que já se teve como experiência positiva tende a ser sempre desejado novamente.
Porém, há outras teorias. Um exemplo é a mimética de Girard, que explica o desejo pela cobiça, pelo mesmo objeto que o outro possui. A pessoa que se abstrai da inveja e da cobiça tem seus desejos baseados apenas nas experiências já vividas por si ou relatadas por outros.
Há ainda os malucos que têm seus desejos movidos por fantasias, pelo imaginário.
E não podemos esquecer dos insaciáveis que também são malucos né?
Refletindo sobre essas ideias, me coloco na primeira categoria, a dos que desejam o já experimentado por mim ou por outrem. E você, onde se vê?